Ei, Bozo! VTNC! Gritaram durante o Carnaval, na mais breve esculhambação pública que um "presidente" já recebeu na história. Faz tempo que escrevo de uma forma que não gosto, já que o dito bom jornalismo recomenda ênfase nos fatos. Adjetivações só quando absolutamente necessárias. Ironias, idem. Mas, quando a própria sociedade perde a noção de si mesma, acaba prevalecendo a emoção. O brasileiro, como dito em nosso texto passado, está sendo tratado como idiota, e muitos estão distantes da cozinha do golpe. Sabem do mundo de forma anedótica, de forma a rir de suas próprias desgraças. Repassam às turras a caveirinha sentada esperando a aposentadoria, cheia de kkk.
O WhatsApp que difunde entre leigos a caveirinha da vida é o mesmo que me traz notícias elaboradas ou pretensamente elaboradas, dando conta de que, para Ciro Gomes, o palhaço Bozo, digo, o presidente "eleito" não chega ao final do mandato e arrisca até razões sobre o que o pode derrubar. De outro giro, vejo publicações alvissareiras de que Maia pode detonar o inócuo pacote anticrime de Moro ou Maia colocou Moro no seu devido lugar (de barnabé do Bozo). Assisto um animado articulista especulando sobre a Cassação da chapa Bolsonaro-Mourão, novas eleições, coisa e tal – caso o TSE leve a sério as "fake News", caixa dois, laranjas… É uma animação e positividade imobilizante que nos faz concluir: o Coiso vai cair sozinho. Vai nessa, peão!
Em meio a tantas notícias "animadoras", surge o perrengue entre o dito Supremo Tribunal Federal e os galinhos de briga da Farsa Jato (cada vez mais farsa). A briga se acentuou com o advento da fundação Casa de Mãe Joana, entidade com a qual os galinhos curitibanos querem formar lideranças políticas à sua imagem e semelhança. Na outra ponta, a Corte Maior separa crime eleitoral dos crimes de corrupção, atestando o óbvio: cada macaco no seu galho. Enquanto o circo pega fogo, a família bolsopata fala mal de brasileiro no exterior e decide entregar o Brasil para o pato Donald (Trump). Como todo mundo já conquistou espaço na mídia, os galinhos da Farsa Jato resolvem prender Michel Temer por estar roubando o Brasil há 40 anos, mas foi escolhido para substituir Dilma Rousseff.
Não dá nem para comemorar nem lamentar a prisão do traidor Temer. Há um quê de espetáculo dantesco-midiático numa prisão feita no meio da rua, com um cinegrafista de plantão ao lado. Já que legalidade nunca foi o forte dos galinhos da Farsa Jato, aceitar eventual ilegalidade contra o traidor Temer é legitimar prisão política do Lula, aceitar o golpe contra Dilma Rousseff e a pouca vergonha nos processos abertos contra Fernando Haddad, aberto às vésperas das eleições, dos quais foi absolvido.
Haddad (hoje absolvido) fez campanha explicando os processos promovidos por sacripantas do Ministério Público. Perdeu por que teve o discurso censurado, no qual a palavra Lula era proibida, enquanto a grande mídia se ocupava de reacender o ódio ao Partido dos Trabalhadores. Já o Coiso, conseguiu se "eleger" sem discutir se o brasileiro queria uma sociedade com ou sem direitos. Teve na retaguarda uma mal contada história sobre um suposto atentado que merece mais respeito e sigilo do que a conversa de uma Presidenta da República.
Eis o corolário de uma narrativa fruto da "Construção do Consenso". Há um consenso sobre Brasil quebrado, sobre o golpe com supremo e tudo (necessário), sobre o bem (capital) e o mal (povo/Lula) e que "é preciso manter isso", muito além do silêncio de Eduardo Cunha. Há consenso sobre o nacionalismo zumbaia das Forças Armadas, Macabeas e Moscas Azuis da Polícia Federal. Há consenso até sobre a Venezuela, sobre a venda do Brasil na bacia das almas. Só não há consenso sobre o rato dentro da Coca-Cola e sobre a loira do banheiro, que segundo o jornalista Reinaldo Azevedo seria uma burra de nome Joice…
Neste espaço especulei sobre o documentário "Século do Ego" e sobre as falcatruas de Steve Bannon, um homem cujo papel nocivo nas recentes eleições presidenciais conta com a consensual omissão da Polícia Federal, Ministério Público Federal e mídia. Na construção do consenso social, dizem os estudiosos, é preciso envolver os cidadãos na tomada de decisões que afetam suas vidas. Cores, bandeiras, refrões e um culpado pela desgraça do povo integram a magia. Em da desgraça fabricada, fica fácil cooptar e promover a participação popular (voluntária organizada).
Na construção desse consenso, um esgoto transbordando dinheiro ao lado da imagem do "culpado" como fez a Rede Globo com Lula é elemento semiótico importantíssimo. Cumpre o papel de uma vagina na boca do tanque de gasolina de um automóvel e ou de uma mamadeira erótica difundida por meio de marketing direto, em sórdida campanha financiada com dinheiro sujo, tão presenteada com o mesmo silêncio quanto os 40 anos de roubalheira do traidor Temer…
Desse modo, como não endossar o refrão do Carnaval? Como deixar de lado as adjetivações e as ironias, se o que aprendi sobre fome e miséria, não li em compêndio comunista? Como, se o que sei sobre isso não foi lendo Josué de Castro e sua Geografia da Fome? Eu vi gente caçando muçum, cascudo, aruá e caranguejo na valeta por onde corriam dejetos humanos. Eu vi muçum e caranguejos se alimentando de dejetos e homens que comiam caranguejos que se alimentavam das fezes desses mesmos homens.
Como que eu, egresso dessa realidade, poderia aceitar esse senso comum fabricado por TV Globo, Folha, Estadão, Jovem Pan, Band, Veja, Moros, Marinhos, Malafaias, Macabéas da PF et caterva?
Armando Rodrigues Coelho Neto – jornalista e advogado, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.
Solidariedade não se aprende na escola
ResponderExcluirVAI VOCÊ!
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