O inquérito sobre a Petrobras ameça repetir em detalhes a história da AP 470, que muitas pessoas chamam de mensalão.
Estou falando de uma operação política midiática, de duvidosa consistência jurídica mas conhecido efeito político. Não sabemos o que se diz na delação premiada do ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Yousseff.
Mas sabemos claramente quais prejuízos podem ser causados pela divulgação seletiva de dados na reta final da campanha presidencial.
Foi o que aconteceu na AP 470. A opção em enquadrar e acusar parlamentares ligados ao Partido dos Trabalhadores e ao governo Lula atropelou a denúncia sobre o mensalão mineiro, que chegou com antecedência no Supremo Tribunal Federal, ainda em 2005, com base numa detalhada investigação do Ministério Público de Minas Gerais. Mas ficou na gaveta, enquanto Joaquim Barbosa comandava a AP 470.
A denúncia sobre o PT foi apresentada em 2006, aceita em 2007 e julgada em 2012, com as consequências que todos conhecemos. Até as penas foram agravadas, artificialmente, para garantir condenações em regime fechado.
A primeira instância do julgamento do mensalão PSDB-MG não terminou até hoje. Ninguém sabe quando isso irá acontecer. Quando isso acontecer, haverá uma segunda instância, que foi negada aos acusados da AP 470.
Em 2014, rumores insistentes dizem que o envolvimento de partidos e de políticos é mais amplo do que tem sido divulgado até aqui. Conforme advogados próximas ao caso, não só o PSB está envolvido, mas o PSDB também.
A presença dos socialistas era admitida nas primeiras reportagens sobre o caso, em função até da usina Abreu e Lima, em Pernambuco, o Estado de Eduardo Campos, onde Paulo Roberto Campos atuava com desenvoltura. A presença do PSDB nunca foi mencionada publicamente mas estaria ligada a CPI da Petrobras de 2009. Instalada com o estardalhaço de sempre, ela foi esvaziada a partir do pagamento de propinas do esquema em atividade na estatal, que ajudaram a dobrar o ímpeto inicial demonstrado por determinados parlamentares tucanos.
Verdade, mentira?
Ninguém sabe ao certo. Mas a divulgação seletiva da investigação conduzida pelo juiz Sergio Moro permite adivinhar desdobramentos políticas e orientar prejuízos eleitorais com alvos escolhidos e bem definidos.
Quando o eleitor conhecer a verdade, toda a verdade, pode ser tarde demais.
Alguma dúvida?
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