Fernando Dantas
O Brasil cresce há 9 meses num ritmo anualizado de 10% ou mais. A previsão dos analistas, porém, é que a velocidade caia para algo entre 4% a 5% ao ano. Já há sinais de suavização a partir do segundo trimestre, o que deve levar o crescimento em 2010 para um nível entre 7% e 8%.
Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Santander, nota que a velocidade de crescimento em nove meses é de 10%; em seis meses, é de 10,4%; e, no primeiro trimestre, de 11,2%.
Ontem, junto com os dados do PIB do primeiro trimestre, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou também a revisão para cima do crescimento do PIB trimestral dessazonalizado do terceiro e do quarto trimestres de 2009. As taxas passaram de, respectivamente, 1,7% e 2% para 2,2% e 2,3%.
Essa mudança acabou aumentando o chamado “carregamento estatístico” de 2009 para 2010 – simplificadamente, um resíduo de crescimento que se incorpora ao resultado de 2010, mas está ligado ao ano anterior. Assim, pelas contas do Santander, se o PIB parasse de crescer depois do primeiro trimestre, ainda assim a expansão em 2010 seria de aproximadamente 6%.
Consumo. No detalhamento das contas nacionais do primeiro trimestre, nota-se que os investimentos puxaram a aceleração, com crescimento anualizado acima de 30% por três trimestre consecutivos – em relação aos trimestres anteriores, dessazonalizados.
Já o consumo das famílias se mantém como o principal motor de longo prazo, registrando no primeiro trimestre crescimento de 9,3%, comparado a igual período de 2009. É a 26.ª expansão trimestral seguida (desde 2003). Com essa taxa, o consumo das famílias retomou o mesmo ritmo do terceiro trimestre de 2008, depois de ter caído bastante – mas sem deixar de crescer – no início da crise global.
Porém, no ritmo “da ponta” (tendência de curto prazo), o consumo das famílias moderou-se. Ante os trimestres anteriores, descontados os fatores sazonais, ele caiu gradativamente de 2,9% para 1,5% (6,1% anualizado) entre os primeiros trimestres de 2009 e 2010.
A agropecuária cresceu 5,1% no primeiro trimestre, ante igual período de 2009, depois de cair ao longo de todo o ano passado nessa base de comparação. Os destaques no primeiro trimestre foram soja, algodão e milho.
Na indústria de transformação, alguns destaques foram máquinas e equipamentos, metalurgia e siderurgia e têxtil. A construção civil foi impulsionada pelo crescimento de 48,1% no crédito à habitação no primeiro trimestre. No setor externo, as exportações cresceram 14,5% e as importações, 39,5%, ante o primeiro trimestre de 2009. Com isso, o País registrou no primeiro trimestre de 2010 uma necessidade de financiamento recorde de R$ 25 bilhões.
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