Moro não passa de um capitão do mato.
Basta lê a ordem de prisão para Cunha.
Um blog comum, igual a todos, diferente de cada um
Assunto na internet após ser filmado durante a prisão de Eduardo Cunha, o chamado "Hipster da Federal" não quis revelar seu nome, mas concedeu ao Sensacionalista uma entrevista exclusiva.
"Ah, o meu visual representa quem eu sou, entende? Desde a barba, o coque, até as algemas todas em fibra orgânica e a arma, uma pistola vintage que eu comprei numa viagem ano passado pra London", disse o policial sobre seu visual.
Comentando sobre sua trajetória na polícia, ele reclamou que "hoje em dia é todo dia um político preso, tudo está ficando muito modinha, sabe?" e que sente saudade das prisões de políticos britânicos da década de 60. "Mas vocês não devem conhecer, são umas prisões meio cult, sabe?".
Sobre a expectativa de que Lula também seja preso nas próximas semanas, o oficial garantiu que não se importa com as prisões de Lula e de Dilma porque, segundo ele, prender gente do PT é "muito mainstream, é povão demais".
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Não creio que Cunha comece a bater com a língua nos dentes de imediato, embora já tenha soltado alguns torpedos na direção de Moreira Franco. Mas não custa lembrar que a base de Cunha é a base de Temer. E que Temer poderia usar um adesivo daqueles usados por evangélicos nos seus automóveis no vidro de trás do carro presidencial: "Foi Cunha que me deu".
Então, é útil saber o que se cochicha nas rodas oficiais e da turma que vive de dar nota para colunas dos jornais. E uma das mais interessantes é a da Natuza Nery, na Folha:
Um general da Lava Jato diz, menos de uma hora após a prisão de Eduardo Cunha : "Os estoques de Rivotril em Brasília vão desaparecer das gôndolas das farmácias".
A referência ao ansiolítico e a ironia com os poderosos tem razão de ser.
Tão logo a prisão preventiva do ex-presidente da Câmara foi anunciada, Brasília entrou em verdadeira ebulição.
Ministros, auxiliares do governo e, em especial, deputados federais ficaram atônitos.
O temor da delação de um dos mais influentes parlamentares da história do Congresso tomou conta de muita gente.
Cunha é um arquivo privilegiado sobre os usos e costumes da política brasileira. Por isso a hipótese de uma colaboração premiada provoca tanto calafrio.
Apesar de tamanho nervosismo, sabe-se que uma ala da Lava Jato nunca caiu de amores pela ideia de sua delação.
Alguns procuradores sempre disseram nos bastidores, recorrendo a um dito popular, que um acordo assim equivaleria a fazer um "pacto com o diabo".
Em outras palavras, a contar pelo humor de parte do Ministério Público Federal, o peemedebista terá de "cuspir sangue" – expressão usada por um investigador – se quiser se tornar delator.
Seu acordo, diz, seria mais difícil de sair do que o da Odebrecht, há tempos em negociação.
Não se trata de alívio aos desesperados. Mesmo que a Lava Jato não queira que ele fale em troca de redução de pena e de pagamento de multa, Cunha ainda pode decidir abrir a boca mesmo sem contrapartida da Justiça.
Ele não é do tipo que vai para a forca sozinho.
Também leia: Moro prende Cunha para proteger Temer
A prisão de Eduardo Cunha deveria ter vindo muito antes. Ele jamais poderia ter conduzido, de mãos inteiramente livres, o processo que levou ao impeachment de Dilma.
Todos os argumentos apresentados agora para sua prisão já estavam detalhados no documento que o MPF de Janot entregou a Teori, no final de 2015.
Não há nada de novo.
E mesmo assim demorou uma eternidade que Eduardo Cunha fosse preso. Um internauta disse que depois que uma velhinha deu sandalhadas em Cunha num aeroporto ficou impossível não fazer nada. É o humor no meio do caos.
A real coincidência não é com o ataque da brava senhora. É com o crescimento vertiginoso das críticas a Moro mesmo fora da esquerda.
Terá sido um lance de marketing para ele mostrar que não é durão apenas contra o PT? Se sim, foi inútil pelo tempo absurdo que Cunha gozou em liberdade mesmo depois de flagrado com contas na Suíça.
(Não esqueçamos que a denúncia partiu das autoridades suíças, que entregaram numa bandeja os documentos aos pares brasileiros. Moro não tem mérito nenhum nisso.)
Na esquerda, o maior receio é que à prisão de Cunha se siga uma nova onda de brutalidades pseudojurídicas contra a esquerda. O fantasma que mais assusta, aí, é Lula preso.
Ao que tudo indica, é mais fantasia que realidade. Prender Lula é uma operação tremendamente complexa e arriscada para Moro e a plutocracia.
E agora?
Já fervem as especulações em torno de uma delação premiada de Cunha. Que sobrará de Temer e seu governo caso ela ocorra? Nada!
É virtualmente impossível imaginar que um homem com o caráter de Cunha — e com seu fabuloso manancial de informações — aceite resignadamente a prisão enquanto seus ex-companheiros e comparsas se divertem lá fora.
Esta quarta-feira tem tudo para ser o primeiro dia do resto do governo Temer. Será um milagre que Temer aguente se sustentar até 2018.
Veremos em breve.
Mas a questão mais doída em toda esta história é: por que só agora?
Pelo não vazamento da Operação de prisão, busca e apreensão do ex todo poderoso, Eduardo Cunha (Pmdb/RJ), pela ausência do japonês de Curitiba e pela falta do espetaculoso Power Point e da entrevista dos artistas comandados pelo procurador Deltan Dallagnol, tenho certeza:
O objetivo desta ação é proteger o Traíra e Golpista Michel Temer da delação premiada que Cunha já negocia a algum tempo.
Quanto as afirmações feitas acima, não tenho provas, mas tenho convicção.
Cresceu para 34% a intenção de voto para Lula em 2018, líder disparado de qualquer outro candidato; o melhor presidente para 43%, injustiçado para 41%.
Números da Vox Populi divulgados em 18/10, após todos os desmandos da Lava Jato, que nunca foi republicana e muito menos importante para o Brasil.
Pelo contrário, desestabilizou as instituições, afrontou a democracia e produziu milhões de desempregados e uma recessão histórica.
Há margem para enfrentar o arbítrio.
Só com a ajuda de Lula pode haver pacificação do Pais. Sem ele em 2018, na marra, jogarão o Brasil num conflito sem precedentes.
E para quem quer sair do PT, boa viagem.
Para quem fica, stand with Lula, pois só o "lulismo" salva.
LEOPOLDO VIEIRA - Sócio-diretor da Trajeto-Inteligência Estratégica