É teimoso

Eu já falei que é um touro, mas ele insiste em ordenar.

O Centenário de Humberto Teixeira

Por Mara L. Baraúna





Humberto Cavalcanti Teixeira (Iguatu, CE, 5 de janeiro de 1915 — Rio de Janeiro, 3 de outubro de 1979) 

Filho de João Euclides Teixeira e Lucíola Cavalcante Teixeira. Desde cedo apresentava aptidões para a música; aos seis anos aprendeu a tocar musette, versão francesa da gaita de foles. Aprendeu também flauta e bandolim. O seu tio Lafaiete Teixeira, foi o responsável pelos seus primeiros ensinamentos musicais, era maestro e tocava vários instrumentos.

Aos 13 anos, depois de ter editado sua composição Miss Hermengarda, tocava flauta na orquestra que musicava os filmes mudos no Cine Majestic de Fortaleza. Aos 15 anos radicou-se no Rio de Janeiro onde, aos 18 anos, em 1934, foi premiado com Meu Pecadinho pela revista O Malho num concurso de música carnavalesca.

Iniciou a carreira artística tocando como flautista-aluno na Orquestra Iracema, regida pelo maestro Antônio Moreira. Em 1931 mudou-se para o Rio de Janeiro. Em 1934, foi um dos vencedores do concurso de músicas carnavalescas promovido pela revista "O Malho".

Ao lado de músicas de Ary Barroso, Cândido das Neves, José Maria de Abreu e Ari Kerner, classificou sua composição "Meu pedacinho". Mesmo assim, não conseguiu gravar, e seguiu compondo valsas, toadas, modas e canções, que eram editadas para piano pela casa A Guitarra de Prata. 

Em 1943, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e passou a trabalhar em um escritório na Avenida Calógeras. Nesta época já tinha composto sambas, marchas, xotes, sambas-canções e toadas e tentava lançar o ritmo nordestino "balance" ou "balanceio" tocado pelo parceiro Lauro Maia (com quem compôs "Deus me perdoe" e "Vamos balancear"). Em 1944, tinha gravado a primeira música, em parceria com Lírio Panicalli, o samba apoteótico Sinfonia do Café, cantado por Deo. Em 1945, Orlando Silva gravou os sambas "Só uma louca não vê" e "Samba da roça", ambos de parceria com Lauro Maia.

Numa tarde em agosto de 1945, conheceu aquele que se tornou seu grande parceiro de inúmeros sucessos, Luiz Gonzaga. Da parceria dos dois surgiu o baião, numa batida uniforme feita para dançar. Substituíram os instrumentos originais, viola, pandeiro, botijão e rabeca, por acordeom, triângulo e zabumba. O novo ritmo fez uma revolução na música brasileira, que oscilava na época entre o samba-canção e os ritmos importados, e via-se diante de algo completamente novo e que entrou direto no gosto popular, o baião. A dupla com Luiz Gonzaga rendeu inúmeros sucessos, dentre os quais os maiores foram: "Mangaratiba", "Juazeiro", "Paraíba", "Qui nem jiló", "Xanduzinha",  "Baião", "Asa branca", "Lorota boa", "Assum preto", "Estrada de Canindé", "Respeita Januário" e "Meu pé de serra".

Em 1950, a dupla se desfez, com a ida de Luiz Gonzaga para a Sbacem. Ainda em 1950 teve a música "Meu brotinho", cantada por Francisco Carlos no filme "Carnaval no fogo". O referido cantor tornou-se conhecido pelo público a partir deste sucesso. No mesmo ano, Humberto Teixeira elegeu-se deputado federal pelo Ceará, com maciça votação. Em 1951 teve "Bate o bumbo" interpretada por Eliana no filme "Aviso aos navegantes". No mesmo ano, dois sambas de sua autoria foram gravados: "Desci o morro", em parceria com Lauro Maia, gravado por Os Boêmios, e "Martírio", em parceria com Oldemar Magalhães, gravado por Helena de Lima.  Ainda em 1951 teve  grande êxito com a composição "Sinfonia do café", feita especialmente para o espetáculo "Muiraquitação", encenado no Teatro Municipal e gravado por Déo e Coro dos Apiacás, pela Continental. A mesma Helena de Lima gravou "Baião de Salvador", da parceria com  Sivuca.

Foi eleito o "melhor compositor nacional" pela Revista do Rádio nos anos de 1950, 1951 e 1952, sendo recebido pelo presidente Getúlio Vargas.

Em 1952, teve a "Marcha do sapinho", parceria com Norte Victor,  cantada por Oscarito e Maria Antonieta Pons, no filme "Carnaval Atlântida". Em 1956, juntamente com o compositor João de Barro fundou a Academia Brasileira de Música Popular. Além de Luiz Gonzaga, teve como um dos seus principais parceiros o cunhado Lauro Maia com quem compôs, entre outras, "Mariposa", marcha gravada por Orlando Silva em 1946, e "Pecador", samba gravado em 1949 por 4 Ases e 1 Coringa. Fez também diversas composições com Felícia de Godoy, entre as quais "Antes que eu enlouqueça" e "Vou-me embora".

Suas composições foram gravadas por diversos intérpretes, entre os quais Carmélia Alves, com a marcha rancho "Jardineira de ilusões", Odete Amaral, com a marcha "Bem vi", Jamelão, com "Pirarucu", Cyro Monteiro com "Agradece a Deus", Ivon Curi, com "A beleza da Chuiquinha" e Emilinha Borba com "Tá fartando coisa em mim". Posterirormente, Geraldo Vandré, Caetano Veloso e Alceu Valença entre outros  gravaram "Asa branca" e Gal Costa gravou "Assum preto", além de  outros artistas contemporâneos que gravaram composições de sua autoria.

Em 1958, conseguiu aprovar no Congresso Nacional a Lei Humberto Teixeira para a formação de caravanas de artistas para divulgar a música brasileira no exterior. A primeira dessas caravanas foi formada no mesmo ano, contando com a participação dos artistas Abel Ferreira, Sivuca, Pernambuco, Dimas, Trio Iraquitã e Maestro Guio de Morais, tendo percorrido diversos países. Sempre sob a direção de  Humberto Teixeira, essas caravanas aconteceram até 1964.

Em 1971, foi eleito vice-diretor da UBC, dando prosseguimento a sua luta pelos direitos autorais. Com mais de 400 composições gravadas,  tornou-se um compositor reconhecido internacionalmente, com composições gravadas em diversos idiomas.  A partir do ano 2000, sua filha, a atriz Denise Dumont, residente em Nova York, encarregou-se de resgatar suas memórias, promovendo shows e artigos em jornais e revistas sobre a importância de sua obra. Em 2001, teve a música "baião" (c/ Luiz Gonzaga) gravada por Targino Gondim, no CD "Dance Forró Mais eu".  

Em 2002 foi homenageado por ocasião da entrega do Primeiro Prêmio Rival BR de Música / Troféu Humberto Teixeira, na noite de 27 de agosto daquele ano, com a realização de um show-tributo,  com a participação de Elba Ramalho, Fagner, Gilberto Gil, Lenine, Rita Ribeiro, Sivuca, Cordel de Fogo Encantado, Carmélia Alves e Zeca Pagodinho, que interpretaram, entre outras, " Adeus Maria Fulô", parceria com Sivuca, "Juazeiro", "Assum preto", "Qui nem jiló" e "Estrada do Canindé", todas em parceria com Luiz Gonzaga.

O show, que fez parte do documentário sobre o compositor, produzido por Ana Lontra e pela filha do artista, Denise Dummont,  foi lançado em CD em 2003, pelo selo Biscoito Fino o CD com o título "O Doutor do Baião. Além do registro ao vivo do show, o disco apresenta nas quatro primeiras faixas, gravadas em estúdio, Maria Bethânia, exortando o lirismo sertanejo em "Asa Branca; Caetano Veloso em "Baião de Dois", Sivuca acompanha Gal Costa em "Adeus Maria Fulô" e Chico Buarque interpreta "Kalu", em cuja letra se pode ver exemplo de como Humberto Teixeira soube transitar  entre a erudição e as licenças poéticas, trazendo versos como: "Tira o verde desses óio de riba d"eu". Também faz parte do projeto a revitalização de "Juazeiro", por Gilberto Gil e, na última faixa, todos cantam "Asa Branca".

Em 2004,  "Asa Branca", composta com Luiz Gonzaga, foi apontada como uma das mais executadas, em diversas apresentações de palco, além de execuções no rádio, segundo dados da Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição).

Em 2006, ocorreu, pela Jobim Music e Good Ju-Ju,  a publicação do livro "Cancioneiro - Humberto Teixeira", um compêndio de 2 volumes em homenagem ao compositor. O volume 1- "Biografia" e o segundo volume, "Obras escolhidas", contendo as partituras e letras de uma seleção de obras, sob os cuidados da atriz Denise Dummont, filha de Humberto Teixeira. O projeto, que teve concepção da Jobim Music, foi realizado com curadoria de Denise e Ana Lontra Jobim, tendo, os dois volumes,  texto biográfico, em oito capítulos, de Ricardo Cravo Albin, apresentação de Sérgio Cabral e prefácio de Tárik de Souza. Os arranjos, das partituras foram assinados por Wagner Tiso e o desenho gráfico por Gringo Cardia. O volume "Biografia" também contou com breve declaração de Roberto Smith, presidente da BNB.

Em 2008 Lirio Ferreira dirigiu o documentário O Homem que engarrafava nuvens

Em 2009, teve as suas músicas "Orélia"; "Juazeiro" (c/ Luiz Gonzaga); e "Estrada de Canindé" (c/ Luiz Gonzaga), gravadas no CD "Canções de Luiz", do cantor e sanfoneiro Targino Gondim.

Seu clássico "Asa branca", parceria com Luiz Gonzaga, é uma das músicas mais conhecidas e gravadas do cancioneiro popular brasileiro, tendo recebido gravações de cantores consagrados como João Mossoró, Gilberto Gil, Dominguinhos, Lulu Santos, Fagner, Caetano Veloso, Elis Regina, Tom Zé, Chitãozinho e Xororó, Ney Matogrosso, Badi Assad, Maria Bethânia, Hermeto Pascoal, Quinteto Violado, Xangai e Raul Seixas, que gravou a canção em uma versão em inglês, além do original em português, fazendo um mix com a música "Blue Moon of Kentucky", do norte-americano Bill Moroe. A composição continua sendo revitalizada com interpretações em shows e gravações de cantores e duplas mais jovens do universo sertanejo. 

Em maio de 2010, o cantor e compositor Zé Ramalho lançou, pelo selo Descobertas, o CD "Zé Ramalho canta Luiz Gonzaga", marcando 20 anos de ausência do Rei do Baião. Neste disco, produzido por Marcelo Fróes, Zé Ramalho incluiu 7 faixas de autoria de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, que fizeram sucesso com este último: "Baião", "O xote das meninas", "Asa Branca", "No meu pé de serra", "Qui nem jiló", "Paraíba" e "Assum preto".

Em 2011, foi lançada pelo selo Discobertas, em convênio com o ICCA - Instituto Cultural Cravo Albin, a caixa "100 anos de música popular brasileira", com a reedição, em 4 CDs duplos, dos oito LPs que continham as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin, na Rádio MEC-RJ, em 1974 e 1975. Nesses CDs estão incluídos os baiões "Dezessete e setecentos", com Miguel Lima; "Baião", "Paraíba", "Juazeiro", "Magaratiba", "Qui nem jiló" e "Asa branca", todas com Luiz Gonzaga, na interpretação do "Rei do Baião".

Em sua homenagem e reconhecimento, foi batizada com seu nome a Rodovia CE-021 (que liga Iguatu a Fortaleza), a Agência do Banco do Nordeste do Brasil de Iguatu e o Centro Cultural Iguatuense.

Humberto Teixeira na Wikipédia 

Humberto Teixeira no Dicionário Cravo Albin 

BNB, Jobim Music e Good Ju-Ju lançam o Cancioneiro Humberto Teixeira, por Luciano Sá

Espaço divulga acervo de Humberto Teixeira, por Honório Barbosa

O Homem que Engarrafava Nuvens, por Paulo Yokota

Humberto Teixeira fala da sua parceria com Luiz Gonzaga em entrevista concedida a Nirez, em 1977, por Euriques Fernandes Carneiro

Inácio propõe homenagens no centenário de Humberto Teixeira

Momento Três faz homenagem aos 100 anos Humberto Teixeira




PAC 2: Quatro anos de investimentos

PAC 2 completou quatro anos em 2014 e contribuiu significativamente para dinamizar os investimentos do país em projetos de infraestrutura logística, energética e urbana. Os resultados, divulgados em dezembro no 11º Balanço dessa segunda etapa do programa, são significativos: execução de R$ 1,066 trilhão (96,5% do previsto para o período entre 2011 e 2014) e R$ 796,4 bilhões em ações concluídas (99,7% do valor global previsto até o final de 2014).

Ministério do Planejamento preparou uma série de vídeos com algumas das principais realizações do programa nesses quatro anos, um para cada eixo: Energia, Transportes, Comunidade Cidadã, Água e Luz Para Todos, Cidade Melhor e Minha Casa, Minha Vida.

Transportes
Eixo Transportes do PAC 2 concluiu R$ 66,9 bilhões em empreendimentos em todo o País. Foram 5,1 mil quilômetros de rodovias, 1,1 mil quilômetros de ferrovias, 30 empreendimentos em portos e 37 empreendimentos em aeroportos, o que permitiu a ampliação da capacidade de atendimento para 70 milhões de passageiros por ano.

Minha Casa, Minha Vida
No Eixo Minha Casa, Minha Vida, foram concluídos empreendimentos no valor de R$ 449,7 bilhões. Cerca de 3,7 milhões de moradias foram contratadas, das quais 1,87 milhão já foram entregues. São mais de sete milhões de pessoas beneficiadas, quase três vezes a população de Belo Horizonte (MG).

Comunidade Cidadã
No Eixo Comunidade Cidadã, foram contratadas a construção ou ampliação de 14,4 mil Unidades Básicas de Saúde, com investimentos de R$ 3,7 bilhões, em 4.145 municípios de todo o país, das quais 9 mil estão em obras e 3,2 mil foram concluídas até 2014.

Foram também contratadas 484 Unidades de Pronto Atendimento (UPA), que terão capacidade mensal de até 3,1 milhões de atendimentos e, desse total, 283 estão em obras e 39 foram concluídas até outubro de 2014.

Cidade Melhor
Eixo Cidade Melhor concluiu 1.600 empreendimentos de saneamento, com investimentos de R$ 10,7 bilhões – incluindo esgotamento sanitário e saneamento integrado. Além disso, foram concluídos 86 empreendimentos de drenagem, 27 de contenção de encostas e 46 de pavimentação.

Em Mobilidade Urbana, foram concluídos, ou estão em fase final de obras, e já operam 31 empreendimentos. E por meio do PAC Cidades Históricas, o governo federal disponibilizou R$ 1,6 bilhão para recuperação de monumentos e sítios urbanos de 44 cidades, em 20 estados. Estão em execução, por exemplo, as restaurações da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Ouro Preto (MG) e do Mercado Público de Jaguarão (RS).

Água e Luz Para Todos
No Eixo Água e Luz Para Todos foram concluídas ações no valor de R$ 10,3 bilhões. No PAC 2, foram realizados mais de 538 mil ligações de energia elétrica para 2 milhões de pessoas que vivem no campo, em assentamentos da reforma agrária, aldeias indígenas, comunidades quilombolas e ribeirinhas. Desse total, mais de 205 mil pessoas são beneficiárias do Programa Brasil Sem Miséria.

Em Recursos Hídricos, mais de 238 localidades tiveram sistemas de abastecimento de água implantados e foram construídos 58 sistemas de esgotamento sanitário. Estão concluídos 1.150 empreendimentos, que melhoraram o sistema de abastecimento de água em áreas urbanas e 32 empreendimentos de recursos hídricos para combater a escassez de água no Nordeste.

Energia
No Eixo Energia, o PAC 2 concluiu R$ 253,3 bilhões de ações em Geração de Energia Elétrica e Petróleo e Gás Natural. Em Geração, promoveu a entrada de 15,9 mil MW no parque gerador brasileiro. Entre as usinas que entraram em operação, vale destacar as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau que ficam em Rondônia. As duas já contam com 51 unidades geradoras totalizando 3,6 mil MW de capacidade instalada.

Também entraram em operação 108 usinas eólicas, com capacidade instalada de 2,8 mil MW.

No setor de Petróleo e Gás Natural, foram concluídos 28 empreendimentos em exploração e produção de petróleo, 21 em refino e petroquímica, 11 em fertilizantes e gás natural e três em combustíveis renováveis. Foi contratado o financiamento de 426 embarcações e 13 estaleiros.

Com informações do PAC.

A globo já escolheu a puta beleza de 2015?




E que não me venham com hipocrisia.
A mulher que se presta ao papel de Globeleza está vendendo o corpo.
E desde sempre, sabemos que vender o corpo é prostituição.
Portanto, estou apenas dando nome aos bois.
Firirinfororo
Ediviginesefinorio


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Economia

"Se estou aqui há 9 anos e se o governo nosso tem 12 anos, não dá para pegar um ano. Digo que sou um dos ministros que mais tiveram PIB alto neste país. Tem que pegar todos os anos. Não adianta pegar o pior. Isolar 2009 e dizer que o PIB foi negativo ou pegar 2014 e dizer que o PIB foi pequeno. E os outros anos? Vamos esquecer, vamos jogar no lixo? Não. No conjunto da obra quero ver quem teve PIBs mais altos do que eu nesses anos? Quem gerou mais emprego? Quem melhorou mais a renda? Em 12 anos de nosso governo, a renda per capita subiu 3%. Nosso PIB é o sétimo maior do mundo. Eu dei uma contribuição para isso. Então, não venham me colocar essas pechas. Elas não me atingem." Guido Mantega 

Considerações sobre poder de compra das aposentadorias e pensões

AS APOSENTADORIAS E PENSÕES PERDERAM VALOR COM O PASSAR DO TEMPO? - Um hipotético cidadão conseguiu o benefício da aposentadoria em 1º de julho de 1994.

O benefício a que ele fez jus na época equivalia a 25 salários mínimos.

O salário mínimo era de R$ 64,79 naquele período¹. O cidadão então se aposentou com um benefício de R$ 1.619,75.

Passados 20 anos e 04 meses (entre julho de 1994 e novembro de 2014), o valor do benefício aumentou de R$ 1.619,75 para R$ 7.805,57 (aumento obtido através de reajustes que tem como base legal o INPC).

Proporção entre a aposentadoria e o salário mínimo:

-Em julho de 1994 o benefício equivalia a 25 salários mínimos; -Em novembro de 2014 o benefício equivalia a 10,78 salários mínimos.

O índice que é utilizado para corrigir as aposentadorias é o INPC. O índice da inflação oficial no Brasil é o IPCA.

Variação acumulada INPC/IPCA (julho de 1994 -novembro de 2014)²:

-INPC: 381,90%; -IPCA: 369,90%.

Cumpre lembrar que a partir de julho de 1991 houve a desvinculação dos reajustes das aposentadorias e pensões, que não acompanharam mais a variação dos reajustes do salário mínimo.

O valor do salário mínimo passou de R$ 64,79 em julho de 1994, como já foi visto, para R$ 724,00 em 2014 (atualmente o valor é de R$ 788,00).

Ou seja, no período de julho de 94 a novembro de 2014 o salário mínimo recebeu reajustes acumulados equivalentes a 1.017,45%.

Há uma sensação, um tanto quanto ilusória, de que os benefícios de aposentadoria e pensão sofreram redução com o passar do tempo.

O caso hipotético que citei é um desses exemplos onde se tem a percepção, errônea, de que o valor da aposentadoria perdeu seu poder de compra.

O cidadão citado se aposentou em 1994 com um valor de 25 salários mínimos e em novembro de 2014 a proporção da aposentadoria havia caído para 10,78 salários mínimos.

Esse fenômeno (redução da aposentadoria como proporção do salário mínimo) ocorre, como foi demonstrado, porque em julho de 1991, no governo Collor, houve a desvinculação do salário mínimo como indexador para reajustes previdenciários.

Como vimos também, o salário mínimo cresceu 1.017,45% no período analisado enquanto a inflação oficial acumulada ficou em 369,90% e o reajuste dos aposentados e pensionistas, que recebem acima do piso, ficou em 381,90%.

Conclui-se, portanto, que não houve perda de poder aquisitivo das aposentadorias e pensões desde a implantação do Plano Real no governo de Itamar Franco.

O que houve foi um substancial aumento no valor do salário mínimo, que desde 1991 deixou de ser o parâmetro para o reajuste dos benefícios.

As aposentadorias e pensões tem mantido o seu poder aquisitivo, em que pese estarem diminuindo como proporção do valor do salário mínimo com o passar do tempo.

Quem recebe 01 salário mínimo de aposentadoria ou pensão (ou os dois benefícios somados), que é o piso que legalmente se pode pagar a título de benefício previdenciário, como se vê, não tem do que reclamar.

Aquela pessoa que com muito custo se aposentou com apenas 01 salário mínimo, em julho de 1994, teve até novembro de 2014 um reajuste acumulado de mais de 1.000%. Bem acima, portanto, da inflação verificada no mesmo período.

O que está acontecendo é que a base dos beneficiários da previdência social, que recebe 01 salário mínimo de benefício (69,7% do total de beneficiários), está conseguindo reajustes significativos nos últimos tempos, graças a valorização do salário mínimo.

Na parte de cima da pirâmide de benefícios, como não há vinculação com o salário mínimo desde 1991, o poder aquisitivo não se deteriora mas não acompanha o aumento do poder aquisitivo de quem recebe apenas o piso exigido pela lei.

por Diogo Costa

¹ http://www.dieese.org.br/analisecestabasica/salarioMinimo.html#1994

² http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/ipca-inpc_201411_3.shtm