Salmo 4:8

Foto: Não se preocupe, não tenha pressa. O que é seu encontrará um caminho para chegar até você. Deus não demora, ele capricha.  - Caio Fernando Abreu

Ínfimo e Joaquim Torquemada Barbosa Caífas se merecem

Frase da tarde

A vida é um livro onde escrevemos nossa história com virgulas, reticências, exclamação, interrogação e ponto final. Uns se vão e levam o livro consigo, outros deixam pra história.
Leônia Teixeira

Censores de Lobato são um bando de complexados


João Grilo era feliz e não sabia

- Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, a braba dá quando quer. A mansa dá sossegada, a braba levanta o pé. Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher.
O astuto João Grilo era feliz e não sabia. Podia recitar versos destrambelhados, fazer traquinagens com o grande amigo Chicó e arrematar impressões com a maior inocência, como a que fez para Manuel, o Leão de Judá, o filho de David, o Jesus negro que pontifica na peça O Auto da Compadecida:
- O senhor é Jesus? (...) aquele a quem chamam de Cristo? (...) não é lhe faltando o respeito não, mas eu pensava que o senhor era muito menos queimado.
Grilo jamais podia adivinhar que suas lorotas poderiam, um dia, em vez de gostosas gargalhadas, provocar sérios dissabores. A ele e ao pai que o gerou, no caso, o teatrólogo, o advogado, o cancioneiro, o romancista da Academia Brasileira de Letras, o genial paraibano Ariano Suassuna.
Falta pouco para o grupo que se autointitula defensor do conceito “politicamente correto” não jogar o autor de A Pedra do Reino na masmorra da censura para fazer companhia a um dos mais influentes escritores brasileiros, Monteiro Lobato.
Como se sabe, este autor foi execrado por ter comparado Tia Anastácia, personagem em Caçadas de Pedrinho, a uma “macaca de carvão” e, mais recente, porque seu conto Negrinha teria conteúdo racista, na visão de uma entidade de advocacia racial e ambiental. Ora, estudiosos consideram o conto um libelo contra a discriminação.
A polêmica sobre o uso do lexema negro na literatura se expande na esteira do debate sobre direitos humanos e combate às variadas formas de discriminação. Ocorre que as lutas pela igualdade têm jogado na vala comum da discriminação manifestações de todo tipo, mesmo as que retratam um ciclo histórico.
É o caso da obra de Monteiro Lobato, que nasceu seis anos antes da abolição da escravatura e que vivenciou, até na fase de escritor, a segregação de escravos. Não há como imaginar personagens que tanto encantaram crianças e adultos – Emília, Pedrinho, Saci-Pererê, Visconde de Sabugosa, Tia Anastácia – adotando, ao final do século XIX, a expressão que as patrulhas acham corretas.
Quem quiser associar Lobato à discriminação certamente vai forçar a barra para encontrar o ato de ofício, como se diz nesses tempos de julgamento do mensalão. É uma questão de interpretação.
Ocorre que ele retratava um tempo em que a negritude era apresentada de maneira pejorativa. Censurar a expressão de uma época é apagar costumes, queimar tradições. Contextualizar para os alunos de hoje, por meio de anexos e notas explicativas, obras literárias do passado é passar recibo de ignorância. Sinal de barbárie cultural. Para que servem professores? Não são os mestres que ensinam, interpretam e analisam as condições dos ciclos históricos?
Veja-se esta frase do padre Anchieta sobre os índios: “Para esse gênero de gente, não há melhor pregação do que espada e vara de ferro”. Isso tira seu mérito de catequizador?
Não sem razão, Joaquim Nabuco, o abolicionista, se indignava com os sacerdotes que tinham escravos: “nenhum padre nunca tentou impedir um leilão de escravos, nem condenou o regime religioso das senzalas”.
E que tapume pode se colocar nas páginas de O Mulato (1881), de Aluisio Azevedo, onde se lê: “se você viesse a ter netos, queria que eles apanhassem palmatoadas de um professor mais negro que esta batina?”
Como apagar trechos de Histórias e Sonhos, de Lima Barreto, que registra: “não julguei que fosse negro. Parecia até branco e não fazia feitiços. Contudo, todo o povo das redondezas teimava em chamá-lo feiticeiro”.
Barreto é o mesmo que escreveu Clara dos Anjos (1922), libelo contra o preconceito que conta a história de uma mulata traída e sofrida por causa da cor. Quanta estultice prendê-lo nos grilhões da discriminação.
Nessa toada, passamos por Bernardo Guimarães. Em sua Escrava Isaura (1875), há trechos que hoje estariam no índex das proibições: “não era melhor que tivesse nascido bruta e disforme como a mais vil das negras”.
Aportamos na Bahia de Jorge Amado que, em Capitães de Areia, descreve João Grande, “negro de treze anos, forte e o mais alto de todos. Tinha pouca inteligência, mas era temido e bondoso”.
Pelo andar da carruagem, os patrulheiros de plantão não se convencem nem mesmo com a beleza poética do canto de Castro Alves. Enxergariam palavras politicamente incorretas do tipo: “e quando a negra insônia te devora... corre nas veias negras desse mármore não sei que sangue vil de Messalina”.
Imaginem se descobrirem o jesuíta André João Antonil fazendo essa consideração: “os mulatos e as mulatas são fonte de todos os vícios do Brasil”. Ele escreveu o livro Cultura e Opulência do Brasil (1711).
Pode-se atribuir ao celebrado Fernando Pessoa a pecha de machista? Eis o que pensava: “o espírito feminino é mutilado e inferior; o verdadeiro pecado original, ingênito nos homens, é nascer de mulher”.
É possível enxergar Shakespeare acorrentado nos porões da censura? Pois bem, emOtelo se lê que Brabâncio deixara a filha livre para escolher o marido que mais a agradasse, mas descobriu, que, em vez de um homem da classe senatorial, a donzela escolhera um mouro para se casar. Decidiu, então, procurar Otelo (o mouro) para matá-lo. O roteiro cabe na enciclopédia dos patrulheiros.
Pergunta de pé de texto: por que a tentativa de mudar a história? Simples. O entendimento dessa turma é de que chegou a hora do acerto final. Urge refazer a história do passado com os verbos (e as verbas) do presente. Garantir que o ontem não existiu.
Eis ai a pontinha da Revolução Cultural que bu(r)rocratas tentam engendrar desde 2004, quando criaram uma cartilha com 96 expressões que consideravam politicamente incorretas.
Os “inventores” da nova Cultura poderiam, até, tentar mudar o Código Hamurabi, escrito por volta de 1.700 a. C. Vão esbarrar numa montanha de preconceitos.
Gaudêncio Torquato

Collor fala dos bastidores do impeachment

A velhíssima trapaça do ínfimo

Que ninguém seja ingênuo de acreditar que o ínfimo criou jurisprudência no julgamento do "mensalão" petista.

O que valer para este julgamento(?) não valerá para outro não - desde que os réus não sejam petistas -.

A corja dos intocáveis não tem nenhum compromisso com a Justiça.

Os argumentos que usaram e usarão para condenar a maioria dos réus da Ação Penal 470, não valerão para os julgamentos de amanhã e depois de amanhã, repito: desde que os réus não sejam petistas.

E quem acreditar que eles farão diferente...não são ingênuos, são idiotas ou tão calhordas quantos alguns ministros do ínfimo.

Os números mentem


 Em plena temporada de greves, 77% da população apoiaram a maneira de a presidente Dilma governar. Como ela enfrentou com dureza as paralisações no serviço público, a conclusão surge óbvia: o povão detesta greves, em especial quando se fazem contra ele e não contra os patrões. 
     
Junte-se a esses percentuais outro tão  importante quanto: 62% dos consultados acham o governo ótimo ou bom. Resultado: é o PT que  anda na baixa, com o mensalão, jamais o governo ou sua chefe.
                                              
Tudo conduz a projeções favoráveis à reeleição da presidente, claro que se tudo continuar como está. Mesmo sem querer, Dilma vai-se desgarrando do partido do qual nunca fez efetivamente parte. Fica a pergunta: acontece o mesmo com  relação ao Lula?

A resposta é não. Os laços entre a sucessora e o antecessor permanecem férreos, seja por gratidão, seja por estratégia, já que a experiência do Lula  constitui trunfo de vastas proporções.                                               Logo começará a segunda metade da  administração federal e a prática indica poucas ou nenhuma mudança no estilo de Dilma administrar. Não há sinais de que pretenda promover sensível  reforma no ministério, ainda que em 2014,  ano das eleições gerais,  certos reajustes se tornem necessários. A chefe da Casa Civil, Gleise Hoffmann, é candidata ao governo do Paraná. Aloísio Mercadante, da Educação, e Marta Suplicy, da Cultura, disputarão a indicação do PT para o governo de São Paulo. Edison Lobão, das  Minas e Energia,  concorrerá ao governo do Maranhão, assim como parece provável que Garibaldi Alves Filho, da Previdência Social, ao governo do Rio Grande do Norte.

Em toda situação  política deve-se considerar o reverso da medalha. Suponha-se o  agravamento das dificuldades econômicas. 

A fuga de investimentos externos, que já começou. Uma imprevista onda inflacionária. A eclosão de dificuldades regionais impulsionadas por governadores da oposição.   Catástrofes super-dimensionadas  da natureza.  Fracasso na organização da Copa do Mundo de futebol.  E quantos inusitados a mais, em condições de inverter o pêndulo das previsões? Os números não mentem.