Esporte bretão
Juiz, bandeirinhas, tapetão, decidindo o jogo, por João Sucata
O primeiro gol do Corinthians contra o Linense foi visivelmente impedido. O bandeirinha se mancou e o juiz deve ter engolido o apito. No Barcelona x Villa Real, o pênalti em Neymar não existiu. Nada mais detestável, até para um corintiano mais maduro, equilibrado, que sabe que tem time para ganhar sem juiz e bandeirinha, ou que se não tem, que se for justo seu time deve perder e então arrumar a casa. Felizmente, de fato, o placar mostrou que a ajudazinha ao Corinthians não era necessária, 4 x 1 contra o Linense, mas quase atrapalhou a festa. No caso do Barcelona, a ajuda do juiz foi decisiva, 2 x 2.
Infelizmente o episódio tem sido mais raro. Antigamente eram comuns os esquemas para favorecer times grandes na CBF. O futebol deve ser decidido no campo (como a política atual deveria ser resolvida com respeito às instituições dos três poderes), entre jogadores dos dois times, torcida nos seus respectivos lugares, respeitando-se. No entanto, não faltam histórias de vícios no esporte bretão, e eles são revoltantes. O torcedor faz sua parte para apoiar seu time, tenta jogar com ele, os craques se esforçam, jogam o jogo, mas quando menos se espera um jogador do time adversário se joga na área e o juiz apita pênalti.
Tem coisa mais revoltante? Mas acontece cada dez ou vinte anos.
Claro, o time prejudicado vai logo por cima do juiz e ele, alegando indisciplina, expulsa um de seus jogadores, um que, aliás, nem estava no protesto e era seu melhor astro, o meia, que ligava defesa ao ataque, a esperança de vencer as dificuldades e conquistar o campeonato.
Se é o juiz favorece o time com torcida maior, os locutores dizem que a autoridade do juiz foi desafiada e ele a usou para manter a ordem. A policia está lá para impedir invasão. Que se vai fazer, além de vaiar?
O inesperado acontece, o batedor do pênalti chuta fora. O jogo é retomado. O time prejudicado, entusiasmado, avança , o meia lança o centroavante, que por sua vez passa por dois adversários e marca gol. Os jogadores comemoram mas o bandeirinha está com o pau levantado, aponta impedimento que o juiz, sem vacilar, confirma. Os jogadores desta vez nem se aproximam, assim mesmo o árbitro levanta o cartão amarelo para o centro avante. O centro avante diz que apenas comemorou o gol. O juiz diz que ele o está desrespeitando o expulsa de campo.
O jogo continua, na mesma toada, difícil, um time privilegiado, o outro com nove jogadores lutando como leão (lembra seu time?), E não é que no último minuto o quarto zagueiro do prejudicado chuta do meio de campo e o goleiro adversário aceita...O juiz vacila, como anular o gol? Não dá, o time destinado a perder ganhou, a torcida eufórica festeja pela cidade.
No dia seguinte o time perdedor entra com recurso. No tribunal esportivo, todos solenemente vestidos de togas, pisa-se sobre um grosso e fofo tapetão. Os jornais ajudando na pressão a favor do recurso. O advogado do perdedor diz que cinco anos antes o jogador que marcou o gol não pagou a taxa de inscrição na federação corretamente, eram R$ 180,00 e ele pagou R$ 178.00. O advogado do time vencedor mostra o recibo de R$ 2,00 pago posteriormente, mas um juiz do Tribunal diz que o recibo de R$ 2,00 foi pago fora do prazo. O advogado de defesa diz que foi no prazo, mostra a data, o regulamento. O Tribunal diz que ele não tem prova, anula o resultado, declara vencedor o time que perdeu. Sua torcida devia estar chocha, mas torcida é torcida e comemora.
João sucata
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