Mostrando postagens com marcador *Luis Fernando Veríssimo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador *Luis Fernando Veríssimo. Mostrar todas as postagens

As personalidades de 2013, por Luis Fernando Veríssimo

Como descobridor da Léa Seydoux — ela fazia uma ponta como mulher do rei no “Robin Hood” do Ridley Scott, antes de trabalhar com o Woody Allen e outros (até como bandida no último “Missão Impossível”), coisa que ninguém fora eu, em todo o mundo, notou — não tenho desculpa para não ter visto o seu “Azul é a cor mais quente”, em 2013.
Dizem que foi o grande filme do ano. Mas não fui muito ao cinema em 2013. Gostei daquele brasileiro “O som ao redor” ou coisa parecida. E sofri muito com a coitadinha da Sandra Bullock perdida no espaço em “Gravidade”, um filme fascinante, não só pelo malabarismo técnico. Ótima também a Cate Blanchett no “Blue Jasmine”, sofrendo tanto quanto a Sandrinha, mas com os pés no chão.
Personalidade do ano? Vamos ver. O Papa Francisco. Está certo, é bom ter um Papa do Hemisfério Sul, para variar, mas precisava ser argentino? Alguém já disse que humildade demais é uma forma de soberba. No caso do Francisco, simplicidade demais pode ser diversionismo, ainda mais que as principais posições retrógradas da Igreja não parecem correr muito perigo, no seu papado. Vamos ver. 
No segundo lugar na lista das personalidades de 2013 dá empate: Joaquim Barbosa e Neymar. O presidente do STF é visto por uns como herói, por outros como um Grande Inquisidor fora de época. A maioria vai esperar para ver como o STF se comporta no julgamento do mensalão de Minas e dos cartéis de São Paulo — se é que haverá julgamentos.
Há quem diga que só será possível confiar na Justiça brasileira cem por cento quando, numa pelada entre times de presos no pátio da Papuda, o PT e o PMDB joguem cada um com 11. Quanto ao Neymar, não é verdade que o Messi se machucou providencialmente, para sair do time e não ser comparado com ele. Mas é certo que Neymar foi o brasileiro com melhor atuação no ano, em qualquer atividade.
Nas outras posições entre personalidades destacadas de 2013 vêm o Marco Feliciano como o mais lamentável do ano, o filho do príncipe William e da Kate como a pessoa com a melhor perspectiva para o futuro do ano e o Eike Batista com a pior.

Crônica semanal de Luis Fernando Veríssimo

Há dias, na sua coluna, num texto exemplar como sempre, o Zuenir Ventura lembrava que há 45 anos era assinado o Ato Institucional n° 5, que instaurava a ditadura sem disfarces no Brasil. Congresso fechado, fim dos direitos constitucionais, censura e repressão a valer, poderes absolutos para o governo militar, e que se danassem os escrúpulos.
Os escrúpulos não tinham sido suficientes para deter o golpe de 64, mas alguns ainda sobreviveram por quatro anos. O AI-5 acabou com todos. Também é bom e saudável não esquecer o clima de antiesquerdismo furioso que justificou o golpe de 64 e o golpe dentro do golpe de 68. Ser “de esquerda” era um risco, durante o recesso dos escrúpulos.
Pode-se imaginar que a renúncia aos escrúpulos entre os que assinaram o AI-5 significasse um drama de consciência para alguns, mas foi a desobrigação com qualquer escrúpulo que liberou a mão do torturador. Com a “abertura” foram restituídos os escrúpulos.
Hoje quem é — ou pretende ser — “de esquerda” só se arrisca a ouvir o rosnar da direita, que não parece ser preâmbulo de nada parecido com o que já houve. Mas não custa ficar de sobreaviso, né, Zuenir?

Luis Fernando Veríssimo - embrutecimento

Sabe qual foi a primeira coisa que eu pensei vendo aqueles animais trocando socos e pontapés no estádio, chutando a cabeça de “inimigos” caídos e só não se matando por falta de armas, salvo pedaços de pau? As lutas de “ultimate fighting” na TV. Nada a ver, eu sei.
Uma coisa é um espasmo coletivo de irracionalidade, a outra o enfrentamento de dois lutadores preparados, com força equivalente e regras estabelecidas. O que aproxima as duas coisas é a estupidez.
A mesma estupidez que parece dominar essa assustadora arena de insultos e ameaças que é a internet e que, cada vez mais, no Brasil, também domina o debate político e jornalístico, em que termos como “idiota” são muitas vezes os mais suaves que se ouve ou que se lê. O clima é de embrutecimento generalizado. Chutes na cabeça, reais ou figurados, são legitimados pelo clima.
Falemos, pois, das amenidades restantes. Da Fernanda Lima no sorteio das chaves para a Copa, por exemplo. Da sua simpatia, da sua competência, do seu inglês perfeito, do seu decote. 
Não sei se já nasceu o movimento “Fernanda Lima 2014”,