Fat cats


A luta de classes - lembra dela? - voltou. Dizem que quem compra em lojas de grife na Quinta Avenida de Nova York está pedindo para botarem as compras em sacolas de supermercado, para evitar olhares raivosos na rua. A revolta com os “fat cats”, gatos gordos, cuja desonestidade e incompetência estão pondo abaixo a economia americana foi atiçada quando os executivos das três maiores montadoras de carro do país chegaram a Washington para pedir dinheiro ao governo, cada um no seu jato particular. A desculpa era que teriam ido de carro se seus carros fossem de confiança. Revelou-se que muitas das financeiras subsidiadas para não falirem estão usando parte da ajuda para dar as regalias e os milionários abonos de sempre aos seus executivos. O socorro ao capital financeiro mundial lembra aqueles programas adotados em países que em vez de combater o comércio de drogas dão dinheiro para o usuário manter seu vício sem precisar recorrer ao crime. As financeiras estão sendo pagas com dinheiro público para manter seus maus hábitos. Acho que foi o Paul Krugman quem escreveu, estes dias, que a única diferença entre o esquema do mega-vigarista Bernard Madoff e o que, em essência, faz todo o setor foi que o Madoff se auto-denunciou. Senão, ele também acabaria recebendo dinheiro para sustentar seu vício.
Luis Fernando Verissimo

Uma mãozinha

Hipocrisia sem limites


A hipocrisia não tem limites.
O Papa vive a condenar o luxo, a ostentação agarrado a um cajado de ouro enfeitado com pedras preciosas.
Triste!!!

25 de Dezembro de 2007

- O que é ter fé? 
- É uma meninazinha, na praia, esvaziando o mar com um baldinho de plástico furado. 

Garoto, ao ver irmãs gêmeas na rua: 
- Mãe, eu vi duas meninas de cara repetida!

- A cor do céu depende da hora, do tempo e de quem olha. Quem diz que o céu é azul, nem desconfia que, de noite, ele pode ser preto e, quando vai anoitecendo, pode até ser rosa ou vermelho. Quem diz que o céu é azul é analfabeto de céu.

- Eu sou otimista, sim. Nunca penso nos oito gols que deixei entrar, mas nos cinco que eu não deixei.

- Paciência é uma coisa que mamãe perde sempre. 

- Relâmpago é um barulho rabiscando o céu. 

- Palhaço é um homem todo pintado de piadas. 

- Sono é saudade de dormir. 

- Arco-íris é uma ponte de vento. 

- Deserto é uma floresta sem árvores. 

- Felicidade é uma palavra que tem música.

- Rede é uma porção de buracos amarrados com barbante. 

- Vento é ar com muita pressa.

- Cobra é um bicho que só tem rabo. 

- Helicóptero é um carro com ventilador em cima. 

- Esperança é um pedaço da gente que sabe que vai dar certo. 

- Alegria é um palhacinho no coração da gente.

- Avestruz é a girafa dos passarinhos.

- Calcanhar é o queixo do pé. 

- Chope é o refrigerante de adulto

(Fonte: "Dicionário de Humor Infantil", coletânea de definições espontâneas e achados poéticos de crianças entre 3 e 11 anos de idade, compilada por Pedro Bloch )

O Brasil não pode contar com o BC


No Natal da crise, vendas crescem até 15%

A crise que está afetando o mundo todo atrapalhou menos que o esperado as vendas do varejo no Rio. É o que mostra a reportagem das jornalistas Nadja Sampaio e Luciana Calaza, publicada na edição desta quinta-feira do jornal O Globo ( clique aqui e leia a matéria na íntegra no Globo Digital , disponível apenas para assinantes). Com os shoppings apelando para sorteios de carros e apartamentos e dando descontos, as vendas cresceram cerca de 10% em relação ao ano passado. No país, a expectativa da Associação Brasileira de Shoppings Center (Abrasce) é de aumento de vendas de 12% a 15%. No Rio, há shoppings prevendo alta de 8%.

O shopping Nova América registrou um recorde de movimento em seus 13 anos: 120 mil pessoas passaram pelos corredores na véspera do Natal. Para Carlos Martins, superintendente do shopping, o gasto médio de compras de R$ 470 foi puxado pela promoção inédita que vai sortear um apartamento de dois quartos entre os clientes.

Foi também o sorteio de dois carros New Beetle, o que fez triplicar o gasto médio nos shoppings Rio Design (Leblon e Barra), para R$ 1.500. Mais de 15 mil cupons foram preenchidos, o que corresponde a uma média de R$ 5,5 milhões em compras.

O Bangu Shopping, em seu segundo Natal, fez a promoção Fábrica de Prêmios, com sorteio de um carro (Palio 0 km), feito ontem, e mais 85 prêmios. No shopping Rio Sul, o aumento de vendas está em 8%, mas o superintendente Márcio Werner estima que, com um movimento de 1,5 milhão de pessoas no mês, o crescimento pode chegar a 12%.

Também no Botafogo Praia Shopping, o superintendente Alexandre Barros diz que, apesar dos rumores de crise, alguns lojistas estão comemorando vendas 30% superiores a 2007.

Para Enio Bittencourt, presidente da Saara, a crise passou longe: a expectativa é de vendas 20% maiores.

Lula é só mais um no Natal do povo de rua

Fazia tempo que eu não chorava, mas não deu pra segurar vendo o povo da rua, os catadores de papel e os paulistanos sem nada, excluídos de tudo, dançando e cantando na maior alegria com o presidente Lula, ontem à tarde, na quadra do Sindicato dos Bancários, na rua Tabatinguera, centro de São Paulo.

“A única coisa que eu peço a Deus é estar com saúde para poder trabalhar mais, viajar mais, inaugurar mais obras no ano que vem”

Quem lê o texto e o título acima, e não conhece a história, ou simplesmente não gosta do presidente, eu sei, pode achar que é demagogia, coisa de líder populista em final de mandato, fazendo média com seus eleitores na véspera do Natal.

O mandato do presidente Lula está mesmo entrando na reta final, faltam só mais dois anos. Ele mesmo lembrou várias vezes do pouco tempo que lhe resta de governo no discurso que fez ao final desta festa natalina sem luxo nem pompa, da qual já participa religiosamente faz seis anos, desde o primeiro dezembro de seu primeiro governo. O corintiano Lula também é hexa, pelo menos aqui…

O compromisso dele com este povo, porém, para quem conhece a história, vem de muito antes, e não termina junto com seu segundo mandato. “Espero ser convidado quando não for mais presidente”, brincou, andando pela quadra como um animador de auditório, para uma platéia que nunca o chamou de senhor, muito menos de excelentíssimo senhor presidente da República.

Aqui ele volta a ser só o Lula do Estádio de Vila Euclides, em São Bernardo do Campo, no final dos anos 1970, quando comandava uma multidão de metalúrgicos em greve _ ali onde tudo começou durante a resistência á ditadura militar.

O jeito de falar, como se estivesse conversando com cada um em particular, no balcão de um boteco, e a empatia natural com a platéia, são exatamente iguais. Só a roupa dele agora é mais chique e os assuntos são outros _ da vida dos moradores de rua à crise econômica mundial.

Se não estivesse de terno e gravata, cercado de assessores, seguranças e ministros, ele seria apenas mais um neste encontro da Associação Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis.

Lula tinha acabado de chegar de um encontro no Copacabana Palace, no Rio, em que discutiu os destinos do mundo com o presidente francês Nicolas Sarkozy. Pode-se imaginar o choque cultural na cabeça dele entre um compromisso e outro, separados por apenas uma hora de vôo. Em seguida, voltaria a Brasília para passar o Natal com a família.

Ao falar destes dois encontros tão diferentes no mesmo dia, o presidente reparou que estas coisas só acontecem no Brasil. “Por isso, a gente nunca deve esquecer de onde veio”.

Pois eu me lembrei na hora de uma frase dele muito repetida em velhas campanhas eleitorais: “A cabeça da gente pensa e o coração sente, de acordo com o lugar onde nossos pés pisam”.

Vai ver que é por isso que Lula viaja tanto, aqui dentro e lá fora, querendo estar em todo lugar ao mesmo tempo, sem se perder no caminho.

Prestou muita atenção e balançou a cabeça no discurso empolgado de Anderson Miranda, do Movimento Nacional do Povo da Rua, que denunciou violências cometidas pelo poder público em São Paulo, Belo Horizonte e outras cidades chamadas de higienistas. Depois, cobrou providências dos ministros que o acompanhavam, Patrus Ananias e Paulo Vanucchi, além do chefe de gabinete, Gilberto Carvalho.

Todo ano o ritual se repete: o pessoal do governo conta o que foi feito, o povo da rua agradece e faz mais reivindicações, o governo promete atender e, no ano seguinte, a cobrança continua. Desta vez, Lula mandou que, já em janeiro, os dois lados fizessem uma reunião juntos para se entender e resolver os problemas de uma vez, “porque agora só faltam dois anos”.

Até o cardeal arcebispo de São Paulo, D. Odilo Scherer, sempre muito reservado, entrou na dança junto com Lula e os músicos da orquestra, todos moradores de rua, que apresentaram uma ópera chamada ”Confabulário”.

Entra ano, sai ano, Lula não foi embora antes de dar uma estocada na imprensa. “Vi na manchete de um jornal hoje que perdemos 40 mil empregos em novembro. Mas não vi nenhuma notícia de que este ano, de janeiro a outubro, o Brasil criou 2,2 milhões de novos empregos”.

Planos pessoais para 2009? “A única coisa que eu peço a Deus é estar com saúde para poder trabalhar mais, viajar mais, inaugurar mais obras no ano que vem”, contou-me, quando lhe fiz a pergunta, assim que chegou à quadra do Sindicato dos Bancários, com o mesmo pique do primeiro dia de governo em Brasília.

Férias? Como ninguém é de ferro, e este sempre é um drama para resolver na família Silva, a cada final de ano, Lula já decidiu que vai passar dois dias na ilha de Fernando de Noronha em janeiro. “Só para levar os meninos, porque eu não gosto de mergulhar…”.

Seis anos depois do primeiro encontro com o povo da rua na véspera do Natal, muita coisa mudou na vida deles, do presidente e do país. Para Lula, este talvez seja o melhor momento do ano na pesada rotina da agenda presidencial, aquele em que fica mais à vontade _  e já chama as pessoas pelo nome para brincar com elas. Como ele mesmo diz, só no Brasil…

Vida que segue. Neste primeiro Natal do Balaio, espero que todos os leitores possam ter hoje a mesma felicidade que senti ontem ao participar novamente desta festa do povo da rua, organizada todo ano pelo meu amigo padre Júlio Lancelotti. 

Como Lula, conheço esta história: desde o começo dos anos 80, quando trabalhava na Folha, acompanho e faço reportagens sobre a luta deste povo por uma vida mais digna. Foi bonito.

porRicardo Kotscho