[...] de titanic
A guerra civil no PSDB é o resultado da tensão entre a necessidade da ruptura e a ausência de mecanismos minimamente democráticos para fazer esse ajuste de contas pela via pacífica.
A ruptura parece necessária porque as três últimas eleições presidenciais evidenciaram o limite da ação política dos tucanos.
O partido vem sofrendo derrotas consecutivas por uma razão singela: a maioria da população brasileira tem hoje reservas à passagem do PSDB pelo Palácio do Planalto.
Nas duas eleições mais recentes, ficou evidente também que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva deixa bem para trás o de Fernando Henrique Cardoso no juízo do eleitor. Não se trata aqui de discutir justiças e injustiças. São os fatos da vida.
Ainda que de vez em quando ressurja a tese fantástica de que o eleitor avalia mal o governo FHC porque não lhe explicaram suficientemente como foi bom.
A "necessidade de resgatar a herança de FHC" é um fraseado encontradiço nas lutas internas do PSDB, mas a vida prática tem sido diferente.
O ex-presidente não se dispõe a lutar por um mandato. E os candidatos majoritários do PSDB -inclusive quem no interregno canta as glórias do período de 1995 a 2002- ignoram-no quando chega a hora de pedir voto ao povão.
O maior problema do PSDB não é a luta de facções. É ela transcorrer sem que o distinto público consiga enxergar uma mísera ideia quando
olha para os embates.
Pois o eleitor não tem a legenda em baixo conceito, tanto que lhe deu o comando de vários estados. Só não está convencido de que deve
reconduzi-la a Brasília.
O único esboço de ideia até agora veio do próprio FHC, no já célebre (ainda que não pelas razões planejadas) texto na revista Interesse
Nacional. Mas a FHC e a seu artigo parecem estar reservando o papel de músicos de convés de Titanic.
Enquanto corre a suave melodia, a maior preocupação dos passageiros da nau tucana perece ser arrumar lugar em algum bote salva-vidas.
É possível que o PSDB sobreviva bem, quantitativamente. Tem capital político, e uma hora a carnificina vai acabar.
O problema do PSDB é outro. A ausência de massa crítica programática arrasta-o para a vala comum aos partidos brasileiros: além de desejarem o poder, não se sabe bem para que mais servem.
Por esse caminho, o PSDB ameaça abrir espaço para a despolarização da nossa política, dominada nas duas últimas décadas pela dualidade tucano-petista. A tese de que a política tem horror ao vácuo continua valendo.
Despolarização que pode vir a ser também um incômodo para o PT. Bem ou mal, o partido de Lula terá emplacado em 2014 doze anos de poder federal com base num argumento poderoso. Ou você vota no PT ou vai ter a volta ao passado.
O mundo organizado dessa maneira é conveniente para o PT, pois, seguidamente, três em cinco eleitores demonstram preferir a primeira
opção.
Mas, e se a alternativa não puder ser caracterizada dessa maneira?
Um mundo bipolar é sempre mais simples de administrar. Que o digam os Estados Unidos. Venceram e comemoraram a vitória na Guerra Fria, apenas para contratar depois que manter a hegemonia na nova situação tinha se tornado tarefa bem mais complexa.
A ruptura parece necessária porque as três últimas eleições presidenciais evidenciaram o limite da ação política dos tucanos.
O partido vem sofrendo derrotas consecutivas por uma razão singela: a maioria da população brasileira tem hoje reservas à passagem do PSDB pelo Palácio do Planalto.
Nas duas eleições mais recentes, ficou evidente também que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva deixa bem para trás o de Fernando Henrique Cardoso no juízo do eleitor. Não se trata aqui de discutir justiças e injustiças. São os fatos da vida.
Ainda que de vez em quando ressurja a tese fantástica de que o eleitor avalia mal o governo FHC porque não lhe explicaram suficientemente como foi bom.
A "necessidade de resgatar a herança de FHC" é um fraseado encontradiço nas lutas internas do PSDB, mas a vida prática tem sido diferente.
O ex-presidente não se dispõe a lutar por um mandato. E os candidatos majoritários do PSDB -inclusive quem no interregno canta as glórias do período de 1995 a 2002- ignoram-no quando chega a hora de pedir voto ao povão.
O maior problema do PSDB não é a luta de facções. É ela transcorrer sem que o distinto público consiga enxergar uma mísera ideia quando
olha para os embates.
Pois o eleitor não tem a legenda em baixo conceito, tanto que lhe deu o comando de vários estados. Só não está convencido de que deve
reconduzi-la a Brasília.
O único esboço de ideia até agora veio do próprio FHC, no já célebre (ainda que não pelas razões planejadas) texto na revista Interesse
Nacional. Mas a FHC e a seu artigo parecem estar reservando o papel de músicos de convés de Titanic.
Enquanto corre a suave melodia, a maior preocupação dos passageiros da nau tucana perece ser arrumar lugar em algum bote salva-vidas.
É possível que o PSDB sobreviva bem, quantitativamente. Tem capital político, e uma hora a carnificina vai acabar.
O problema do PSDB é outro. A ausência de massa crítica programática arrasta-o para a vala comum aos partidos brasileiros: além de desejarem o poder, não se sabe bem para que mais servem.
Por esse caminho, o PSDB ameaça abrir espaço para a despolarização da nossa política, dominada nas duas últimas décadas pela dualidade tucano-petista. A tese de que a política tem horror ao vácuo continua valendo.
Despolarização que pode vir a ser também um incômodo para o PT. Bem ou mal, o partido de Lula terá emplacado em 2014 doze anos de poder federal com base num argumento poderoso. Ou você vota no PT ou vai ter a volta ao passado.
O mundo organizado dessa maneira é conveniente para o PT, pois, seguidamente, três em cinco eleitores demonstram preferir a primeira
opção.
Mas, e se a alternativa não puder ser caracterizada dessa maneira?
Um mundo bipolar é sempre mais simples de administrar. Que o digam os Estados Unidos. Venceram e comemoraram a vitória na Guerra Fria, apenas para contratar depois que manter a hegemonia na nova situação tinha se tornado tarefa bem mais complexa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário