Na cupira da ação
I
Peço a Deus que me conceda
Imensa sabedoria
Para versejar a vida
Dentro da burocracia,
Mergulhar neste universo
Sem ter certeza que o verso
Se tornará poesia.
II
Poeta não tem lugar
Numa ruma de papel,
Num parecer fraudulento
Que tem a cara do réu;
Tanto papel encardido
Que o pobre deprimido
Pensa que já vai pro Céu.
III
Há um projeto na pauta
(Todos aptos a votar),
A estrada esburacada
Precisando consertar;
De olho gordo na pista,
Conselheiro pede vista
E nada de inaugurar.
IV
E no governo inda tem
Cem por cento na chefia:
Um chefete em cada esquina
A esbanjar covardia,
Dentro da repartição
Tem quem diga: eu sou irmão
Do chefe da Assessoria.
V
Nas festas da governança,
É vermelho e amarelo;
Azul pega o encarnado
Na favela e no castelo;
Um rorizista do cão
Quase mói a minha mão
Dizendo: sou Agnelo!
VI
No lançamento do PAC,
Com a Miriam Belchior,
No Riacho Fundo II,
A festa foi bem melhor:
As casas para o povão
E mais uma cesta de pão
Pra quem vive na pior.
VII
Agnelo disse assim:
Eu nunca ligo pra azar,
Tudo que prometo eu cumpro,
Podem se tranqüilizar;
Mas aí, Chico de Assis,
Poeta, disse: o infeliz
Tá querendo me enrolar!
VIII
Então veio me procurar
Junto do governador,
Fez um requequé danado,
Pegou e pigarreou,
Contou que estava quebrado
E queria um adiantado
Pra Casa do Cantador.
IX
Agnelo, sabedor
Que cantador é pidão,
Porém sem desvalorizar
Essa nobre profissão,
Quando acabou de ler,
Mandou alguém escrever
Nobre e ímpar pretensão.
X
Aí veio no borrão:
Ilustre governador,
Quero um pouco de verbas
Pra Casa do Cantador,
Espaço do velho e novo;
E a cultura do povo
Engrandece seu valor.
XI
Quero e peço, por favor,
Saúde e educação,
Transporte bom, segurança
E o que é de mais razão:
Restitua sempre a verdade
E faça da honestidade
Sua palavra e sua ação.
XII
Acabe toda a chantagem
De quem vive a espiar;
Brasília quer liberdade,
Caminhar e respirar.
No meio desse deserto,
Se o governo não der certo
Não há capim pra plantar.
XIII
Eu prometo pro senhor,
Depois de passar 100 dias,
Até pedir demissão
De empresa ou autarquia,
Eu vou estar na parada:
Cada obra inaugurada
Terá sua poesia.
Peço a Deus que me conceda
Imensa sabedoria
Para versejar a vida
Dentro da burocracia,
Mergulhar neste universo
Sem ter certeza que o verso
Se tornará poesia.
II
Poeta não tem lugar
Numa ruma de papel,
Num parecer fraudulento
Que tem a cara do réu;
Tanto papel encardido
Que o pobre deprimido
Pensa que já vai pro Céu.
III
Há um projeto na pauta
(Todos aptos a votar),
A estrada esburacada
Precisando consertar;
De olho gordo na pista,
Conselheiro pede vista
E nada de inaugurar.
IV
E no governo inda tem
Cem por cento na chefia:
Um chefete em cada esquina
A esbanjar covardia,
Dentro da repartição
Tem quem diga: eu sou irmão
Do chefe da Assessoria.
V
Nas festas da governança,
É vermelho e amarelo;
Azul pega o encarnado
Na favela e no castelo;
Um rorizista do cão
Quase mói a minha mão
Dizendo: sou Agnelo!
VI
No lançamento do PAC,
Com a Miriam Belchior,
No Riacho Fundo II,
A festa foi bem melhor:
As casas para o povão
E mais uma cesta de pão
Pra quem vive na pior.
VII
Agnelo disse assim:
Eu nunca ligo pra azar,
Tudo que prometo eu cumpro,
Podem se tranqüilizar;
Mas aí, Chico de Assis,
Poeta, disse: o infeliz
Tá querendo me enrolar!
VIII
Então veio me procurar
Junto do governador,
Fez um requequé danado,
Pegou e pigarreou,
Contou que estava quebrado
E queria um adiantado
Pra Casa do Cantador.
IX
Agnelo, sabedor
Que cantador é pidão,
Porém sem desvalorizar
Essa nobre profissão,
Quando acabou de ler,
Mandou alguém escrever
Nobre e ímpar pretensão.
X
Aí veio no borrão:
Ilustre governador,
Quero um pouco de verbas
Pra Casa do Cantador,
Espaço do velho e novo;
E a cultura do povo
Engrandece seu valor.
XI
Quero e peço, por favor,
Saúde e educação,
Transporte bom, segurança
E o que é de mais razão:
Restitua sempre a verdade
E faça da honestidade
Sua palavra e sua ação.
XII
Acabe toda a chantagem
De quem vive a espiar;
Brasília quer liberdade,
Caminhar e respirar.
No meio desse deserto,
Se o governo não der certo
Não há capim pra plantar.
XIII
Eu prometo pro senhor,
Depois de passar 100 dias,
Até pedir demissão
De empresa ou autarquia,
Eu vou estar na parada:
Cada obra inaugurada
Terá sua poesia.
XIV
E como disse o poeta,
Numa rima de desafio:
Governador Agnelo,
Use brita e meio-fio,
Calce o pé conforme a meia
E transforme a rua feia
Num logradouro sadio.
E como disse o poeta,
Numa rima de desafio:
Governador Agnelo,
Use brita e meio-fio,
Calce o pé conforme a meia
E transforme a rua feia
Num logradouro sadio.
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