O mundo com os olhos voltados para o Brasil e sua democracia ameaçada...


Sérgio Moro ao interceptar e divulgar as conversas da Presidente Dilma, cometeu um grande erro, erro este que a cada dia se evidencia com mais força,  e acabou por catalizar a reação de diversos setores que até então estavam retirados da cena politica nacional, intelectuais, professores, estudantes, artistas, advogados..,e, principalmente, da opinião pública internacional.

Ciente de que a grande imprensa o respaldaria e que este fato desgastaria o governo Dilma e o ex-presidente Lula (através das versões da imprensa, uma vez que o conteúdo é juridicamente irrelevante), o que de fato ocorreu. Moro, em sua ânsia persecutória,  cometeu um grande erro de estratégia.

É que, em nenhum lugar do mundo, se concebe que o governante maior seja espionado e tenha suas conversas divulgadas de acordo com a vontade do interceptador (no caso, um juiz de primeira instância).

O mundo amanheceu perplexo, até mesmo o Ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, famoso por sua conhecida militância contra o governo, num primeiro momento não acreditou que isto tivesse acontecido... Sintomático, no entanto,  é que depois que soube ser verdade, apesar de num primeiro momento, perplexo, ter se calado, logo a seguir demonstrou toda sua contrariedade:

Marco Aurélio Mello: Ele não é o único juiz do país e deve atuar como todo juiz. Agora, houve essa divulgação por terceiros de sigilo telefônico. Isso é crime, está na lei. Ele simplesmente deixou de lado a lei. Isso está escancarado e foi objeto, inclusive, de reportagem no exterior. Não se avança culturalmente, atropelando a ordem jurídica, principalmente a constitucional. O avanço pressupõe a observância irrestrita do que está escrito na lei de regência da matéria. Dizer que interessa ao público em geral conhecer o teor de gravações sigilosas não se sustenta. O público também está submetido à legislação. (http://www.sul21.com.br/jornal/moro-simplesmente-deixou-de-lado-a-lei-is...)...

Sergio Moro, não contava neste caso com o repúdio da imprensa mundial - e das consequências disso -, a qual, se tinha alguma dúvida de que as manobras politicas eram orquestradas por forças com vistas a aplicar um golpe de Estado no Brasil, neste momento, deixou de ter.


Se antes estas ações eram ainda vistas como fruto da correlação de forças políticas em confronto, era porque ainda não se haviam apontado elementos incontestes que indicassem  a existência de tal movimento antidemocrático, isto em razão da blindagem patrocinada pela grande imprensa brasileira, mas, a partir deste momento, por impositivo, houve o reconhecimento acerca da efetiva existência destas articulações golpistas.
É que, a brutalidade e antijuridicidade da interceptação de comunicações da Presidente da República, ocorrendo de um regime democrático, tem um apelo por demais forte no imaginário político internacional, o que não deixa margem para segundas interpretações, por mais elaboradas que sejam.

Assim, eis que, de repente, são interceptadas as comunicações da Presidente do Brasil e, justamente pelo Juiz que esta sendo acusado como sendo instrumento de tais manobras golpistas.
E, tudo isso, ocorrendo sob o apoio velado da imprensa (tida como o maior partido de oposição), que usa dos mais diversos subterfúgios para justificar tal ato.

Ocorre que, repito, este fato, violação do sigilo das comunicações da Presidente Dilma, não se presta a interpretações outras, ele por si só revela mais que qualquer análise politica, e, o mais interessante, mostra a verdadeira cara da imprensa e das forças políticas que estão articulando a quebra da normalidade democrática.

Então, dentro deste contexto, acontece o impensável (para eles, que não vem nada além do seu umbigo), a imprensa mundial, atônita, passa a ter seus olhos voltados para o Brasil e, ciente de ter sido vilmente enganada, passa a ver claramente a tentativa de golpe contra a democracia e reage, ainda de forma tímida, enviando seus correspondentes ao Brasil.

Um deles, o jornalista e advogado norte-americano  Glenn Greenwald, em reportagem, expressa todo este panorama, e a reversão do foco da mídia mundial, frente as contradições flagrantes entre a versão da imprensa brasileira e os fatos, imponderáveis sob qualquer ótica, em um país que seja efetivamente democrático.

AS MÚLTIPLAS E IMPRESSIONANTES crises que assombram o Brasil agora atraem substancialmente a atenção da mídia internacional. O que é compreensível, já que o Brasil é o quinto país mais populoso do mundo e a oitava economia do mundo. Sua segunda maior cidade, o Rio de Janeiro, é a sede das Olimpíadas deste ano. Porém, boa parte dessa cobertura internacional é repetidora do discurso que vem das fontes midiáticas homogeneizadas, antidemocráticas e mantidas por oligarquias no Brasil e, como tal, essa informação é enviesada, pouco precisa e incompleta, especialmente quando vem daqueles profissionais com pouca familiaridade com o país (mas há vários repórteres internacionais que trabalham no Brasil fazendo um ótimo trabalho).
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O esforço para remover Dilma e seu partido do poder lembram mais uma clara luta antidemocrática por poder do que um movimento genuíno contra a corrupção. E pior, foi armado, projetado e alimentado por várias forças que estão enfiadas até o pescoço em escândalos políticos, e que representam os interesses dos mais ricos e mais poderosos segmentos sociais e sua frustração pela falta de habilidade em derrotar o PT democraticamente.

Em outras palavras, tudo isso parece historicamente familiar, particularmente para a América Latina, onde governos de esquerda democraticamente eleitos tem sido repetidamente removidos do poder por meios não legais ou democráticos. De muitas maneiras, o PT e Dilma não são vítimas que despertam simpatia. Grandes segmentos da população estão genuinamente irritados com ambos por várias razões legítimas. Mas os pecados deles não justificam os pecados dos seus antigos inimigos políticos, e certamente não tornam a subversão da democracia brasileira algo a ser celebrado.(https://theintercept.com/2016/03/18/o-brasil-esta-sendo-engolido-pela-corrupcao-da-classe-dominante-e-por-uma-perigosa-subversao-da-democracia/)
Agora, os olhos do mundo estão voltados para o Brasil, e estes liberais de plantão que diziam ser democráticos, se vem emparedados frente a realidade fascista das ideias que eles estavam a apoiar, não há mais margem para omissões, e suas posições de neutralidade passam a ser vistas como elas verdadeiramente são, ou seja,  francamente golpistas.

A medida da importância impactante de tais atos, pode ser aferida pela superveniente  manifestação intensa da intelectualidade brasileira, a qual, ate então, estava relativamente afastada dos acontecimentos.

A partir desta ocorrência, foram forçados a tomarem posições concretas, e desta forma, a partir de então, começamos a ver, novamente, personalidades importantes da vida nacional, advogados, juristas, escritores, atores, intervindo, de forma incisiva, contra esta onda conservadora e antidemocrática.
Nesta mesma linha, reação sintomática, decorrente da repercussão de tais fatos são as manifestações de brasileiros em várias cidades do mundo em apoio a democracia.
Sérgio Moro, com seu gesto tresloucado, rompeu o bloqueio midiático realizado pela imprensa brasileira.

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