A oposição partidária brasileira carece totalmente das características que permitiram ao PT crescer sem ser poder. PSDB, DEM e PPS são exemplos disso.

Por miopia ou má-fé, virou hábito atribuir ao Partido dos Trabalhadores todas as mazelas do sistema político. Marina Silva não teve dúvidas ao acusar o PT de "chavismo" porque seu partido, a Rede, não conseguiu o registro junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a tempo de disputar as eleições presidenciais do próximo ano. A falha apontada pela Justiça eleitoral no processo de formação da nova legenda foi a ausência de mais de 50 mil assinaturas, no total de um milhão exigidos por lei para o seu registro – e, convenhamos, a lei não atribui ao PT a obrigação de colher as assinaturas necessárias para a formação de um partido para Marina. Da mesma forma, a debilidade de partidos já constituídos não decorre de uma ação do PT, mas de uma inação dos próprias legendas.

No atual quadro partidário, apenas o PT mostrou capacidade de existir e se desenvolver fora do poder. Desde a sua fundação, em 1980, até 2003, quando assumiu a Presidência da República pelo voto direto, o partido teve um crescimento contínuo. Foi criado e floresceu na oposição a sucessivos governos.

Tomando por base o aumento da bancada federal petista, nota-se que o partido da presidenta Dilma Rousseff teve um crescimento atípico em relação aos demais partidos: em 1982, primeira eleição que concorreu, elegeu oito deputados federais; em 1986, 16; em 1990, 38; em 1994, 49; em 1998, 59. Em nenhuma dessas eleições era ou apoiou um governo.

Em 2002, quando elegeu Luiz Inácio Lula da Silva pela primeira vez para presidente, sua bancada deu um salto, como ocorreu com os demais partidos que chegaram à Presidência no pós-ditadura (PMDB, com José Sarney, em 1985; Collor e seu PRN em 1989 e FHC nos mandatos 1995-1998 e 1999-2002). O PT, no ano em que Lula venceu, pulou de 59 para 91 deputados federais. Mas, ao contrário do que ocorreu com os demais, a única eleição em que reduziu a sua bancada foi em 2006, quando estava no poder: elegeu Lula para o segundo mandato, mas pagou a conta do escândalo do escândalo do chamado Mensalão, ao obter menos votos para a sua bancada na Câmara dos Deputados. Nas eleições de 2010, que levaram Dilma Rousseff ao poder, aumentou ligeiramente sua bancada federal – para 86 deputados -, embora ainda não tenha recuperado o que obteve no boom eleitoral de 2002.

Salvo se errar muito a mão no processo de institucionalização partidária, o PT tende a se manter importante na política brasileira independentemente de ser governo e oposição: tem eleitorado próprio e ainda mantém uma certa organicidade com setores sociais. Essas variáveis garantem que a legenda não se tornará desimportante se descer da ribalta para a arena política, como aconteceu com o PSDB e seu fiel escudeiro, o DEM, ex-PFL. Se aprofundar a dependência que hoje já tem de políticos que dominam clientelas políticas e têm perfil muito próximo ao dos partidos tradicionais, essa vantagem comparativa que possui em relação aos demais tende a desaparecer.

A oposição partidária brasileira carece totalmente das características que permitiram ao PT crescer sem ser poder. Quanto mais fica longe do governo federal, mais dificuldades as lendas que são de oposição têm de sobreviver. O PSDB, o DEM e o PPS são a expressão recente mais acabada das fragilidades de um sistema que tende a concentrar apoios políticos nos partidos de governo e condenar os partidos de oposição à autodestruição.

O PSDB e o DEM (ex-PFL), aliados desde a primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1994, e separados apenas por um breve momento, nas eleições de 2002, vivem esse fenômeno. Ambos incharam nos governos tucanos, quer por aumento de votos, quer pela liberalidade da lei, que permitia aos eleitos mudarem de partido quanto bem entendessem. Em 1990, na primeira eleição para a  Câmara dos Deputados enfrentada pelo PSDB, criado de um racha do PMDB em 1987,  o partido fez 38 deputados, mesmo na oposição – mostrava alguma musculatura na origem, portanto. Em 1994, junto com o presidente Fernando Henrique, elegeu uma bancada de 62 parlamentares. A partir da eleição, exerceu todo o poder de atração que um partido governista pode ter sobre as bancadas de partidos derrotados. Agregou votos obtidos por amplas alianças eleitorais, puxadas pelo fato de estar no poder, e adesões pós-eleitorais de parlamentares que não queriam ficar na oposição.

De 1995 a 1997, logo depois das eleições que deram o primeiro mandato a FHC, migraram para o PSDB um governador, três senadores, 34 deputados federais, 79 deputados estaduais e 124 prefeitos, segundo levantamento feito pelo cientista político Celso Roma. Em 1998, eleição que deu o segundo mandato a FHC em primeiro turno, o PSDB elegeu uma bancada de 99 deputados.

O poder de atração governista quase levou os dois partidos que dividiam a chapa presidencial, o PSDB e o PFL, a um processo de autofagia. Em 1994, o PFL, que nunca tinha estado fora do poder, elegeu uma bancada de 89 deputados (contra 83 em 1990). Em 1998, fez 105 deputados. Ambos disputaram, ao longo dos dois anos de mandato, parlamentares que desejavam migrar para partidos melhor considerados no trato com a máquina administrativa do governo.

A glória vivida pelos dois partidos nos oito anos de governo de FHC começou a se mostrar que efêmera já no primeiro turno de 2002, quando a bancada federal dos partidos foi definida junto com os dois candidatos presidenciais que foram para o segundo turno, Luiz Inácio Lula a Silva (PT) e José Serra (PSDB). Dos 99 deputados tucanos eleitos em 1998, sobraram 70; o PFL viu despencar sua bancada de 105 para 84 deputados. Em 2006, quando Lula se reelegeu, o PSDB fez apenas 66 deputados; o PFL, 65. Nas eleições de 2010, quando Dilma Rousseff foi eleita para exercer um terceiro mandato pela legenda petista, os dois principais partidos de oposição tinham 54 deputados (PSDB) e 43 deputados (o ex-PFL, já DEM na época). Com a formação do PSD, no final de 2011, e a dos recentes PROS e Solidariedade, o PSDB perdeu mais oito deputados e tem, hoje, uma bancada de 46 parlamentares na Câmara dos Deputados. O DEM ficou com uma bancada inexpressiva, de 25 parlamentares. E o PPS, fiel escudeiro tucano mas muito pequeno, tornou-se nada além do que um partido nanico: elegeu 12 deputados e hoje tem 7.

Esse encolhimento tem mais consequências do que a mera capacidade de atuação da oposição no Legislativo. A análise sobre o canto do cisne do PSDB e do DEM continuará na próxima coluna.
Inês Nassif

Briguilinks

O plenário da Câmara aprovou por acordo, a primeira parte do novo Código de Processo Civil.

Ao todo, o texto tem 1.085 artigos e os deputados aprovaram parte inicial do código até 318º. O novo texto estabelece ordem cronológica de julgamento de processo que esteja em fase de conclusão, pronto para sentença do juiz. O projeto também institui a tutela antecipada, expediente no qual o juiz assegura pagamento do pedido do autor da ação mesmo antes do término do processo.

O relator dessa primeira parte do código, o deputado Efraim Filho (DEM-PB), destacou também a previsão do processo eletrônico, que garantirá, por exemplo, realização de audiências e tomadas de depoimentos por meio de videoconferência e o fortalecimento da mediação e conciliação de conflitos.

Evandro Ébole

O bem que o mal faz

Certas personalidades não combinam com a monotonia da mesmice, por mais tranquilidade que essa mesmice proporcione ao espírito e ao corpo e, muito menos, com a serenidade de hábitos arraigados ou comprometidos com as restrições impostas pela periferia que patrulha o comportamento alheio.

Enfim, aquelas personalidades que não estão nem aí para as línguas bipartidas das cobras de plantão, cujo veneno escorre sem pressa pelo canto da boca, geralmente envelhecida, rachada como lodo seco em parede mofada, mais ou menos assim.

Quem aplaude, quem ri junto, quem se diverte em grupo ou na alcateia dos lobos moleques ou quem espreita feito hiena de riso histérico, esperando pelo banquete das sobras da carcaça do tigre guerreiro e predador, mas ferido de morte, pode-se dizer que estão do mesmo lado... Sim, porque do outro lado sempre está o objeto de suas atenções.

Dificilmente, existe quem tenha a coragem ou a solidariedade desinteressada de atravessar a sutil linha que separa um lado do outro para cuidar do animal ferido ou amenizar seu sofrimento, diminuir a sua dor por detrás da máscara que tenta escondê-la por dignidade de princípios. Devo pouco e tenho quase nada, mas quando me for não deixarei contas a pagar, com toda certeza e, portanto posso caminhar contra o vento, sem lenço e apenas com o passaporte, olhando para bem além do horizonte onde o sol nasce mais cedo e mais adiante.

Não tenho mais compromissos com nenhum lugar nem qualquer porto será o definitivo para atracar de vez a minha vontade aventureira de caçar imagens únicas, nem que sejam para meu banquete pessoal e para que possa admirá-las em paz e depois deixá-las como legado da passagem pelas estradas que enfrentei vida afora. Dia haverá de chegar onde farei meu derradeiro clique, mas não tenho mais pressa. Perdi o medo de vez. E algum medo tive? Claro, quando fraquejei ante o pequeno fantasma arvorado de forte que fustigou a parte frágil do impávido, corri para as montanhas mais distantes, para o frio cercado de silêncio quase absoluto e me rendi de pé, sem abaixar os olhos, mas no final tudo não passou de um vento besta, de uma nuvem nem tão ameaçadora assim. Era mais uma sombra e que se desfez com as luzes das minhas estrelas e de uma Lua que se encheu toda e me abraçou quando mais precisei.

O mal de toda uma agonia que chegou a se prenunciar duradoura transformou-se em consequência passageira, sim porque as rotinas e a contumácia da mesmice tendem perder suas forças quando são interrompidas de vez pela lucidez que se impõe quando se acerta no rumo da reflexão.

E foi assim, exatamente assim... Desde o começo, lá atrás, há muito tempo, todos os prenúncios eram de que havia toda uma aura de coisa ruim no entorno do anjo e demônio a um só tempo, que foi capaz de seduzir o demônio que se transformou em anjo para ser seduzido na complexidade do todo que atrai a curiosidade dos afoitos, aventureiros irresponsáveis que se esquecem, por um momento que seja, de que os circunstantes podem se transformar em feridos como efeitos colaterais dessas explosões de paixão avassaladora que eclodem com o olhar catalisador que faz tudo ir pelos ares entre risos, gargalhadas, gemidos e gritos histéricos das festas pagãs dos amantes enlouquecidos.

Depois, somente muito depois, o consolo é olhar para trás e dizer que valeu a pena, que foi um mal que conseguiu se transformar em um bem para não ter passado pela vida sem viver e descobrir o verdadeiro sentido de pecado e saber o tamanho do perdão a ser pedido de joelhos...

A. Capibaribe Neto

Blablarinagem

Hoje ganhei o dia. Num é  que no final do dia li um texto que ela assinaria embaixo, confiram :

"Hoje tivemos uma aula sobre hierarquização de seres humanos. As palavras que saíram das bocas daqueles que devem zelar pelas garantias constitucionais merecem um estudo. Que as suas consciências pesem a cada violação de direitos e que tenhamos saúde e determinação para denunciar. Mesmo que a nossa demanda de respeito a constituição seja bem sucedida, continuaremos assombrados por discursos mascarados e recheados de eugenia. Serenidade diante das palavras, atos e fatos e' um verdadeiro desafio. Eugenia nao combina com republica e democracia. Amanha vai ser outro dia."

MPF (MG) tá incomodado? Sexploda

"O governo federal tem obrigação de prestar contas e dar transparência aos atos, ações e obras executados com recursos públicos, que pertencem a todo o povo brasileiro. Esse é o objetivo das campanhas institucionais e de utilidade pública veiculadas pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República pelo país," afirmou nesta terça-feira (5), a ministra chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Helena Chagas.

O comentário foi uma resposta à notícia da representação protocolada no Ministério Público Federal, em Minas Gerais, que questiona a veiculação de publicidade de programas, obras e projetos federais implantados no estado.

"A Secom não faz nada além de cumprir sua missão legal ao prestar satisfação ao cidadão brasileiro sobre as muitas realizações do governo federal, ainda que isso incomode a alguns", disse a ministra.

Saiba mais: http://bit.ly/18WjlmT

Cinismo por cinismo

... dou um (Ricardo Noblat) pelo outro (Aécio Neves) e não quero volta.
Leiam com atenção o texto do blogueiro limpinho abaixo e digam se tenho ou não razão.

Não se faz política sem altas doses de cinismo. Mas esta, de Aécio Neves, oferecida hoje ao distinto público, deve ser guardada como exemplo notável de esmero.
No momento, nada incomoda mais Aécio do que a teimosia de José Serra em querer ser pela terceira vez candidato do PSDB à presidência da República.
O que disse Aécio a propósito do empenho de Serra que não para de viajar pelo país atrás de apoios:
- Deixem o Serra trabalhar em paz! O que ele está fazendo é absolutamente legítimo e positivo para todos nós. É mais uma voz na oposição ao governo do PT e não há nenhuma tensão entre nós. Para desalento dos que apostam contra, vamos estar juntos para derrubar o governo do PT, que se tiver mais um mandato, será dramático para o país.
Se depender do cinismo bem concebido, Aécio está pronto para suceder Dilma.