Por Pablo Villaça, em seu Facebook
Não há jornalismo na grande mídia brasileira. Nas redações, temos colunistas que, em sua maior parte, confundem "análise" com "lamber saco dos patrões"; nos grandes portais, as matérias são destacadas ou escondidas de acordo com os interesses corporativos em vez de critérios jornalísticos; na TV, os âncoras nada mais são do que leitores de teleprompter que fotografam bem e querem apenas garantir seus milionários salários pagos pelas cinco famílias que dominam todos os veículos do país.
É por isso que O Globo noticia que "Dilma tem 62% de reprovação", mas, quando se trata de Temer, o Pequeno, a manchete se transforma em "Temer tem aprovação de 13% dos brasileiros". É por isso que nenhuma denúncia envolvendo tucanos ganha destaque por mais de alguns minutos - e, se ganha, são diluídas pela linguagem: Alckmin vira "governador" (sem nome ou partido), Aécio entra no meio de "senadores" e assim por diante - ao passo que, lembrem-se, o UOL chegou a falar, certa vez, sobre um crime cometido "por médico que atendeu Lula no passado".
O que nos traz às entrevistas, que, quando feitas com tucanos, nada mais são do que recitações de perguntas pré-aprovadas - e quando alguém sai da zona de conforto, como Marcia Peltier fez com José Serra há alguns anos, o resultado é um piti adolescente (linkarei no fim do post).
Foi exatamente isso que aconteceu agora com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Habituado a entrevistas com jornalistas brasileiros, que se limitam a levantar a bola para que ele corte em movimentos ensaiados, FHC teve suas posições confrontadas por um âncora da Al Jazeera e, como resultado, deu um vexame internacional similar àquele de alguns anos atrás em um programa da BBC.