Indústria de fechar o semestre com alta de 16,2%, o melhor resultado em 20 anos

Jacqueline Farid / RIO – O Estado de S.Paulo

As paralisações nas fábricas para os jogos brasileiros na Copa do Mundo e os estoques elevados derrubaram a produção industrial em junho. A queda de 1% em relação a maio representou a maior redução desde os piores efeitos da crise sobre o setor, em dezembro de 2008 (-10,4%). Porém, o recuo não impediu a indústria de fechar o primeiro semestre com o melhor resultado da série histórica, iniciada há 20 anos: alta de 16,2%.
A expectativa de analistas econômicos é que o setor volte a mostrar aquecimento nos resultados de julho. O economista da coordenação de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Macedo, disse que os dados de junho confirmam uma perda de ritmo na atividade no segundo trimestre. Isso depois de resultados tão elevados no primeiro trimestre, que levaram o setor ao nível de produção recorde em março.
Em junho, o nível de produção já estava 2% abaixo do recorde, mas os resultados comparativos a iguais períodos do ano passado ainda mostravam vigor. Além do maior crescimento em duas décadas no primeiro semestre, o setor industrial cresceu 11,1% em junho, ante igual mês do ano passado.
De acordo com Macedo, o resultado de junho foi negativamente influenciado pela Copa do Mundo, já que três dos quatro jogos do Brasil no torneio esportivo ocorreram em dias úteis, afetando a produção. Além disso, segundo ele, dados divulgados em sondagens e pesquisas de outras instituições mostram “níveis indesejados de estoques em alguns segmentos, o que também pode estar afetando o ritmo da atividade da indústria”.
Reação. Para analistas, após a terceira queda consecutiva ante o mês anterior de junho, a indústria vai reagir e deve apresentar crescimento já em julho, ainda que não retorne ao ritmo intenso do primeiro trimestre. O economista André Perfeito, da Gradual Investimentos, destacou os efeitos da Copa sobre os resultados e disse que o recuo observado na produção em junho foi “discreto” e “não será surpresa vermos a produção industrial de julho vir com alta expressiva”.
André Sacconato, da Tendências Consultoria, avalia que os dados do IBGE confirmam que, “após um primeiro trimestre muito forte, estimulado em grande medida pelo processo de antecipação de consumo e com o fim das desonerações fiscais, foi confirmada a acomodação do ritmo de crescimento da indústria do segundo trimestre”.
Os principais tombos no mês ocorreram na produção de bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos) e bens de capital, que sinalizam o desempenho dos investimentos. Os duráveis apresentaram queda de 3,2% ante o mês anterior. Segundo Macedo, o recuo reflete, sobretudo, os resultados negativos na produção de televisores e automóveis.
Ainda de acordo com Macedo, a produção de duráveis foi negativamente afetada pela Copa do Mundo. “Essas paralisações para os jogos afetam mais a produção de bens finais do que bens de produção contínua, como os intermediários (siderurgia, celulose e outros)”, disse o economista do IBGE.
A queda de 2,1% na produção de bens de capital em junho em relação a maio – o primeiro resultado negativo ante o mês anterior após 14 meses consecutivos de expansão dessa categoria – pode significar, segundo Macedo, uma “acomodação natural”. Para ele, “o desempenho dessa categoria é favorável mesmo com essa queda ante mês anterior”. / COLABOROU MARCÍLIO SOUZA
Previsão
O economista-chefe da consultoria de investimentos Lopes Filho & Associados, Julio Hegedus Netto, projeta crescimento da produção industrial entre 10% e 11% no 2º semestre do ano.


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