[...] O Nosso maior gênio do humor completa, amanhã, 80 anos de idade. E não é que Francisco Anysio de Oliveira Paiva Filho, que o Brasil, e diversos países do mundo, aprenderam amar e chamar de Chico Anysio, continua sua saga de surpreender o público e superar os próprios limites!
Já em casa, depois de longos três meses de internação no Hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, quase sempre apresentando quadros de hemorragia digestiva, complicações cardíacas ou pulmonares, Chico Anysio, aos poucos, volta às suas atividades normais.
A começar pelo lançamento de mais um livro, "O fim do mundo é ali", da Editora Prumo, que traz mais de trinta novos contos com a pegada arguta e engraçada que só Chico sabe empregar à prosaicas situações do cotidiano.
Outra novidade que corre à boca miúda é que, nos próximos dias, Chico receberá em sua casa, na Barra da Tijuca, uma equipe da Rede Globo para gravar um quadro para o programa Zorra Total. Na ocasião, Chico Anysio deve interpretar uma de suas mais emblemáticas personagens: a super-íntima do presidente João Figueiredo, Salomé Maria da Anunciação, mais conhecida como, Salomé de Passo Fundo.
Aliás, falando em interpretar personagens e/ou personalidades, talento que consagrou Chico desde o início da carreiraganhou homenagem em forma de livro. Organizado por Ziraldo, "É mentira, Chico?" (Editora Resultado) reune 200 criaturas criadas, roteirizadas, caracterizadas e interpretadas pelo garoto que partiu para o Rio aos 8 anos de idade e, aos 16, já chamava atenção do grande público do rádio pela desenvoltura, e incomodava a concorrência pelo talento arrasador.
Origens
"Sou artista porque esqueci o tênis", disse, cheio de graça, ao Caderno 3, durante sua curta passagem pelo II Festival de Humor de Maranguape, realizado ano passado, em sua cidade natal, ocasião em que visitou o museu local que, hoje, abriga 15 bonecos, de cerca de um metro de altura, com articulações e figurinos perfeitos, todos feitos em formato de marionetes, pelo artista plástico cearense, Gandhy Piorski Aires.
"Eu voltei para casa porque tinha ido jogar bola, mas o campinho tinha mudado de local, e precisava jogar calçado. Encontrei minha irmã Lupe (Gigliotti, falecida em dezembro de 2010) e um amigo dela saindo para fazer um teste na Rádio Guanabara. Fui, me empolguei e logo estava imitando trinta e duas vozes de artistas da época. Depois disparei a ganhar os programas de calouros no Rio e em São Paulo. Com pouco tempo não aceitavam mais, nem a mim, nem ao Manoel da Conceição, o Mão de Vaca, grande violonista", recorda Chico.
Ainda bem jovem, os ares de mestre deram os primeiros sinais, e, com pouquíssimo tempo, Chico acumulava funções de rádio-ator, locutor, redator, comentarista esportivo e passaria, com louvor pelo casting das três maiores emissoras da época, TV Rio, TV Tupi e TV Excelsior, todas extintas. Aliás, trabalhar muito, também é outra marca registrada do nosso cearense ilustre. Tanto que, não raro, nos últimos anos, vimos nosso eterno Professor Raimundo, discretamente lamentando não estar no ar com seus impagáveis personagens.
NATERCIA ROCHA
REPÓRTER
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