A democracia assim como o corpo humano tem mecanismos de defesa contra infecções, agressões, falhas de órgãos, situações extremas. Comparo a situação atual e dos últimos anos de nossa democracia com a de um paciente com falência múltipla de órgãos. Nem o Executivo, nem o Judiciário, muito menos o Legislativo estão conseguindo defender a democracia. No caso do Legislativo, ele está agindo até como elemento agressor. A bipolaridade do Judiciário é outro fator de instabilidade. De um lado (e só desse lado) hiperativo e ultrapassando os limites da lei e do razoável. Do outro, é de uma passividade que beira a conivência e a irresponsabilidade. O Executivo, em parte pelo cerceamento provocado pelo Legislativo e Judiciário apresentou-se abúlico (por favor não me falem em Republicanismo, isso é outra coisa) durante anos, abrindo ainda mais espaço para as agressões à democracia. Para completar o quadro, o 4º. poder, a mídia hegemônica impede que a maioria se informe de forma equilibrada e pluralista. Pelo contrário, criou um país midiotizado, com baixa autoestima e intolerante.
Temos, então, uma situação de impasse. Não vai ser com medidas "impopulares" de um grupo golpista sem respaldo popular que vamos sair dessa falência generalizada de órgãos. Isso pode parar totalmente um país que já está em marcha lenta, com consequências imprevisíveis. Essas consequências podem gerar até uma caça aos políticos como aconteceu na Argentina pós-Menem. Tampouco com tentativas de Dilma de se contrapor a um Congresso hostil, majoritário e agressor da democracia. Pode ser que se o Lula assumir um papel bem especial no governo as coisas mudem. Ele tem capacidade política e carisma para tentar mudar o jogo. Sem Lula, vai ficar quase impossível. Os golpistas vão caçá-lo ainda mais para evitar que ele mude o jogo. Na votação funesta de 17 de abril, a maioria do Congresso já deixou claro que é despreparada, provinciana, corrupta e incapaz de perceber a seriedade do momento. Talvez prefiram deixar a democracia morrer a pagarem por seus crimes.
O Judiciário, através do STF, poderia fornecer anticorpos contra essa doença, mas parece preferir a postura de avestruz e a falência generalizada da democracia, alegando a independência dos poderes. Mas quem o Congresso representa com Cunha e seus apaniguados? Vai deixar o Cunha estabelecer uma cleptocracia? No poder ele, seus golden boys e Temer podem até mesmo criar leis que retirem poder do Judiciário. Se não agirem logo, podem perder o bonde.
por TamosainoGGN
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