Ex-ouvidor denuncia que PSDB opera “central de espionagem”


Paiani afirma que esquema de espionagem tem, pelo menos, dois anos
Paiani afirma que esquema de espionagem tem, pelo menos, dois anos
AYRTON CENTENO
    O ex-ouvidor da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Adão Paiani, afirmou ontem que existe “uma central de espionagem” no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho. Ele assegura que o sistema funciona há mais de dois anos como “uma política institucional” do Governo Yeda Crusius (PSDB) para “espionar adversários políticos”. Também serviria para “pressionar políticos que não se alinham com o governo, perseguir ex-integrantes do governo que tenham se rebelado com as práticas que ocorrem lá dentro”. As declarações do ex-ouvidor foram dadas ao site Sul21. 

    Paiani respondeu pela ouvidoria até maio de 2009, quando foi exonerado. Ele alega, aliás, ignorar por qual razão foi afastado. Seu nome é o primeiro nome da lista de 33 pessoas liberada pelo promotor de justiça, Amílcar Macedo, responsável pelo caso, que tiveram suas informações acessadas através do Sistema de Consultas Integradas, do Palácio Piratini. Entre as outras vítimas estão o ex-ministro Tarso Genro, candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul, seu coordenador de campanha Flávio Koutzii, vários diretórios do PT, um senador, três deputados, além de outros políticos, advogados, jornalistas e policiais. O autor dos acessos está preso há uma semana. É o sargento César Rodrigues de Carvalho, funcionário da Casa Militar do governo tucano.
    Dois meses antes de sua saída, o então ouvidor comunicou à governadora o emprego irregular do sistema. A decisão ocorreu depois que recebeu denúncia anônima sobre o uso indevido do equipamento por Ricardo Lied, então chefe de gabinete de Yeda. Paiani soube que Lied aparecia em escutas telefônicas reportando-se a uma investigação irregular de um adversário político, o petista Luis Fernando Schimdt, candidato a prefeito do município de Lajeado. 
    Hoje, ele admite: “ingenuamente achei que ela não tinha conhecimento”. O ex-ouvidor garante que “tudo isto que está vindo à tona agora (…) é algo que eu já havia denunciado quando da minha saída do governo. São exatamente os mesmos agentes, as mesmas práticas. Nada mudou”.
    Paiani supõe até mesmo que o resultado da CPI da Corrupção, da Assembleia Legislativa – que averiguou a desaparição de R$ 344 milhões dos cofres estaduais  – teria sido atingido pelo monitoramento, que serviria para pressionar deputados.
    Na época, segundo Paiani, a governadora respondeu-lhe que iria mandar investigar o que estava acontecendo. Além de Yeda, a denúncia teria chegado também ao chefe da Casa Civil, José Alberto Wenzel e ao secretário da Transparência e da Probidade Administrativa, Francisco Luçardo. “E todos silenciaram”, relatou o ex-ouvidor.

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