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A farra das palestras




Núcleo duro da lava jato estrelará evento milionário de corretora, por Miguel Enriquez 

A chegada da primavera será comemorada com mais algumas dezenas de milhares reais nas contas bancárias do núcleo duro da Lava Jato. 
Donos de holerites que costumam extrapolar o teto constitucional graças a penduricalhos como o auxílio moradia de R$ 4.800,00 mensais, os procuradores  Deltan Dallagnol, Carlos Fernando Santos Lima, Roberto Pozzobon e Diogo Castor estão entre as estrelas principais do Expert XP 2018, promovido pela corretora XP Investimentos, nos dias 21 e 22 de setembro, em São Paulo.
Criado em 2011, o Expert XP é apresentado como o maior evento de investimentos da América Latina. 
 
Além dos lavajatistas do Ministério Público do Paraná, participarão nomes como o ministro do STF Luis Roberto Barroso, o invertidor Luiz Barsi, o publicitário Roberto Justos e o navegador Amyr Klink, entre outros. 
Palestrantes ligados a Lava Jato estarão no evento Expert XP da XP Investimentos. Foto: Reprodução
Há dois tipos de ingressos à disposição dos interessados: o mais barato, tipo básico, custa R$ 1 400; o Vip, que dá direito a um lounge exclusivo, check in rápido e assentos numa área reservada em frente ao palco, sai por R$ 1 800.
Caso repita o recorde de público de 10 mil participantes do ano passado, a renda auferida deverá superar com facilidade a casa dos R$ 14 milhões, dinheiro para ninguém colocar defeito, mesmo no caso da XP, apontada como a maior corretora do Brasil.
São esses recursos, engordados pelo patrocínio de instituições como Icatu, Prudential, SulAmérica, Banco Original, Crédit Suisse e J.P.Morgan, que bancarão os cachês dos palestrantes e debatedores. Dallagnol, Santos Lima, Pozzobon e Castor participarão de um momento todo seu batizado de Painel Lava Jato. 
A participação em eventos dessa natureza tem se provado uma fabulosa fonte complementar de renda para Dallagnol e companhia. 
Somente em 2016, por exemplo, o procurador DD reconhece ter recebido nada menos de R$ 219 mil e é possível que a renda do ano passado tenha chegado a valores semelhantes.
Questionado sobre a legalidade dessa prática pelos deputados Paulo Pimenta e Wadih Damous, o Conselho Nacional do Ministério Público não viu nenhum ilícito e arquivou a representação. 
No que foi apoiado incondicionalmente pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), presidida por José Robalinho Cavalcanti, interessadíssima, por sinal, nesse desfecho. 
No caso dos R$ 219 mil recebidos pelas palestras de 2016, Dallagnol, questionado pela imprensa, comprovou ter doado a quantia integralmente ao hospital Erasto Gaertner, de Curitiba, especializado em câncer infantil.  
Já para as de 2017, que incluiu uma participação no Expert XP daquele ano, o chefe da força tarefa foi menos preciso. 
Disse apenas que os recursos seriam destinados a “um fundo que será empregado em despesas ou custos decorrentes da atuação de servidores públicos em operações de combate à corrupção, tal como a Operação Lava Jato, para o custeio de iniciativas contra a corrupção e a impunidade, ou ainda para iniciativas que objetivam promover, em geral, a cidadania e a ética.”
A razão para não revelar os nomes e os valores recebidos nas palestras, de acordo com Dallagnol, é o acordo de confidencialidade firmado com os patrocinadores. “Não posso expor o contratante”, afirmou.
Cláusula um tanto estranha, já que as apresentações são públicas e, presume-se, os assuntos nelas tratados são altamente republicanos.  
Na época, essa alegação causou estranheza até no presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, OAB, Cláudio Lamachia. 
Lamachia cobrou do procurador quem são os contratantes e quanto recebeu por cada uma das palestras. “A sociedade tem o direito de saber quem são e quanto ele recebe por elas”, afirmou Lamachia. “O princípio da transparência vale para todos os servidores públicos.” 
Em vão.
Além da discutível legalidade das palestras remuneradas –a  benção do CNPR lembra o que os romanos chamavam de “Cicero pro Domo Sua” para definir quando alguém toma uma decisão em seu favor ou de seus amigos –, há um aspecto notável nesse tipo de atividade extra funcional.
Onde é que essa gente arruma tanto tempo para perambular pelo Brasil afora em defesa de suas ideias e à cata de uns cobres para reforçar o orçamento familiar? 
Afinal, um número expressivo dessas palestras exige deslocamento para cidades distantes da base de Curitiba. 
Manaus, Cuiabá, Campos do Jordão, Chapecó, Porto Alegre e São Paulo são apenas algumas delas.  
As horas e dias não trabalhados são descontados? Os procuradores recebem diárias quando se deslocam para fora de sua base nesse tipo de missão?

A gente só queria entender.
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Palestras feitas por investigados na farsa jato são propinas para estes quadrilheiros citados acima. Corja!
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