Era uma vez um golpe

por Alex Solnik

Se sem rua não tem impeachment, como disse o próprio Cássio Cunha Lima hoje foi decretado o seu fim. Os organizadores (?) pensaram que seria o começo, o nascimento, mas foi o enterro. Hoje o impeachment foi enterrado.

   Malgrado a meia dúzia de gatos pingados sem nenhuma ideia do que seja isso ter levado seus filhos de três anos às ruas, a maioria da população brasileira não quer saber mais de impeachment por vários motivos:

1) o primeiro é que não há um motivo forte, determinante e isso quem diz não são os petistas nem os esquerdistas, são  experts até de direita, como o ex-ministro Delfim Netto e o ex-governador Claudio Lembo;

2) as tais pedaladas fiscais usadas como pretexto não têm a mínima consistência, como diz Delfim Netto hoje ao El País "no Brasil se pratica pedalada desde Dom João VI";

3) as pessoas já se tocaram que as questões politico-jurídicas têm que ser resolvidas no âmbito jurídico-político e não nas ruas;

4) a continuação do impeachment só traz prejuízos ao país e aos brasileiros pois quanto mais instabilidade política menos investimentos externos e menos investimentos internos o que vai agravar a situação do emprego e da retomada do crescimento;

5) as pessoas já perceberam que se Dilma cair em seu lugar virá a turma do Temer e do Cunha com as consequências que ninguém quer pagar para ver;

6) o mais importante agora é afastar Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados a fim de ser retomada a ordem democrática, sem pressões indevidas, manobras escusas e chantagens;

7) o país precisa de tranquilidade para recuperar o tempo perdido nesse debate estéril que nos paralisou em 2015.

   A percepção de que não cabe impeachment e seu esvaziamento galopante está na cara. Em todas as grandes capitais o número de manifestantes vem decrescendo desde o primeiro protesto, em março de 2014, aos dois seguintes, em agosto e outubro e ao de hoje. Por isso é bobagem justificar o fiasco de hoje com desculpas como "foi muito em cima" ou "estamos perto do Natal". Quem quer impeachment intensamente quer a qualquer hora do dia ou da noite. O público não compareceu porque percebeu que quem ganha com isso é Cunha, é Temer, é Bolsonaro, é Marco Feliciano, é Paulinho da Força e pouca gente gostaria de tomar um café com algum deles.

   O público não compareceu porque a maioria dos brasileiros sabe que esse impeachment é uma tentativa de golpe porque não é um impeachment natural, imperioso, um impeachment que se impõe por si só, como o do Collor.

   O público já percebeu que é um impeachment dividido e duvidoso. E, como todo mundo sabe, in dubio pro reu.

   Sugiro que seja cancelada a manifestação contra o impeachment marcada para o próximo dia 16. Não precisa mais. O impeachment foi enterrado. A não ser que os organizadores queiram usá-la como missa de sétimo dia.




Dilma deve parafrasear JK

Superada esta batalha contra os golpistas (brevemente), qual deve ser a posição da presidente Dilma Rousseff?

Parafrasear JK:


Isso significa governar com e para os que lhe elegeram. E com os movimentos sociais, instituições e políticos que representam dignamente seus eleitores. Na prática a primeira coisa a fazer é rever a política econômica e para começar mudar o Ministro da Fazenda.

Sem demora.



RELATORIO PAIC


Briguilina do dia


Alexandre Frota: O Brasil ta muito viadinho. Gosto das ideias do Bolsonaro. O Brasil precisa botar o pau na mesa.

Manifestações pró-golpe foi um fracasso retumbante

Veja o fracasso em imagens


No Rio de Janeiro teve mais helicóptero cobrindo as manifestações que golpistas
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Em São Paulo teve mais marombeiros que golpistas
Manifestantes de Brasília (DF) inflaram boneco gigante da presidente Dilma Rousseff


















Em Brasília, sobrou capim

Manifestações pró-impeachment

Na Escolinha do Professor Raimundo tem mais personagens que manifestantes pró-impeachment nos movimentos convocados pela oposição a presidente Dilma Rousseff

Distribuir Renda é Desenvolvimento