Guedes chupim, parasita do povo. Militares calados. Adriano morto, por Armando Rodrigues Coelho Neto



Não convide militares para debate, pois a maioria deles caga regras e vai embora. Esse seria o tema do meu texto de hoje, a propósito dum recente evento sobre segurança pública. Tinha, também, planos de divagar sobre fala dum professor de economia de uma universidade catarinense, sobre o jornalismo sabujo da grande mídia num contexto de negação da democracia, tal como conhecida. Esses assuntos vão ficar congelados, pois a quadrilha de picaretas que ocupa o Planalto não perde oportunidade de dizer e/ou fazer asneiras. Seja por delinquência moral, seja por ter um pé na caverna.
Vivi mais de três décadas dentro da Polícia Federal. Mais tempo de vida lá dentro do que com minha própria família. Saí triste, lamentando ser um luxo para o Brasil abrir mão dum servidor público como eu. Não necessariamente por competência especial, mas sobretudo pela minha boa vontade. Saí triste por sonhar com o novo, quando tinha diante de mim o envelhecimento precoce da instituição. O novo para a PF eram máquinas, “clips imantados”, escuta ambiental, drones… Para serem operados por cabeças ultrapassadas, mentes velhas no sentido decrépito.
Apesar da vadiagem de uns tantos, de quem não fazia jus ao salário, testemunhei empenho de muitos na instituição. Sei de policiais que campanaram bandidos de dentro de uma caixa d’água. Gente que, para superar o atraso tecnológico da instituição, improvisou ao extremo – como por exemplo, um policial do serviço de passaportes – que colocava fio de cabelo do interessado nesse documento e plastificava.  Fórmula por ele encontrada para criar vínculo físico entre o documento e o titular. Sei dos tanto que pagaram consertos de viaturas com recursos próprios. Sei dos que, literalmente, abriram estradas nas brenhas para cumprir missão. Muitos que perderam cargos pela honestidade e republicanismo, sem contar os que morreram em serviço.
Imagino que exemplos de zelo não sejam exclusividade da PF. Outros tantos se multiplicam repartições públicas afora. Ingressem num pronto-socorro público e constatem a (in)glória de quem trabalha entre sangue, tragédias, gemidos e poucos recursos. Entrem numa escola pública e vislumbrem professores tentando salvar o País com um giz, uma lousa e muita humilhação – sujeitos à porrada de adolescentes rebeldes.
Sem misturar alhos com bugalhos, sei que a PF majoritariamente só fazia questão de que nossa bandeira jamais fosse vermelha. Sei que ninguém, lá, sabia explicar Fórum de São Paulo, mas mesmo assim morria, morre de medo. Burramente, muitos diziam que o PT aparelhou a PF sem nunca apontar um petista nem entre faxineiros. A PF apoiou Collor, FHC, Aécio (com campanha e tudo), e sempre fez vista grossa para a corrupção. A PF, que teve seus melhores dias no governo PT, deu uma banana para Dilma, Lula e, logicamente, de olho no umbigo do policial, deu uma banana para o povo – palavra que não consta de seu vocabulário. Por isso, votou no Bozo/Moro/Guedes, em maioria.
Não obstante isso e aquilo, méritos da PF e outros órgãos, Paulo Guedes, o maior Chupim da História, chamou os servidores públicos de parasitas. Sem querer ofender os Chupins, Guedes é um Chupim do povo brasileiro. A ave Chupim não faz ninho, ela usa o ninho alheio. Assim como Guedes usa o ninho do povo para produzir para riqueza si, chocar os seus ovos e os de seus asseclas.
–         Parasitas!
Houve reação! Juízes, procuradores, auditores fiscais, servidores públicos em geral repudiaram o insulto. Até entidades de classe de Delegados da PF (pasmem!) repudiaram a fala do chupim da economia. Disseram que ao invés de culpar os servidores, deveria Guedes ocupar-se das verdadeiras causas que depreciam o serviço público. Já! Representante das Carreiras de Estado, disse que parasitas são operadores de mercado que ganham dinheiro com o Estado.
Guedes deu o seu, “pronto, falei(!)”, mas tentou depois dar uma “amenizada”. Entretanto, no fundo é o que ele pensa mesmo, pois nem ele nem a corja do Planalto têm noção do que é Estado ou Serviço Público. Por isso, não entende que estabilidade do servidor público é para proteger o próprio Estado. Interesse do Estado é o interesse do povo. Se não tem estabilidade, o funcionário pode ser assediado, coagido e ou perder o emprego se não fizer a vontade do governante corrupto de plantão. Mas, como ele, Bozo e Cia Ltda saíram da caverna para saquear a Nação, não entende Estado ou Serviço Público como avanço civilizatório mínimo possível.
Guedes, para agradar a platéia de sua laia, que o aplaudiu (claro!), parece não ver militares como servidores públicos. Aliás, não li protestos desses, que certamente devem explicações à Nação. Seja pelo silêncio sobre vigente traição à Pátria, a ruptura institucional, a síndrome de vira-lata do Bozo, a Base de Alcântara, a dilapidação do patrimônio nacional…
Talvez, Guedes inconscientemente, ao chamar o servidor público de parasita, estivesse se referindo a si próprio ou às vadias (eternas solteiras) filhas de sabujos que ganham pensão sem dar um dia de serviço para o povo, sem sequer enfiar prego numa geleia. O Chupim Guedes acabou atingindo os muitos vadios que, mesmo com casa e bem pagos, ganham auxílio-moradia. Isso sim! Uma excrescência. Isso sim! É parasitismo!

O que salva um pouco a fala de Guedes é que tem parasita mesmo (falo já). Outro ponto é que atacou a grande massa de servidores públicos que ignorou a diferença entre um Estado com direitos de um sem direitos. Entre eles, os da própria PF, onde trabalhei. Bozo já cooptou a PF e Moro não está nem aí com corrupção, pois fez da 13ª Vara Federal de Curitiba seu comitê eleitoral e depois enfiou a viola no saco. Sim! Há parasita, como por exemplo o barnabé que já dava como morto um tal Adriano Nóbrega (miliciano ex-capitão PM/RJ), ao ponto de até “esquecer” de colocar o nome dele na lista de procurados. Erro de cálculo? Adriano só morreria dias depois (ontem).
Parasita é Guedes e sua corja, todos que se omitem, contribuem para destruição do Serviço Público e a derrocada da Democracia. Todos que, de olho no lucro, expropriam comida, casa, saúde, educação, direitos do povo e vivem indiferentes à miséria desses expropriados.
Armando Rodrigues Coelho Neto – jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

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