Câmbio

[...] ministro Mantega defende regime planetário

O ministro Guido Mantega (Fazenda) reclamou dos países que “administram” suas taxas de câmbio. De acordo ele, cabe uma “reforma global do sistema monetário internacional”, pois o atual leva a um desequilíbrio em detrimento dos países que, a exemplo do Brasil, mantêm um câmbio flutuante. As declarações foram feitas durante uma conferência organizada pela sua pasta e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Mantega pediu a unificação de um regime cambial para todos os países. Para ele, a melhor opção é adotar conjuntamente um sistema de câmbio flutuante. E cobrou regras mais rígidas para o setor financeiro internacional, principalmente no que se refere à alavancagem (endividamento) de bancos e demais instituições do ramo. “A excessiva desregulação que tivemos ao longo do tempo nos levou à crise de 2008”, afirmou. “Enquanto isso não acontece, os países emergentes têm que se defender”, complementou.

O ministro ressaltou que o sistema monetário internacional, constituído em Bretton Woods, ficou obsoleto a partir dos anos 1980 e não houve uma coordenação com os países com o objetivo de criar um novo sistema.

Regras mais duras

E, enquanto um regime cambial unificado e a regulação não se impõem, o país não ficará omisso. “Vamos administrar os fluxos de capitais, principalmente com medidas de tributação, para reduzir a entrada desse dinheiro no Brasil”, explicou o ministro. “Nós não estamos permitindo a formação de bolhas nem no mercado de renda fixa, nem de renda variada, nem na bolsa de valores, nem no mercado imobiliário”, detalhou Mantega. Já, o investimento estrangeiro direto “está liberado e tem crescido consideravelmente”.

É isso mesmo. O Brasil que se cuide, pois os Estados Unidos e a China já o fazem muito bem. Por enquanto, nenhum dos dois aceita o debate da questão cambial no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). Por tanto, se não tomarmos medidas internas para controlar a entrada de capitais especulativos, e se não evitarmos a valorização do real e o desmonte de nossa indústria, estaremos em maus lençóis.
Zé Dirceu

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