O que leva alguém a escrever? Por que e para que as pessoas passam cada vez mais tempo escrevendo, em vez de ler bons livros, e se informar melhor, antes de emitir suas opiniões?Acho que os brasileiros nunca escreveram tanto como agora e, no entanto, as comunicações humanas nunca foram tão pobres e estéreis, como se pode notar nos comentários que circulam nas diferentes plataformas das redes (anti)sociais.Qualquer coisa que aconteça, das grandes tragédias à compra de um pijama novo, milhões de pessoas estão neste momento digitando para serem lidas por outros milhões de pessoas. Parece que todo mundo se sente obrigado a dizer o que pensa sobre todos os assuntos e contar as novidades da sua vida pessoal, sem se perguntar se tem alguém interessado em saber.Para mim, escrever sempre foi, acima de tudo, um ato de fé, além de meu ganha-pão, desde os tempos da velha da máquina de escrever, do papel e do telégrafo: denunciar o que está errado para ser consertado e louvar o que bem merece para servir de inspiração. Se você não acreditar nisso, que as palavras podem contribuir para melhorar o mundo em que vivemos, melhor nem começar a escrever. Devem existir outras formas de ocupar o vazio do seu tempo.As palavras não foram feitas para alimentar a guerra, mas para construir a paz. A informação deve ser usada em defesa da vida, não como instrumento de morte. Quem só consegue ver inimigos nos que pensam de forma diferente, estimulando o ódio e o conflito, faz mal a si mesmo.É preciso ter algo para dizer que possa ser útil para a vida dos outros, seja informando ou refletindo sobre o que está acontecendo. Esta é, afinal, a função do jornalista profissional, que é pago para fazer isso, mas deveria ser também a motivação de todos os que passam boa parte de suas vidas juntando letras e palavras, seja qual for o meio e a finalidade.
Não jogue palavras fora, foi um dos primeiros conselhos que recebi do padre José, meu professor de português no ginásio, que reclamava das minhas redações muito longas. Escrever é cortar palavras, já nem me lembro onde li este sábio ensinamento.Tenho alguma coisa proveitosa a acrescentar ao que os meus colegas já escreveram nos jornais e portais que leio todas as manhãs? Se não, melhor é buscar outros temas, não necessariamente os que estão nas manchetes. Como me habituei a escrever quase todos os dias do ano, quando não atualizo o blog, como aconteceu neste feriadão no sítio (meu laptop pifou de novo), fico frustrado, sinto falta. Gosto de acompanhar a reação dos leitores, estabelecer um diálogo permanente com eles.De uns tempos para cá, porém, confesso que dá um certo desânimo ler alguns comentários enviados para o Balaio. Moderá-los já foi por bastante tempo um prazer; hoje, isso apenas faz parte do meu compromisso com os leitores e o cumpro com resignação. São muito repetitivos, sempre o mesmo bate-boca entre "coxinhas" e "petralhas", que já encheu o saco de todo mundo.Para vocês terem uma ideia, tem dois psicopatas, em campos opostos, que continuam escrevendo todos os dias, mesmo sabendo que seus comentários não serão lidos por ninguém, já que sumariamente os deleto. Um me acusa de ser perigoso comunista do PT; outro, de ter me vendido para os tucanos. Quer dizer, segundo estes cachorros loucos, sou um comuno-tucano... O pior é que eles vão ficando cada vez mais agressivos, e chegam a fazer ameaças, mas não pretendo, por conta disso, fechar a área de comentários, como já fizeram muitos amigos blogueiros.Seria o mesmo que os parisienses jogarem a toalha para os terroristas e deixarem de ir ao bar da esquina.Só não posso perder a fé, pois, além de tudo, sou são-paulino...
no R 7
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