O Sarney que poucos conhecem


Apesar da blitz incessante que a imprensa move contra ele e sua família, e mesmo sabendo que a campanha tem parte de sua origem no PT, não há hipótese de o senador José Sarney recuar. Licenciar-se da presidência do Senado ou renunciar ao mandato são cartas inexistentes no seu baralho. Joga com o fato de dispor de sólida maioria na mesa, no Conselho de Ética, no plenário e na bancada do PMDB. Além do apoio indiscutível do presidente Lula.

Apesar de cacife assim tão consistente, o ex-presidente da República tornou-se um homem amargurado. Em termos do dia seguinte, espera sempre o pior, quando chegam os jornais ou nas raras vezes em que fixa a atenção nas telinhas. Seus familiares temem por sua saúde.

Sem a emissão de juízos de valor diante dessa formidável cascata de denúncias e acusações que desaba sobre ele, importa ressaltar: Sarney não é apenas o político conciliador, amável e sempre disposto a transformar adversários em aliados. É bom não esquecer que nos idos de 1984, liderando o grupo do PDS que rejeitou Paulo Maluf e aderiu a Tancredo Neves, Sarney botou um revólver na cintura e foi para a reunião do partido. Reagiria à bala caso fosse ofendido em sua honra. Não foi, tornou-se candidato a vice-presidente e, logo depois, empossou-se como presidente da República.

Carlos Chagas

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