Pesquisa mostra que tabelinha não está dando certo


Parece que a campanha da oposição, centrada até agora em denúncias contra o governo com uma já manjada tabelinha entre partidos e grandes veículos de mídia, um levantando a bola do escândalo e o outro correndo na área para cabecear uma CPI, não está dando muito certo até agora, a julgar pelos últimos números da pesquisa CNI/Ibope divulgados nesta quarta-feira.
Depois de trocentas capas de revista, colunas de jornal e reportagens de televisão, sempre na mesma linha,  leio logo cedo na manchete do iG: “CNI/Ibope: Dilma dispara e Serra cai”. O efeito é exatamente o contrário do esperado: quanto mais batem no goverrno Lula e na sua candidata, mais eles sobem nas pesquisas.
Se não, vejamos alguns números:
* Em relação á pesquisa anterior, de dezembro, Dilma sobe 13 pontos e vai para 30, enquanto Serra cai três pontos e fica em 35. A diferença entre os dois principais candidatos, que era de 21 pontos, cai agora para apenas cinco _ ou seja, fica no mesmo patamar das últimas pesquisas divulgadas pelos institutos Datafolha, Vox Populi e Sensus.
* A curva para cima de um e para baixo de outro candidato pode ser explicada por este dado apurado na pesquisa: 53% dos eleitores preferem um candidato apoiado por Lula, enquanto apenas 10% querem votar num candidato de oposição (para 33%, tanto faz). Quer dizer, quanto mais eleitores ficarem sabendo que Dilma é a candidata do presidente, mais ela tender a crescer.
* Todos os números acima podem ser explicados por um outro, aquele que mede a popularidade do presidente Lula, que registrou novo recorde na série histórica do Ibope, batendo nos 75%, três pontos percentuais a mais em relação a dezembro. Apenas 5% classificaram seu governo como péssimo/ruim, um a menos do que na pesquisa anterior (entre eles, devem estar todos os leitores que enviam cartas aos grandes jornais e a alguns blogs).
Diante deste quadro, a previsão feita no ano passado por Carlos Augusto Montenegro, em entrevista ao Balaio, de que o governador José Serra era o franco favorito a ganhar a eleição presidencial já no primeiro turno, e que o teto de Dilma Roussef, com a transferência de votos de Lula, ficaria nos 25%, já foi para o espaço, antes mesmo da campanha começar para valer.
Nas nossas últimas conversas, este ano, Montenegro já tinha mudado suas previsões: disse que já não se surpreenderia com uma vitória de Dilma e que a eleição caminhava para um Fla-Flu, com o segundo turno acontecendo já no primeiro. 
Os números de hoje confirmam esta análise do presidente do Ibope e indicam que, se a oposição não arrumar logo alguma jogada um pouco mais criativa, capaz de agradar a torcida, como um ousado programa de governo ou alguma proposta nova, por exemplo, corremos mesmo o sério risco de ver esta eleição ser decidida mesmo no primeiro turno. Resta apenas saber para que lado.

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