Tudo indica que um rastro de confusão e maus bofes será a marca principal que o candidato demotucano deixará pelo país nessa campanha presidencial que mal inicia.
Não se trata propriamente de uma novidade. Serra, teu nome é desavença, não é uma frase eleitoral, mas uma condensação biográfica.
Em apenas dois dias, o enxofre dessa tradição reconhecida até pelos amigos mais próximos da academia, espalhou um clima ruim em duas capitais brasileiras.
Na quarta-feira, em entrevista à RBS, em Porto Alegre, o tucano não se conteve. Mostrou a face agressiva ao destratar a entrevistadora -- repita-se, da R-B-S, a Globo gaúcha. Motivo? Uma pergunta sobre o mensalão tucano em Minas e o seu congênere, Demo, em Brasília. O queixo duro de javali contrariado se sobrepôs ao olhar dissimulado de peixe morto. Como costuma fazer por telefone aos donos de jornais, Serra não tardou a disparar uma suspeita em tom acusatório, endereçada diretamente aos patrões da moça: ‘partidarizada'.
No dia seguinte, ao chegar a um debate em Belo Horizonte, de novo foi o centro de conflitos. Não era a origem, a motivação, mas aquilo que ele simboliza com requintes de antipatia catalisou a ira de 200 professores em greve. Precisaram ser contidos a cacetadas, gás pimenta e truculência para não se aproximarem do representante demotucano. Sem condições de entrar pela porta da frente do recinto, Serra escafedeu-se pela garagem, sob escolta policial.
Não se trata de amplificar ruídos menores em uma disputa maior. Eventos agressivos são corriqueiros numa carreira feita de golpes baixos, sabotagens de bastidores, intrigas, dossiês falsos e animosidade, incontida animosidade contra sindicatos, movimentos populares adversários ou amigos que se oponham a uma obsessiva ânsia de poder unipessoal.
A pergunta que não quer calar é: pode alguém com esse recorte autoritário e arestoso, alguém com esse talhe de caráter --que tem por trás FHC e não Lula-- ser presidente de todos os brasileiros, cargo indissociável da negociação, da tolerancia e da capacidade de compor e aglutinar?
Não, não e milhões de votos não.
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