Na avaliação do consultor eleitoral Gaudêncio Torquato, a preocupação com o visual se justifica. Segundo ele, pesquisas mostram que as propostas do candidato pesam 7% na escolha do eleitor. “93% da escolha parte do conteúdo não verbal. Desse total, 55% provêm da apresentação pessoal e o resto fica em torno da entonação de voz, do gestual do candidato”, comenta. Ele alerta, porém, que o visual deve condizer com a personalidade do político. “É preciso combinar a identidade pessoal com a apresentação estética”, diz.
O presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos, Carlos Manhanelli, lembra que o visual também deve levar em conta a mensagem que o candidato deseja passar. Para ele, as primeiras mudanças no visual de Dilma não funcionaram e só agora ela encontrou um equilíbrio entre o que quer passar e o que demonstra. “No último programa do PT eles já apresentaram a Dilma como uma figura mais de mãe. Houve aí um acerto na imagem, que condiz com o que a mensagem que o PT pretende passar, de continuidade do governo Lula”, explica Manhanelli.
Longo caminho
Até chegar à formatação atual, o visual de Dilma passou por um longo caminho. A primeira mudança foi em janeiro de 2009, quando a pré-candidata apareceu sem os óculos, de cabelos repicados, com a pele rejuvenescida e traços mais leves – graças a aplicações de botox e à bioplastia. O tratamento quimioterápico contra um câncer linfático em maio do ano passado resultou em mais mudanças. Para disfarçar a queda de cabelo, a ex-ministra passou a usar uma peruca. No fim do ano passado, o acessório foi abandonado e Dilma apareceu de cabelos curtos e cacheados.
As alterações no corte de cabelo foram acompanhadas também por mudanças no guarda-roupa. No fim do ano, Dilma trocou os terninhos por blusas de tecidos mais leves, com babados e de modelos semelhantes – a diferença ficava apenas na cor. Na repaginada do início deste mês, a pré-candidata do PT aposentou as blusas mais leve e voltou aos terninhos.
Tantas alterações no visual são consideradas, pela consultora de imagem Sylvia Cesário Pereira, uma demonstração de “falta de direcionamento em relação à mensagem que [Dilma] quer passar”. “Em um período de dois anos, ela se mostrou incoerente, cada foto, uma pessoa totalmente distinta”, observa.
O consultor de moda Chrys tian Kishida considera que Dilma encontrou o estilo ideal agora. Ele identifica nas mudanças da ex-ministra uma busca por uma identidade quase que maternal. “Ela reformatou o cabelo, o que a deixou mais simpática. Na mudança do figurino, eu acho que ela ficou mais próxima do público e mais alegre. Voltou aos conjuntinhos de antes, mas suavizou nas cores. Com as mudanças, ela deixou aquela impressão de empresária rabugenta e adotou algo mais mãe”, observa Kishida.
Praticidade
O novo visual de Dilma saiu das mãos do beauty-stylist Celso Ka mura – responsável pelo vi sual de globais como a apresentadora Angélica a atriz Patrícia Pilar. Foi ele quem fez o novo corte de cabelo de Dilma, retocou a coloração, redefiniu o desenho das sobrancelhas e a maquiagem usada pela pré-candidata. O estilo seria inspirado no da estilista e empresária venezuelana Carolina Herrera.
Para manter o visual pensado por Kamura, Dilma conta com a ajuda de uma assistente pessoal, a maquiadora Rose Paz, que acompanha a pré-candidata em todos os seus compromissos.
A assessoria da pré-campanha de Dilma nega qualquer intenção eleitoral na mudança do visual. Segundo a assessoria, a única coisa que houve foi uma opção por um corte mais prático. A assessoria também nega qualquer orientação de Lula para uma mudança no guarda-roupa de Dilma. Ela estaria usando mais terninhos apenas porque as temperaturas nos últimos dias estão mais amenas.
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