por Carlos Chagas
Não há um só candidato às eleições de outubro, entre grandes e pequenos, em todo o país, incapaz de imaginar que a partir de amanhã acontecerá o milagre da multiplicação dos votos. Tanto os que vão bem nas pesquisas quanto os que vão mal jogam suas fichas no período de propaganda gratuita no rádio e na televisão. Uns para virar o jogo. Outros para confirmar expectativas.
São dessas verdades absolutas que servem para turvar a natureza das coisas. Porque o cidadão comum, aquele que chegar em casa cansado do trabalho e ligar a televisão, não deixará de exalar um resmungo quando perceber que no horário nobre, em todos os canais, aparecerá a mesma imagem. Candidatos a deputado estadual, federal, senador, governador e presidente da República, sem ser convidados, ocuparão telinhas e telões prometendo o diabo, mentindo horrores e desafiando a paciência de todos nós. Uns, é claro, pelo histrionismo exagerado, poderão até divertir por alguns segundos, mas todos apresentarão perfis irreais, diagnósticos fantasiosos e receitas inviáveis.
Bastará verificar os baixos índices de audiência e, mais do que eles, o fraco interesse por parte de ouvintes e telespectadores. Vale propor um desafio: um minuto depois de encerrada a propaganda obrigatória,quem terá condições de repetir a simples ordem de entrada dos candidatos em nossa paciência, em se tratando do que disputam o Congresso e as Assembléias Legislativas? Ou de lembrar as promessas e mensagens dos pretendentes aos governos estaduais e ao próprio governo federal? É bom não esquecer que estes são oito, e aqueles, muitos mais.
Será mesmo a propaganda gratuita a varinha de condão destinada a despertar o eleitor, levando-o a decidir em quem votará? Pode ser, na base da escolha do menos pior, mas há duvidas...
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