OS PERIGOS DO “JÁ GANHOU”

Um fantasma ronda a campanha de Dilma  Rousseff: o “já ganhou”, que ela  própria   tenta exorcizar em meio à precipitada euforia de montes de companheiros. É incontestável a prevalência da candidata nas pesquisas.  Sua ascensão acontece de forma lenta e segura, desde que  rompeu  a  barreira de um dígito, ultrapassando agora os índices de José Serra. Continuando as coisas como vão, estará eleita em outubro, ainda que contar com a vitória no  primeiro turno pareça prematuro.

Diante dessa perspectiva, porém, ergue-se o “já ganhou”, principal fator e maior praga a assolar tantas candidaturas pretensamente vitoriosas, na crônica de eleições passadas. Porque  muitos de seus partidários  extrapolam resultados  futuros e deixam de empenhar-se como deveriam.  Já se disse mil vezes que pesquisas não ganham eleições. Representam a tendência do eleitor num determinado  momento, mesmo devendo, pela lógica,  desdobrar-se no mesmo rumo.  Como política  não tem lógica, faz muito bem Dilma Rousseff de conter seus auxiliares, aliados e simpatizantes, até com certa rispidez.

A experiência de eleições anteriores exprime um alerta.  

Em 2006 ninguém imaginava Geraldo Alckmin chegando ao segundo turno, mas chegou, obrigando o Lula a desdobrar-se na campanha. 

Em 2002 foi a mesma coisa, sendo José Serra o   adversário, acrescendo que em determinado momento Ciro  Gomes despontava como  favorito.  Ou alguém duvida de que  na revisão constitucional de 1993 o Congresso reduziu os mandatos presidenciais de cinco para quatro anos, e sem reeleição, por medo do  Lula ganhar em  1994, pois  parecia imbatível, apesar de em seguida derrotado por Fernando Henrique?

Por essas e outras o “já  ganhou” em favor de Dilma surge como um fantasma capaz de desmontar estruturas tidas como sólidas, fazendo muito bem a candidata em reunir seus assessores e até, se necessário, passar-lhes um pito. Comemoração, só depois da apuração...

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