Não foi um bom dia para o Planalto. O discurso do presidente Jair Bolsonaro no Fórum de Davos frustrou as expectativas que haviam sido jogadas lá em cima pelo mercado e pela mídia (quem mandou?). Foi considerado curto e raso. Curiosamente, porém, este foi o menor problema. Por aqui, a temperatura do caso Queiroz — que está virando caso Flávio — voltou a subir com a revelação de que a mãe e a mulher de um ex-PM acusado de chefiar forças da milícia ilegal do Rio trabalharam no gabinete de Flávio, o filho 01 de Bolsonaro. A crise subiu de patamar.
Nunca antes na história desse país viu-se desgaste semelhante no entorno presidencial apenas 22 dias depois da posse. Ainda que a ala militar do governo venha a ser bem sucedida na estratégia de isolar o presidente e o governo dos vazamentos e revelações que aparecem diariamente, colocando Flávio em situação cada vez mais vexatória, vai ficar difícil blindar totalmente o próprio Bolsonaro.
Filho é filho, e ninguém de fora consegue cortar esse tipo de laço. No caso específico, trata-se de um filho político, nascido e criado sob a sombra do pai, com quem partilhava eleitores, discurso político e assessores, como a filha de Fabrício Queiroz que trabalhou também para Bolsonaro. Fabrício, investigado por movimentação suspeita em sua conta — os R$ 1,2 milhão apontados antes agora já seriam R$ 7 milhões — assumiu também a responsabilidade pela contratação da família do miliciano.
A esta altura, porém, não faz tanta diferença assim saber de quem foi a ideia de contratá-las, já que elas trabalharam no gabinete do hoje senador eleito na Alerj, onde o ex-PM Adriano Magalhães da Nobrega chegou, nos bons tempos, a ser condecorado e homenageado por iniciativa de Flávio Bolsonaro. A crise parece longe de acabar.
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