E agora tucademos, piguistas e cia?

A Câmara dos Deputados da Colômbia aprovou o projeto de referendo para dar o terceiro mandato ao presidente do país, Álvaro Uribe, a partir de 2014.

O projeto foi aprovado só pela bancada governista porque a oposição retirou-se do plenário, após o governo convocar a sessão extraordinária para deliberar sobre a matéria quando faltava apenas vinte minutos para o início do recesso legislativo de final de ano.

Uribe nega apoiar a proposta, mas a oposição o acusa de manobrar nos bastidores por sua aprovação, e vocês, leitores deste blog, acompanharam porque falei várias vezes a respeito, que o presidente colombiano passou todo o seu atual mandato concentrado em articulações para conseguir essa reeleição.

No governo Uribe, mais da metade dos parlamentares que integram sua base de apoio, e até ministro, ex-ministros e parentes do presidente foram processados pela justiça - vários foram presos - por ligações com os paramilitares, o crime organizado e o narcotráfico. Teriam ligações agora, ou tiveram suas campanhas eleitorais financiadas pelo narcotráfico e o crime organizado.

Quem diria, nada como um dia após o outro! Nossa mídia e a da América Latina só dão essa notícia - quando dão - em notinhas, e em pé de páginas. Mas e agora? Vão pegar no pé, infernizar, condenar Álvaro Uribe por um terceiro mandato, como fazem com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez?

O terrorismo da mídia

Nem mesmo Freud explicaria o ódio a Lula

Por Otaciel de Oliveira Melo

O que o PIG - sigla criada no blog Conversa Afiada por Paulo Henrique Amorim e que significa Partido da Imprensa Golpista - ainda não entendeu ou não quer aceitar de forma alguma é o fato de Lula ser, na qualidade de político e Presidente da República, o maior fenômeno de comunicação de massa de todos os tempos. E onde está o segredo? Simples: Lula fala na linguagem do povo e com muita sinceridade. Por isso, inspira (e transpira) confiança. E também por isso o homem se apresenta como massa fermentada de bolo: quanto mais os adversários batem mais ele incha nas pesquisas que avaliam seu governo.

No momento o PIG insiste que o Brasil vai sofrer terrivelmente as conseqüências da atual crise econômico-financeira gerada nos Estados Unidos. E acha que Lula deveria gritar FOGO, O BRASIL VAI ARDER EM CHAMAS! No passado recente, o PIG nos aterrorizou com diversas crises: com a do apagão elétrico (os reservatórios voltaram a encher), com a da febre amarela (algumas pessoas morreram porque tomaram dose dupla de vacina) e com a do "causaéreo" (em todo lugar do mundo avião atrasa, mas aqui Lula foi responsabilizado inclusive pelo acidente da TAM), para ficar nos exemplos mais conspícuos de terrorismo midiático. Agora, o PIG torce escancaradamente para o Brasil quebrar. Que masoquismo! O grande crime de Lula, hoje, seria o de aconselhar à população a continuar comprando o necessário. Como viver sem o necessário?

Um dia desses apareceu um senhor na televisão contestando Lula porque este tinha dito que os brasileiros iam ter um excelente Natal (em termos de consumo, claro) este ano; o sujeito tinha saído de uma missa (salvo engano), mas cuspia labaredas de um ódio em todas as direções ao questionar a declaração de um Natal farto.

São numerosos e freqüentes os exemplos dessas manifestações iracundas contra um governo que conta com a aprovação de 78% da população brasileirade todas as classes sociais. A elas são dadas um destaque especial pela mídia tupiniquim. Elas ganham espaço nas rodas de samba dos programas de televisão, nas declarações de pessoas “letradas”, nos editoriais de jornais, nos artigos escritos pelos membros da comunidade do PIG, enfim, em quase toda mídia verde-amarela. Tais declarações, muitas vezes textos, raramente são questionadas e na maioria das vezes fica tudo por isso mesmo.

Vejamos mais dois exemplos de como isto funciona. O primeiro exemplo é seguido pelos meus comentários, em itálico.

O Senhor Clóvis Rossi (CR) é articulista do jornal a Folha de São Paulo.

Em 07 de dezembro do corrente ano ele escreveu o texto se encontra abaixo, o qual foi reproduzido pelo blog Vi o Mundo, do jornalista Luiz Carlos
Azenha. O título da matéria é “prefiro o Lula”. Vejam o que aquele Senhor escreveu.

“Não são nada razoáveis as críticas de analistas ouvidos por esta Folha a propósito do otimismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Primeiro, porque faz parte do instinto básico de Lula. Quando ele ainda era oposicionista, queixou-se mais de uma vez a amigo comum do que ele considerava pessimismo meu (não é pessimismo, é realismo, mas não interessa)”.

“Se lamentava o pessimismo quando estava na oposição e não ganhava eleição, agora que ganha e bate recordes de popularidade, só pode ser superotimista.”

Isso mostra que Lula é coerente e que continua achando o CR super pessimista, não é mesmo? Ao mesmo tempo o articulista reconhece a popularidade do Presidente. Até parece que CR tem um mínimo de simpatia pelo Lula, não é verdade? Aliás, o título do artigo é “Prefiro Lula”, e daqui a pouco vamos esclarecer com quem ele o está comparando.

“Em segundo lugar, se o presidente diz "nosfu", o país infarta, claro. Discutir se "sifu" é expressão adequada ou não à "majestade do cargo" é irrelevante. Em terceiro lugar, governantes -e não apenas o do Brasil - têm hoje mais a função de animadores de auditório do que de administradores, quando resolvem seguir o modelo quase único pró-mercado”.

Por que o país enfarta? Porque “nosfu”, ao contrário de “sífu” (termo pronunciado por Lula para esconder um palavrão), abrange todo o povo brasileiro. Ou seja, a crise é grave e Lula estaria a esconder do povo brasileiro a gravidade da situação. E disse ainda mais CR: teriam a função de animadores de auditório aqueles administradores que resolvem seguir o modelo quase único pró-mercado. Ou seja, tanto faz Lula como um Chacrinha qualquer da vida, no final tudo dá no mesmo. Ou melhor: tanto faz Lula como FHC, ou Serra. Entenderam? E eu pergunto: por acaso Lula disse alguma vez que vivemos num país socialista? Ou será que CR não entende como funciona o capitalismo? Será que ele é um comunista enrustido? Olha, minha gente, o mercado funciona assim: é preciso fabricar para vender, é preciso comprar para manter o emprego de quem fabrica.

E continua o insigne articulista:

“Tanto é assim que a ministra Dilma Rousseff teve o seu momento-verdade anteontem ao dizer: "O governo não pode legislar sobre empregos. Não podemos baixar uma medida provisória dizendo: "Fique o emprego como está'".

“Pois é, se não pode manter o emprego, tampouco pode manter o poder aquisitivo dos salários, que é afinal o que de fato conta. Resta, pois, animar o público, no que está tendo o mais absoluto êxito, a ponto de 78% dos brasileiros acreditarem que sua vida vai melhorar no ano que vem, o que contraria as previsões de 11 de cada 10 economistas”.

Se a Ministra Dilma teve o seu momento de verdade anteontem, significa dizer que ela mente na maioria das vezes? Ou será que CR já se convenceu
que Lula governará até o final do mandato e já está trabalhando para detonar a candidatura Dilma no nascedouro? Em que país capitalista do
mundo o governo pode obrigar a iniciativa privada a manter o emprego dos trabalhadores? O máximo que um governo pode fazer é estimular o funcionamento da economia de mercado, e isto a equipe do governo Lula está procurando fazer. Pode também (e deve) aumentar em número, valor e prazo o seguro desemprego. Além disso, Lula não vem dizendo para os 78% dos brasileiros que o apóiam que no próximo ano a coisa vai melhorar. O que o governo Lula tem dito é que a espera que o Brasil seja, no próximo ano, um dos países menos afetados pela crise, como de fato tem ocorrido até agora.

Por último, e em contradição com seu penúltimo parágrafo, RC cita esta pérola de reconhecimento da ignorância dos economistas por um economista:
“Vai ver que esses 78% sabem de uma frase cáustica do também economista Roberto Campos (1917-2001), que me foi enviada pelo leitor Arnaldo Risemberg: "Há três maneiras de o homem conhecer a ruína: a mais rápida é pelo jogo; a mais agradável é com as mulheres; a mais segura é seguindo os
conselhos de um economista".

Aqui o articulista goza da propalada ignorância do povo brasileiro, que seria “estúpido” por não decorar frases de efeito como a de Roberto Campos e, acrescento, por não dar o mínimo de atenção aos grandes jornais do chamado sul maravilha. Concordo em parte com a frase anteriormente citada: quem tinha ou comprou ações de empresas nas bolsas de valores no ano de 2008 sabe do que estou falando. Principalmente aqueles que tomaram decisões erradas levando em consideração os comentários dos economistas oficiais do PIG. Parece-me que o problema de CR com relação ao Lula é que o Presidente andou chamando de imbecis aqueles que torcem contra o Brasil.

Tudo indica que o articulista vestiu a carapuça.



Trechos do Editoria do Le Monde

Obrigado, Senhor Madoff

Um novo escândalo assola as finanças. 

Os franceses BNP Paribas e Natixis, o espanhol Santander, o japonês Nomura, o suíço Union Bancaire Privée... Em todos os continentes, os banqueiros mais reputados deixaram-se durante anos, talvez décadas, serem levados no conto do vigário por quem desde já parece ser um dos grandes escroques de Wall Street: Bernard Madoff, gerente de um fundo de investimentos, que admitiu ter feito perder a seus clientes a bagatela de US$50 bilhões

Que um empresário abuse da confiança que inspira não é novidade. 

Que os maiores nomes das finanças mundiais se deixem enganar como simples leigos, vítimas nessas últimas semanas de cenário comparável, é nitidamente mais preocupante. 

Isso comprova que eles aplicam dinheiro de seus clientes sem se preocupar com a maneira de como serão realizados os ganhos.

Nenhum destes "reputados banqueiros" foram enganados. Todos são cúmplices, isto sim! 

E coragem para isso?

As pesquisas CNT e Ibope confirmam a alta popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva. 

Mas como vão ficar os índices de aprovação do presidente quando os sinais da crise estiverem mais evidentes por aqui? Quando a criação de empregos desacelerar

Vamos especular. Assim mesmo, no chutômetro. Pois eu acho que, mantida a atual disposição de forças políticas, Lula tem chances de atravessar a crise sem graves danos na imagem ou na popularidade. 

Quando as pessoas votam num presidente da República, elas escolhem um líder. Um líder para as horas boas e as horas más. Para enfraquecer o líder, é preciso que a oposição ofereça alternativas mais vantajosas de liderança. Mais vantajosas para os liderados, não para os candidatos a líder. 
A oposição brasileira não consegue apresentar uma única idéia substancialmente diferente de como enfrentar o tsunami econômico mundial, para que o Brasil saísse dele melhor do que sairá com Lula. E o cidadão comum que hoje apóia o governo, e está potencialmente disposto a votar para que as coisas continuem como estão, fica sem grandes motivos para mudar de lado. 

A questão dos juros já foi tratada aqui ad nauseam

Outra coisa reveladora são as "medidas de exceção" propostas pelo presidente da Companhia Vale do Rio Doce. Retirar "temporariamente" direitos trabalhistas para, em troca, supostamente reduzir demissões. O governo flerta com a idéia. Aliás, Lula flerta com essa plataforma "neoliberal" de vez em quando (leia A reforma trabalhista de Lula e o Livro Vermelho de Mao Tsetung). Só para fazer uma média com os empresários. 

Se Lula estivesse na oposição e alguém propusesse mexer em direitos trabalhistas, o mundo desabaria. Lula aproveitaria para tirar o máximo proveito possível desse ensaio de insensatez do governante. Porque o certo agora não é flexibilizar direitos dos trabalhadores, mas fazer o contrário: reforçá-los. Demitir um empregado, por exemplo, deveria ficar mais caro. Isso desestimularia as demissões e ajudaria a evitar mais desemprego.

Crédito em bancos estatais só deveria estar disponível para quem não demitisse. E o governo deveria dar crédito muito barato para empresas que contratassem agora, no meio da crise, um certo percentual adicional de sua massa de trabalhadores. 

Quer demitir? Então vai pegar capital de giro nos bancos privados, pagando os juros da livre iniciativa.

Capitalismo nos olhos dos outros é refresco. 

O resumo da ópera: Lula governa gerando benefícios para os pobres e segurança para os ricos. 

Daí a sua popularidade. 

Lá atrás, a oposição tentou minar a primeira perna (lembram do "bolsa-esmola"?). O resultado foi ruim. 

Agora, a oposição teria que mirar na segunda. E coragem para isso?

Liberal é assim

O Goldman Sachs, um dos maiores banco dos Estados Unidos, informou nesta terça-feira o seu primeiro prejuízo trimestral desde quando lançou ações em Bolsa de Valores, em 1999. 

Afetada pela crise dos créditos "subprime", a instituição financeira reportou prejuízo líquido de US$ 2,12 bilhões no quarto trimestre do exercício fiscal de 2008.

Quer dizer, durante quase dez anos eles abocanharam os lucros.

A primeira vez que tiveram um prejuízo, correram para o colinho do Estado.

Liberal é isso.

Corja!!!

Lula deveria dedicar resultado de pesquisa ao Ali

A pesquisa divulgada ontem pela CNI, de autoria do Ibope, diz que 73% dos brasileiros consideram o governo Lula ótimo ou bom e 20% regular. E a aprovação pessoal do presidente está em 84%. Dois recordes.

Não vou entrar na análise dos resultados. Cada um tem lá sua própria interpretação. Acredito que, como eu, todos os leitores deste site têm um, dois, dez, cem ou mil críticas a fazer ao governo federal. Eu, por exemplo, acabo de sair de uma reserva indígena de Mato Grosso do Sul na qual os indígenas vivem em completo abandono. Deu pena de vê-los miseráveis, mendigando cestas básicas. Mas é inegável que o governo Lula se empenhou em aprovar a demarcação da TI Raposa/Serra do Sol em Roraima e que o resultado do julgamento no STF representará um grande avanço para os direitos indígenas no Brasil. Ou seja, nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

Como ouvi Mino Carta dizer há algumas semanas, tudo o que o governo Lula fez nos últimos anos, em termos de investimentos sociais, são migalhas que cairam da mesa da elite brasileira. E, ainda assim, a mídia representante desta elite moveu uma campanha aberta contra o governo Lula, através da formulação de "crises", "caos" e "apagões" desde ao menos 2004. Do "caos aéreo" à "epidemia de febre amarela" só aconteceram crises federais no Brasil. Não houve uma só crise tucana, especialmente em São Paulo. Em São Paulo os problemas são sempre isolados. Crises? Só federais. Não haveria um apagão elétrico no Brasil antes do final de 2008? Não foi essa a previsão que ouvimos no início do ano?

Outro dia eu ouvia na rádio CBN a reprodução do trecho de um discurso do presidente da República em que Lula falava uma de suas. Em seguida a rádio reproduziu um trecho de discurso do folclórico Odorico Paraguassu, o personagem da novela "Bem Amado". Fiquei pensando: e se o presidente fosse FHC? E se fosse o José Serra? Ah, nesse caso os "analistas" e "comentaristas" seriam escalados para tecer loas à sabedoria presidencial.

É nessa linha de humor que o presidente da República deveria dedicar o resultado das pesquisas mais recentes ao "estrategista" da Globo, Ali Kamel, o aprendiz de feiticeiro que assumiu a tarefa de articular o discurso de desgaste do governo através dos telejornais e programas da emissora.

Essa eu testemunhei de perto. Perguntem ao Marco Aurélio, ex-editor de Economia do Jornal Nacional, que recebeu a orientação para tirar o pé da cobertura de assuntos econômicos que pudessem beneficiar o governo em 2006, quando a economia estava bombando. Perguntem aos repórteres e editores -- alguns dos quais continuam na emissora -- que foram pedir ao editor regional de São Paulo uma cobertura equilibrada de escândalos petistas e tucanos. Perguntem ao repórter global -- me reservo o direito de resguardar o nome -- que procurou um ministro do governo Lula para denunciar as manobras de Kamel em 2006.

As digitais de Kamel estão por toda parte. É dele a escalação da tropa de choque encarregada da guerra diária para desgastar o governo, que milita da rádio CBN ao jornal "O Globo" à TV Globo. São os profetas do apocalipse na saúde, na energia, na economia. Pelas previsões catastróficas que fizeram ao longo dos últimos anos o Brasil já deveria ter afundado. Não, não estou exagerando. Basta você tentar responder a essa pergunta: quantas crises "tucanas" existem no mundo dessa gente? Quantos casos de corrupção "tucana"? Quantas reportagens sobre o "caos" envolvendo qualquer setor do governo de São Paulo?

Risível é o resultado da ação da tropa de choque kameliana: popularidade do Lula em 84%. É ainda mais cômico ver que tanto a Folha quanto o Estadão foram pescar no resultado da pesquisa aquilo que se enquadra na proposta de fim de mundo que eles se encarregaram de alardear nas últimas semanas: a preocupação das pessoas com a inflação e o desemprego.

Luiz Carlos Azenha


2008: o ano que todos ganhamos

Olho na folhinha e me dou conta de que faltam só 15 dias para acabar o ano. Antes que todo mundo comece a fazer seus balanços e retrospectivas, já antecipo aqui meu inventário de 2008, mesmo sabendo que posso quebrar a cara, claro, com alguma desgraça inesperada surgindo nestas duas semanas que faltam para o ano novo.

2008 foi o ano em que todos ganhamos _ dos grandes empresários aos pequenos beneficiários do Bolsa Família, passando pelas classes médias e por este repórter que vos escreve.

Não me lembro de outro ano tão bom para mim e a grande maioria do povo brasileiro, que teve mais mais empregos e maior renda, comprou mais comida, roupa, perfume, casas, carros e livros, viajou e se divertiu mais (mesmo os que não torcem para o São Paulo…).

Eu sei que alguns leitores vão dizer que é fácil falar estas coisas porque faço o que gosto, ganho pra isso, tenho plano de saúde, uma bela família e muitos amigos, e eles têm um primo desempregado, o trem chegou atrasado e o médico do posto de saúde não apareceu.

Fácil, para mim, não foi. Nunca tinha trabalhado tanto como este ano em que cheguei aos 60. Tive que cumprir vários compromissos ao mesmo tempo para dar conta das encomendas, além de abastecer este Balaio: as reportagens para a revista Brasileiros, que se consolidou no mercado e chegou ao número 17 (já nas bancas e aqui no iG) , mais frilas em geral e palestras, que me levaram aos quatro cantos do país.

O fato é que a vida melhorou. Tirando alguns líderes da oposição ( me vem à lembrança a imagem patética de Álvaro Dias, o senador tucano do Paraná, dando plantão toda noite nos telejornais, com aquela fala empolada de locutor de serviço de som no interior), que passaram o ano farejando novos escândalos, em parceria com seus pit-bulls da imprensa, meia dúzia de blogueiros histéricos, que agora ameaçam rasgar as pregas, e alguns colunistas cansados, os brasileiros terminam o ano mais felizes, como mostram todas as pesquisas.

Mais de 20 milhões de brasileiros ascenderam à classe média, que pela primeira vez é maioria na população brasileira. Os índices de popularidade do governo e do presidente Lula batem sucessivos recordes. Semana passada, foi o Datafolha; hoje, outros dois institutos confirmam o crescimento da aprovação a Lula ao completar seu sexto ano de governo.

No CNI/Ibope, o governo alcançou 73% de ótimo/bom, a avaliação pessoal de Lula bateu nos 84% e, agora, só 6% continuam achando tudo ruim e péssimo. No CNT/Sensus, a aprovação do governo Lula ultrapassou os 80% e chegou a 80,3%.

Mas, a minoria, que é cada vez mais minoria, com seus 6% de descontentes, ainda faz bastante barulho na mídia, dando a impressão de que nada funciona, nada presta, está tudo errado, o Brasil caminha para o abismo e a vida não vale a pena.

Basta pegar todos os índices econômicos e sociais do Brasil quando começou o primeiro governo de Lula, em 2003, e compará-los com os de hoje, para entender este estado de espírito dos brasileiros, que mantêm o otimismo, mesmo em meio à maior crise econômica que o mundo viveu no pós-guerra.

A grande crise anunciada aqui pelos profetas do apocalipse desde a primeira eleição de Lula, em 2002, finalmente chegou, mas foi nos Estados Unidos, e de lá exportada para o resto do mundo, como sabemos.

Por isso, tudo o que eu queria para 2009 era não sentir saudades de 2008, mas eu sei que vai ser difícil. A economia mundial está hoje de tal forma globalizada e embricada que nenhum país ficara a salvo desta crise, por mais sólidos que sejam os fundamentos da economia brasileira.

Uns vão perder mais, outros menos, mas dificilmente voltaremos a ter tão cedo um ano como este que está terminando. Vai depender de como cada um de nós reagir à crise: entregando-se ao noticiário catastrófico, que antecipa e amplifica problemas, ou indo à luta, buscando formas de superá-la ou ao menos minimizá-la, como tem feito o governo brasileiro. 

Vida que segue.