Algo mudou, por Sergio Saraiva

É hora de examinarmos a espuma


O golpe não prosperou por vários motivos ainda a ser racionalizados.
Mas alguns são claros:
1 - a força da internet que identificou a tentativa no seu nascedouro e a denunciou. E dentro dessa força, Luis Nassif, que decodificou-o passo a passo e com antecedência. Com isso, fazendo que cada etapa do golpe o confirmasse como tal. O que impressiona é essa força, pois na mídia tradicional nada se viu que justificasse Gilmar Mendes passar recibo.
2 - a tibieza das forças de apoio ao golpe. Viúvas de Carlos Lacerda que ficaram, sábado passado, esperando Godot.
3 - a impertinência de um impeachment.
4 - a recusa de outros órgãos de fiscalização (Banco Central, TCU e Receita Federal) em colaborar com o golpe. Sobrou para a Folha levantar ilações sobre ilegalidades atribuídas a empresas doadoras. As matérias de hoje nesse jornal sobre a aprovação das contas são puro muxoxô.
5 - a postura desassombrada do vice-procurador geral eleitoral Eugênio Aragão.
Especificamente sobre Aragão, comentei ontem no blog:
"


Amor antigo
 - Não foi na impressa, foi no site [o direito de resposta concedido pelo TSE ao PT contra a Veja]. A Veja tripudiou sobre o TSE e não publicou a resposta, publicou um link para a resposta e um artigo criticando o tribunal. Doutor Aragão não teve dúvida, mandou uma multa de R$ 500 mil por hora de atraso na publicação do direito de resposta. Gilmar Mendes não estava de plantão, a Veja teve de publicar.
Depois, Gilmar criticou Aragão sem citar seu nome. Insinuou que Aragão não entendia da legislação que aplicara. A resposta veio agora".
E, agora, que as ondas já se chocaram contra o rochedo. Está na hora de examinarmos a espuma.
Porque algo mudou.