Luis Nassiff - O inquérito da PGR contra Aécio Neves é para valer

Houve quem supusesse jogo de cena do Procurador Geral da República (PGR) o pedido ao STF (Supremo Tribunal Federal) para abertura de inquérito contra o senador Aécio Neves.
Não é o que aparece no pedido (http://migre.me/tFEsv). Nele, estão detalhados os principais pontos de suspeita que pairam sobre Aécio.
1.     As delações de Alberto Yousseff, baseado em conversas com o falecido deputado José Janene (PP) sobre uma mensalidade proveniente de Furnas e encaminhada à irmã de Aécio através da Bauruense, prestadora de serviços da companhia.
2.     A até agora intocada figura central de Furnas, Dimas Toledo, ex-diretor de engenharia que se vangloriava de ter duas centenas de deputados na gaveta.
3.     A conta em Liechtenstein aberta em nome da Fundação Bogart and Taylor, em nome de Inês Maria Neves Faria, mãe de Aécio. Esses dados foram obtidos na Operação Norbert, do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, e que desde 2010 estava na gaveta da PGR.
P.S: 
A pergunta que ensurdece é:
Por que apenas agora se a denúncia é sobre as eleições de 2002?

Golpe - convocado como testemunha de acusação procurador do TCU inocenta Dilma

 O procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) Julio Marcelo de Oliveira admitiu nesta manhã, durante sessão da comissão especial do impeachment no Senado, que não houve crime de responsabilidade fiscal em 2015 por parte da presidente Dilma Rousseff.

Ele é um dos técnicos que integram a equipe que analisou e recomendou aos ministros do TCU a rejeição das contas do governo Dilma de 2014. Os ministros do TCU entenderam que o balanço apresentado pela União continha irregularidades que violavam a Lei de Responsabilidade Fiscal, a Lei Orçamentária e a Constituição. Com base nisso, recomendaram ao Congresso a rejeição das contas da presidenta.

Na comissão do impeachment, ele, que é um dos responsáveis pela tese das 'pedaladas fiscais', reconheceu que não houve nenhuma antecipação de recursos da Caixa Econômica Federal ao governo federal em 2015. A declaração foi feita em resposta a uma questão da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Depois disso, houve confusão no plenário, quando a oposição percebeu que haverá um buraco na acusação.

"Isso é importante porque a acusação se refere a 2015", comentou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Preocupado, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) afirmou que a ala governista tenta desestabilizar emocionalmente o procurador.

E agora Traíra?

por Caetano Scannavino

Nos últimos tempos, o PT foi exposto e dissecado na alma, até por ser Governo. Com Dilma fora, passa pro 2o plano. A fila anda e uma nova turma vem pra linha de tiro. Só que ao invés de chegar renovada pelo voto, chega também exposta, desgastada e refém da própria narrativa que vinha defendendo.

Isso vale pro delatado Temer e sua equipe de incriminados, que agora dizem que o país não pode se basear em delações; pros paneleiros que prometeram derrubar todos e nada fazem contra a nova facção que está aí;  pra um STF que negocia seus vencimentos com réus e deixa de julgar o afastamento do pior deles; pros "responsáveis" tucanos que se dizem agora a favor das mesmas medidas econômicas que votaram contra; pra uma mídia que passa vergonha por deixar de ser fonte lá fora, com direito até a mea culpa de agencias estrangeiras aos seus leitores; pra uma FIESP que em breve sentará na mesa pra discutir um novo imposto pra pagar o pato. E por aí vai...

Será difícil escaparem do efeito bumerangue. Nesse jogo raso, alguns começam a repensar se não teria sido melhor manter Dilma como escudo, sangrando até 2018, "tudo como culpa do PT". A agenda vinha sendo cumprida a risca (terceirização, pré-sal,…), aprovada com facilidade em meio a uma resistência que batia cabeça, mal resolvida na relação com um governo que falava uma coisa e fazia outra. E o PT teria chegado morto nas eleições.

Mas depois de um impeachment "por incompetência", basta quem perdeu infernizar quem ganhou, chamar o caos criado de incompetência, e mobilizar pra tirar o eleito. Esquece-se a disputa de ideias, propostas, virando só disputa de poder. Não se governa, nem se faz oposição.

Nem política, responsável. Essa é a cultura que criamos pra nós. E nem toda culpa foi do PT...

Cristovam Buarque e Geraldo Alckmin receberam de Caixa 2

Por Luiz Fernando Emediato, em seu Facebook

O DRAMA DE CRISTOVAM BUARQUE

O senador Cristovam Buarque está sendo hostilizado e até abandonado por parte de seus eleitores porque anunciou que vai votar, no Senado, pela abertura do processo de impeachment, enquanto reflete - porque está indeciso - se vai votar a favor ou contra quando chegar a hora do julgamento final.

Coordenei a campanha presidencial de Cristovam Buarque em 2006. Ele é assim mesmo, confuso. É também muito vaidoso, meio ególatra e carrega o enorme ressentimento de ter sido demitido por Lula - pelo telefone - do cargo de ministro da Educação.

Na minha opinião, como Cristovam está em dúvida, ele deveria se abster em ambas as votações.

Dilma pode ser uma má presidente, mas não cometeu crime de responsabilidade nem está envolvida em corrupção , como muitos de seus acusadores.

Finalmente, Cristovam não tem o direito de ser rigoroso com aqueles a quem critica por crimes, por exemplo, de ordem eleitoral. Premido pelas circunstâncias - a necessidade de pagar seus marqueteiros - ele acabou aceitando dinheiro de caixa 2 em sua campanha presidencial.

No final, também aceitou que parte da campanha fosse paga, irregularmente, pelo PSDB de Geraldo Alkmin, em troca de apoio no segundo turno.

Na política brasileira, infelizmente, ninguém é santo.

Nem mesmo Cristovam.

Em tempo: trabalhei para ele de graça, por pura amizade e convicção. Também doei uns trocados para a campanha dele - mas não foi por caixa 2.

Temer o mestre de cerimônias no circo da marmelada


POR FERNANDO BRITO 

Michel Temer aparece sempre com seu ar empertigado.

Manda dizer que está irritado com vazamento de medidas anipáticas: ora com as aposentasdorias, ora com o desmanche da Laja Jato, ou agora, com esta história da abolição do recesso parlamentar.

Se você não sabe – e duvido que já não saiba – entenda que só existe uma coisa verdadeira em Temer: a falsidade.

Ele aparenta, por regra, ser contrário do que é.

Está posando de "grande árbitro" da composição de seu ministério quando é, ma verdade, uma peça sendo empurrada para lá e para cá no serpentário de forças que reuniram-se para o impeachment.

Bernardo de Mello Franco,  uma das raras lúcidas vozes remanescentes na grande imprensa, chama a atenção para isso:

A propaganda do corte de ministérios já começou a fazer água. Ontem a Folha noticiou que o vice desistiu de reduzi-los a 20 para acomodar partidos que votaram pelo impeachment. A conta subiu para 26 e ainda deve aumentar até a posse.

Há riscos de retrocesso em outros setores. A bancada evangélica, que se uniu para derrubar Dilma Rousseff, agora apresenta a fatura. Na quarta, Temer recebeu e orou com o pastor Silas Malafaia, conhecido pela pregação ultraconservadora na TV.

Ele cobrou o fim da distribuição de material didático que ensina as crianças a respeitarem a diversidade sexual. Dois dias depois, vazou-se que o vice deve entregar o Ministério da Educação ao DEM, que abriga os políticos da igreja do pastor.

Mesmo assustadora, convenhamos, vicississutudes da acomodação de forças de qualquer governo, seja de suas próprias seja das que, com a perspectiva de poder vêm sobrenadando a enchente do poder.

A diferença, neste caso, e Bernardo o destaca, é que Temer dependeu do povo para vestir a faixa.

E que suas até agora anunciadas propostas – "defende a flexibilização das leis trabalhistas, o fim das despesas obrigatórias com a saúde e a desvinculação do salário mínimo aos benefícios sociais" – não o elegeriam senão para o papel de Judas.

Temer, portanto, não tem forças próprias a sustentar seu ar afetado.

É de Cunha, na Câmara.

Terá de ser tucano – e radicalíssimo – na economia.

Terá de ser fundamentalista nas questões "de fé e moral".

E tudo isso bem empertigado, a dar uma aparência que permita a mídia exibi-lo como um estadista do Museu de Cera de Madame Toussauds, embora o critério que se se façam ali apenas estátuas de celebridades o deixe fora da lista.

Felizmente, Temer terá a dividir consigo o papel de ridículo pomposo os 11 ministros do supremo tribuna federal (a corte que perdeu o direito de usar letra maíuscula). Falam difícil, esbravejam quando alguem sugere que possam se acovardar, mas patrocinaram a tomada de poder por Eduardo Cunha, procastinando decisões e resumindo a uma "questão técnica" o direito de um criminoso denunciado e réu presidir um processo de impeachment.

Agora, cínicos, discutem se Cunha, nas ausências de Temer, pode se sentar na cadeira presidencial.

Não se preocupem, excelências, ele governa de pé, mesmo.

Janio de Freitas - fim e começo

Temer, o verbo, é uma obrigação cívica à vista do que se pode esperar dos citados, quase todos, para compor um governo Temer, o nome.

A voracidade com que os oportunistas se lançam em disputa por um bom pedaço do governo só se equipara, em despudor, à ostensiva incitação desse ataque felino como expediente do próprio Temer –um modo de se fazer visto como presidente.

Michel Temer está tão entregue a três ou quatro pessoas como esteve em sua longa presidência do PMDB. Combinação de fraqueza natural e pose artificial, Temer deu oportunidade e cobertura a que as piores correntes internas proliferassem no partido, situação da qual Eduardo Cunha e o mercantil PMDB da Câmara são dois dos vários efeitos. Foi a fraqueza, aliás, a razão das suas reeleições na presidência. Não haveria motivo para esperar algo diferente de Temer na passagem de uma presidência para outra. Até por já estar constituída, de sua parte e à sua volta, a mesma situação.

Albert Fishlow, o mais conceituado dos brasilianistas, e agora uma das muitas vozes internacionais que a imprensa brasileira não divulga, tem uma visão a ser anotada:

"O impeachment não será o fim da crise. Será o começo".

Temer, o verbo por causa do nome, pelo que será dado ao Brasil é como um estigma, uma sina. Uma tristeza sempre repetida.

OS PREOCUPADOS

O procurador Deltan Dallagnol dá notícia da preocupação na Lava Jato, da qual é coordenador, com a visão de que "a mudança de governo e mesmo a Lava Jato são meio caminho contra a corrupção. Não concordamos com essa visão. A corrupção não é privilégio do partido A ou do partido B".

A preocupação se justifica e fica bem que integrantes da Lava Jato a tenham. Mas pede um complemento. Não sendo a corrupção exclusividade de um ou de outro, não seria o caso de a Lava Jato interessar-se também pela corrupção do outro? Os doleiros informantes da Lava Jato não serviram só ao "partido A". E as empreiteiras não atuaram apenas durante governos do mesmo "A".

O complemento não precisa ser verbal. É mesmo preferível que seja em atos.

OS COMPANHEIROS

As mutantes atitudes do PSDB quanto a participar de um governo Temer diferem das demais: a par da questão de cargos, é a eleição presidencial de 2018 que determina as decisões peessedebistas.

A recusa inicial à participação foi lançada por Aécio Neves porque José Serra já buscava sua inclusão no ministério, falavam até na Fazenda, e isso poderia pô-lo em vantagem para sair candidato do PSDB. Advertido de que Serra quer ser ministro, mesmo se dividindo o PSDB, Aécio recuou. O racha complicaria sua pretensão eleitoral.

José Serra começou posto na Fazenda, caiu para a Saúde, daí para a Educação e agora foi parar nas Relações Exteriores. No ministério, nada mais distante do eleitorado. A mudança que prejudica Serra está ligada à sua disputa com Aécio pela candidatura.

A VINGANÇA

Eduardo Cunha foi o fator decisivo para haver o processo de impeachment. Ao aceitar um dos pedidos, vingava-se em Dilma da posição do PT, no Conselho de Ética, por sua destituição da presidência da Câmara.

A situação de Eduardo Cunha como denunciado no Supremo Tribunal Federal agravou-se muito nos últimos dias. A haver um governo Temer, o presidente da Câmara se torna uma espécie de seu vice, como primeiro na linha de sucessão. E no Supremo emerge a tese de que tal condição é inaplicável a um réu criminal, justificando sua destituição pelo tribunal.

Ou seja: Eduardo Cunha faz de tudo no Conselho de Ética para não cair, mas o processo de impeachment, que deslanchou por vingança, o põe na iminência da destituição. 

Tantas palavras pra que? Todo mundo sabe que o judiciário é o mais corrupto dos poderes

POR GUSTAVO GOLLO 

A presidente Dilma tem considerado, com sabedoria, não poder haver democracia sem respeito à justiça, razão pela qual, erroneamente, ao meu ver, tem respeitado excessivamente os nossos tribunais. O erro evidencia uma situação paradoxal e absurda que ameaça o país.

 

Por Gustavo Gollo

Suponha um país estranho, tomado por juízes corruptos envolvidos em um jogo chamado "me favorece que eu te favoreço". Nesse pobre país, os juízes, sistematicamente, analisam todos os casos sob o mesmo ponto de vista parcial que, contrário às leis que estabelecem a igualdade dos cidadãos perante a justiça, favorecem, sempre, os poderosos, sendo por eles favorecidos em retribuição. Somam esse pagamento, o favor dos poderosos, aos salários imensos, engordados por vantagens inconfessáveis, que lhes permitiriam viver farta e honestamente. Não tivessem feito o joguinho das retribuições, no entanto, e não teriam chegado onde estão.

Poderá ser juiz no Brasil alguém que considere que todos são iguais perante a lei? Haverá algum juiz no Brasil que julgue de modo equânime, considerando que todas as pessoas tenham igualdade de direitos? Em outras palavras, existe algum juiz íntegro no país? Não sei responder. Torço para que exista algum. Vige entre nós o sistema das retribuições, constatação trivial que deve ser explicitada. juízes tornam-se juízes tendo sido selecionados por outros juízes. São selecionados por aqueles que participam do jogo das retribuições. Somos todos iguais perante as leis, não perante os juízes.
Palavras podem ter mais de um sentido. A palavra "juiz", por exemplo, pode significar aquele que representa a Justiça, personagem sumamente respeitável. Pode significar, também, algum embusteiro travestido em representante da justiça, mas empossado no cargo de juiz. Tais criaturas não são respeitáveis.

Usemos maiúsculas para facilitar a distinção entre uns e outros. juízes julgam com justiça, os outros, os juízes, sabem sempre, de antemão, para que lado penderá seu julgamento. Favorecerão os poderosos, os que terão mais recursos para lhes retribuir o favor.

Que dizer de tais criaturas? Reiteremos que os juízes são pessoas sumamente respeitáveis, mas, que considerações merecem esses outros?

Observemos uma fotografia. Para simbolizar a Justiça, juízes usam a toga, uma capa que os distingue de cidadãos comuns. Verdadeiros juízes envergam a vestimenta incomum com honradez e decoro, evocando reverência desde sua imagem; o traje não usual cai-lhes com propriedade, ressaltando sua respeitabilidade, impondo deferência em reconhecimento a sua dignidade. Outros, ao se fantasiar do mesmo modo são ridículos.

São ridículos os que, não o sendo, fingem-se de juízes conseguindo apenas fazer o papel de palhaços. Travestidos em juízes, sem o ser, são apenas palhaços fantasiados, não fazendo jus, obviamente, a qualquer reverência. Assim, qualquer um que, sem respeitar a Justiça, ostente a fantasia de juiz, age como um farsante, merecendo a consideração devida a palhaços; mas palhaços vis que são.

Uma vez que "juízes" são representantes da Justiça, e que a Justiça é igual para todos, são juízes apenas aqueles que julgam com equidade e justiça. Os que se fingem de juízes, não o sendo, são vilões, fato que deve ser explicitado. Macaqueados com uma toga que lhes assenta como em palhaços, não se confundem com juízes.

Note que confundir juízes com palhaços constituiria desrespeito aos juízes e à Justiça. Importante, por essa razão, que explicitemos claramente a diferença gritante entre juízes e palhaços, que enalteçamos e respeitemos uns, e exponhamos e ridicularizemos os outros.

O título é meu