O blog do Briguilino reproduz o excelente artigo do internauta Joaquim Xavier, colUnista exclusivo do Conversa Afiada, blog do jornalista Paulo Henrique Amorim. Confira abaixo:
O Brasil está a cerca de 70 dias de uma eleição presidencial. Quem já viveu o bastante provavelmente nunca viu um cenário como este: o presidente do povo, é o que dizem mesmo as pesquisas de todos os quadrantes, está numa solitária. Do lado de fora, personagens à esquerda e à direita se engalfinham para ver quem fica com os despojos de Lula.
A eleição de outubro (se houver) não é um problema nacional apenas. O Brasil é peça chave no contexto em que o imperialismo americano e seus satélites confrontam inimigos mundo afora disputando o butim baseado na exploração do mundo do trabalho. Fale-se o que quiser de Donald Trump –assunto é que não falta. Mas o fato é que ele está fazendo o serviço para o qual foi escalado. Garantir e ampliar, a ferro e fogo, a supremacia sobre recursos mundiais do qual depende a sobrevivência de um sistema movido pela especulação financeira.
A guerra comercial contra a China é a face mais visível do embate. Não que a China seja um exemplo de libertação dos povos. Mas pelas suas próprias contradições, o capitalismo em decomposição produz efeitos imprevisíveis. A China é a maior detentora de títulos financeiros americanos. Se decidir negociá-los de acordo com seus interesses, é o mercado de Trump e seus algozes que treme nas bases.
Existe uma disputa mundial a dirigir cada movimento no planeta. Pensar que o Brasil está fora disso, reduzir a eleição presidencial de outubro a um assunto doméstico não é apenas ingenuidade. É fazer o jogo do inimigo.
São mais do que expressivas as provas de que a Lava Jato foi tramada em Washington. Sérgio Moro, esta excrescência grotesca ungida a imperador do “direito” pela elite e mídia tupiniquins, nem se dá ao trabalho de esconder o vínculo. Sua agenda de turismo pelo exterior, assim como a de seus apaniguados, fala por si só.
A mídia local, então... Chegamos ao cúmulo de ver manchetes, como a do “Estadão de Washington”, localmente fantasiado de “ São Paulo”, afirmar que as eleições ameaçam a Lava Jato. Quem “elegeu” a Lava Jato? A Casa Grande e a Casa Branca podem responder.
E aí a lupa se fecha sobre o Brasil. Derrubar Dilma e tirar Lula do páreo sempre foram questões de honra dentro desta estratégia. Ela tem sido seguida à risca, e seus objetivos saltam aos olhos mesmo de um Stevie Wonder.
O Brasil vem sendo saqueado: Petrobras, pré-sal, Eletrobrás, hidrelétricas, Embraer, força de trabalho reduzida à semi-escravidão. Estamos prestes a retornar à condição de colônia de fato e de direito, engolindo humilhações como a imposta pelo vice-presidente-americano ao vice-brasileiro transformado em “presidente” a bordo de uma quartelada judiciária-política-midiática.
Então chegamos ao ponto: quem representa a resistência a tudo isto? Com todo o respeito a acadêmicos de escol, qualquer zelador, balconista, operário sabe muito bem: o ex-presidente Lula. Chega a ser impressionante que, após mais de cem dias preso, banido pela grande mídia senão quando se trata de notícias desfavoráveis, encerrado numa masmorra, é impressionante que Lula não só mantenha, como amplie, sua preferência em qualquer pesquisa eleitoral. Sua dianteira cresce até nos estratos tradicionalmente refratários ao seu nome, como mostrou a última pesquisa Vox Populi.
Ah, mas o número de indecisos ou sem preferência ainda é alto. 60%. Mas alguém esperava o contrário diante do fogo cerrado aberto pela mídia oligopolista, que hora após hora diz que Lula é proibido de ser candidato? Desculpem os apaixonados pela internet, mas a TV e o rádio no Brasil ainda são um poder longe de ignorar. E todos sabemos quem domina esses tentáculos.
Lula é o preferido não por que queira ser. É porque o povo quer que ele seja. Essa é a chave. Por isso soam como descabidas, mas sobretudo impatrióticas, atitudes de personagens respeitáveis como Ciro Gomes. Já falou de tudo. Até que é antagonista à Lula, ao pedir gorjetas a setores do baronato da mídia que "pensam como ele, Ciro Gomes"; correndo atrás do que há de mais podre na política nacional por segundos de TV ao suplicar apoio ao direitão e ser... rejeitado!
A estratégia de Lula de se manter candidato até as últimas consequências é coerente com sua história e com o fato principal: é um inocente lançado às grades por motivos políticos.
Que os carrascos arquem com o ônus de tentar impedir que o povo decida seu futuro de modo soberano e democrático.
E caso os golpistas consigam tramar mais um golpe dentro dos vários golpes vistos até aqui, é ele, Lula, quem decidirá a eleição (se houver).
Só néscios podem achar que o ex-presidente não tem alternativas na cabeça.
Precedentes é que não faltam: “Cámpora no governo, Perón no poder”.
Joaquim Xavier
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