A hora de fazer história, por Pedro Porfírio

Está em nossas mãos derrotar a direita midiática, as viúvas da ditadura, banca nacional e internacional e seus agiotas e parasitas de plantão

Assim como no futebol uma torcida determinada ajuda a definir um placar, o mesmo pode acontecer numa disputa eleitoral. Neste caso, militantes, simpatizantes e eleitores convictos fazem a diferença e produzem resultados que vão além das conjecturas matemáticas.
Pelo rumo que as eleições presidenciais deste ano tomaram, é perfeitamente possível que a mobilização espontânea antecipe a vitória de Dilma Rousseff já no primeiro turno. Essa que seria uma goleada histórica já está nos cálculos dos analistas: com 45% dos votos válidos já declarados, ela dependeria de apenas mais 3% dos eleitores para vencer já no próximo dia 5.

Independente das estimativas numéricas, do carisma de Dilma, do envolvimento apaixonado de Lula na campanha e dos desejos de mudança para frente que só ela inspira, há um cenário igualmente determinante: a direita e as articulações do retrocesso estão desesperadamente mais perdidos do que cego em tiroteio.

Hoje, ninguém pode dizer em qual dos opositores esses valhacoutos reacionários vão apostar suas últimas fichas. O contrato inicial era com Aécio Neves, que entrou de mala cheia na campanha, ao ponto de levar o PMDB fluminense a uma traição abominável, que não respeitou sequer as ziquiziras entre o prefeito Eduardo Paes e seu desafeto visceral de hoje, Cesar Maia, levado a uma humilhante derrota pelos pés adorados de um jogador de futebol.
Marina, que embiocou na disputa pela porta dos fundos, depois de um nebuloso acidente aéreo, considerava-se a própria providência divina, com a celestial ajuda de dois poderosos anjos da guarda – a herdeira do Itaú e o dono da Natura.
Quando ela surgiu das nuvens carregava ares de uma enviada de Deus. Em uma semana, já tinha passado para trás o arrogante Aécio Neves, desmantelando a nave tucana, que entrou em parafuso e quase leva a uma decisão trágica: metade dos prestadores de serviço de sua candidatura propunha sua desistência, para garantir a derrota de Dilma já no primeiro turno.

Às primeiras procelas, sua nave anfíbia foi a pique. Pega na mentira e no repicar do desdizer-se a toda hora, foi se desmilinguindo em marcha à ré, com o que acabou revelando a natureza dos seus desvios de caráter e dos compromissos íntimos, tratados entre quatro paredes, mas difícil de manter a sete chaves. Viu-se então que ela estava na mão da banca insaciável e que bem poderia trocar seu sobrenome de Silva para Setúbal.

A casa caiu na sua cabeça e dos seus patrocinadores, levando a uma tresloucada dúvida shakespeariana: o ser ou não ser agora tem o relógio contra si e uma trágica constatação: nem a vociferação raivosa de Aécio, nem a simulada candura de Marina pegam mais. O movimento das tendências é ascendente para Dilma e isso não é adivinhação de horóscopo.

Mas a máquina mortífera dos poderosos interesses das elites recalcitrantes não vai se render. Como uma metralhadora giratória vai atirar para todos os lados, servindo-se de qualquer factóide para tirar de Dilma o que não pode acrescentar aos dois desvairados prepostos, que correm desesperados, cada um por si, em busca de um lugar numa eventual segunda rodada.

O projeto da direita é levar a eleição para o segundo turno, como parecia inevitável, e aí redobrar o arsenal, com os canhões da mídia amiga, que vai cair na maior depressão se Dilma for reeleita com toda a simbologia histórica que isso representa e a cristalização de uma proposta de mudança de verdade.
Há ainda um outro dado significativo: a ação orquestrada da direita está levando milhões de não militantes, de simpatizantes de outras siglas, das esquerdas e adjacências, a reunirem-se em torno de Dilma, que é o grande legado histórico de uma geração que sacrificou sua juventude para derrubar a ditadura. Até mesmo os dirigentes autênticos do PSB estão convencidos de que o partido está acolhendo uma quinta coluna que poderá detoná-lo sob o comando de quem nunca teve a ver com suas bandeiras.




Imagino que a esta altura milhões de multiplicadores estão batendo de porta em porta na grande mobilização popular para garantir essa decisão definitiva já no primeiro turno: se ela acontecer, terá prevalecido a sabedoria do povo e a lucidez de todos os que desejam os avanços que terão a incontestável legitimidade de uma vitória de lapada.

Teremos reeditada assim a união do povo e das correntes progressistas em duas lutas inesquecíveis: na resistência à ditadura e nas manifestações pelas diretas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário