por Zé Dirceu



O passado à espreita

Esclarecedora, para dizer o mínimo, a notícia veiculada no jornal O Globo de que carta assinada pelos presidentes dos três clubes militares (Naval, Militar e da Aeronáutica) defenderia o retorno do 31 de março ao calendário de comemorações das forças armadas. O dia em que teve início a ditadura que perseguiu milhares e torturou centenas de brasileiros, ao longo de 25 anos de repressão política seria, nas palavras deles, símbolo de “defesa da democracia” contra “a tomada do poder por um regime ditatorial comunista” –um devaneio carregado de tintas da Guerra Fria.

Os signatários querem nos convencer de que estavam imbuídos do mais elevado nacionalismo e são absolutamente sinceros em sua defesa das virtudes do golpe militar, mas, quase concomitantemente à divulgação dessa carta, outros documentos chegaram às manchetes dos jornais para não nos permitir esquecer o que, de fato, significaram os “anos de chumbo”: as ordens oficiais da Marinha em relação à Guerrilha do Araguaia, foco de combate armado à ditadura, era de “eliminar”, assassinar friamente, os insurgentes –não apenas reprimir o movimento.
São lados de uma história que, até hoje, não soubemos contar direito. O Estado brasileiro carrega a chaga de sustentar até hoje uma Lei de Anistia que acoberta aqueles que cometeram graves e imprescritíveis crimes contra a humanidade durante a ditadura militar –lei essa, inclusive, condenada pelos tribunais internacionais por sua irrazoabilidade perante a gravidade das transgressões cometidas a partir do golpe de 1964. E seguimos, 26 anos depois da redemocratização, sem dar resposta satisfatória às famílias dos desaparecidos.
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