Aceitam tucademospiganalhas a diminuir os gastos do Estado com vocês?



Quando sem assunto para suas crônicas, Eça de Queirós desancava o Bei de Tunis, acusando-o das maiores barbaridades. O problema é que o genial cronista jamais tinha ido a Tunis e nem sabia quem era o Bei, uma espécie de reizinho do Norte da África.

Mais ou menos a mesma coisa acontece com os nossos jornalões e seus sucedâneos eletrônicos.  Sem assunto, dedicam-se a criticar o  Estado, no caso, o poder público. Acusam-no de gigantismo, de nomeações desvairadas, de intromissão na economia e, acima de tudo, de gastos monumentais. Por essas razões, sustentam,  os juros  andam na estratosfera e a carga fiscal brasileira é a maior do mundo. Querem a prevalência absoluta do mercado e da iniciativa privada, menos durante as crises econômicas, quando, então, o tesouro nacional deve socorrê-los...

Seria bom acabar com  a farsa. Porque se pregam economia nos gastos públicos, deveriam começar rejeitando e iniciando ampla campanha contra a publicidade oficial que beneficia seu faturamento. Fica difícil calcular quanto o governo federal, os governos estaduais e as prefeituras gastam, diretamente ou através de suas  estatais, para promover-se e irrigar os cofres das empresas de comunicação. São centenas de milhões, se não forem bilhões. Há quem conclua ser  a farra totalmente desnecessária, ainda que  eivada de malícia. Se os governos anunciam a mais não poder, sempre sobrará um pouco de boa vontade da mídia diante de  seus erros e suas mazelas.

Todos os dias somos atropelados, nas telinhas e nas folhas, por imensa promoção da Petrobrás, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica e penduricalhos, sem que se identifique a menor vantagem empresarial ou comercial  para essas instituições. Vantagem há, sim, para os veículos que absorvem criações publicitárias variadas. O motorista não irá abastecer seu carro num posto da Petrobrás porque o frentista, na televisão, faz gracinhas e firulas com os supostos  fregueses. Nem o cidadão comum deve esperar crédito mais fácil porque o Banco do Brasil abriu mais uma agência no Casaquistão ou em Songa-Monga.

Se é para reduzir o tamanho do estado,  que se corte toda a publicidade oficial, exceção para alguns editais e balanços que a lei exige sejam publicados na imprensa diária. Quantas escolas, hospitais, postos de saúde e estradas recuperadas poderiam advir dessa gastança fantástica?

Tome-se as recentes lambanças verificadas em Brasília. Seria cômico se não fosse trágico a gente assistir um noticiário até correto dos tele-jornais a respeito da roubalheira da quadrilha do governador José Roberto Arruda,  mas, quando entram os intervalos comerciais, sermos surpreendidos com imagens de tratores abrindo ruas, operários construindo viadutos, criancinhas sorrindo, mães em exaltação ao governo do Distrito Federal e ridículos ainda maiores. Pensam que o povo é bobo...   

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