[...] O terrorismo de mercado venceu
O governo Dilma decidiu eleger o combate à inflação o inimigo número
Enquanto a batalha não terminar, não se combate a apreciação do câmbio.
Sabia-se que a curva de inflação anual atingiria seu pico em maio, depois declinaria gradativamente. Bastava, para tanto, analisar o histórico mensal do IPCA. A elevação anual se deu à medida que saíam os meses do primeiro semestre do ano passado (de inflação baixa), ficava o segundo semestre (de inflação muito alta) e os primeiros meses de 2011 – ainda sentindo os efeitos das altas dos preços agrícolas.
É deixada de lado toda a estratégia montada, de gradativamente reverter o peso dos juros no combate à inflação e de partir para uma política cambial mais agressiva, em virtude do terrorismo de mercado com a inflação.
É instrutivo entender os impasses do câmbio na história econômica do país.
A partir do acordo de Bretton Woods – no qual as principais nações do mundo concordaram em definir regras de controle de fluxos de capitais e de paridade cambial – os grandes milagres econômicos se deram em economias com taxas de câmbio desvalorizadas. Foi assim na própria reconstrução da Itália, Alemanha e Japão, no pós guerra; no salto italiano de fim dos anos 80.
No século 18, a própria Inglaterra se valeu de políticas cambiais competitivas para se impor sobre as demais economias do mundo.
O Brasil já entrou em Bretton Woods com o câmbio defasado. Definiu-se uma data para a taxa de paridade dos países. O tratado levou alguns anos para ser implementado. Nesse período, a economia brasileira sofreu efeitos da inflação, mas que não foram considerados na implementação da paridade cambial. Com isso, a moeda brasileira entrou valorizada no novo jogo, tirando a competitividade interna frente aos produtos importados.
Esse desequilíbrio já era perceptível no início dos anos 50, obrigando o governo a criar vários estratagemas para driblar a vulnerabilidade criada pelo câmbio.
No governo Café Filho, o economista Eugênio Gudin tentou corrigir o câmbio. Não deu.
Depois, no governo JK, Roberto Campos tentou convencer o presidente a proceder ao reajuste. Àquela altura a Coreia começava a trabalhar seu modelo econômico, cujo ponto de partida era justamente o câmbio desvalorizado. JK foi demovido por Augusto Frederico Schmidt, acenando justamente com o fantasma inflacionário.
Depois do desastre da apreciação do real, no governo FHC, Lula teve duas oportunidades de ouro de mudar o câmbio: no bojo da crise de 2003 e da crise de 2008. Mas, depois da desvalorização do real, quando a economia já tinha pago o preço do aumento da inflação, permitia-se novamente a reapreciação da moeda, jogando fora os ganhos proporcionados pelo Sr. Crise.
O governo Dilma começou com a convicção firme de que teria que se mudar o câmbio, se se quisesse um país de economia permanentemente dinâmica.
Mais uma vez o velho fantasma da inflação se impõe sobre o câmbio.
Mantega pede que empresários ajudem a combater a inflação
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu aos empresários que se unam ao governo federal no combate à inflação. Durante reunião do Grupo de Avanço da Competitividade (GAC), o ministro realizou um apelo para que os empresários evitem repassar a alta dos custos para os preços, advertindo para o risco de indexação caso isso aconteça. Empresários afirmam que não pretendem atrapalhar o combate à inflação, pois avanço gerado pela indexação “seria o pior dos mundos”.
Inflação deve cair nos próximos meses, diz Tombini
A taxa de inflação no país deve ser mais baixa nos próximos meses, segundo o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Segundo ele, a taxa deve ficar dentro da meta, com o nível mensal oscilando entre 0,35% e 0,40%. O representante do BC enfatizou a necessidade de garantias para que a taxa siga para o centro, mas que o controle “é um esforço prolongado”. Segundo ele, a inflação deve convergir para o centro da meta de 4,5% em 2012.
Poupança teve captação negativa em abril
As cadernetas de poupança encerraram o mês de abril com uma captação negativa de R$ 1,762 bilhão. De acordo com o Banco Central, o número é resultado de depósitos de R$ 96,572 bilhões e saques de R$ 98,335 bilhões, além de um crédito de R$ 2,240 bilhões em rendimentos. Assim, o estoque da caderneta de poupança subiu de R$ 384,896 bilhões em março para R$ 385,374 bilhões. Em março, a poupança teve captação líquida de R$ 307,4 milhões, enquanto a captação em abril de 2010 foi de R$ 1,696 bilhão.
Brasileiro está menos otimista com a economia
Os brasileiros estão menos otimistas em relação à situação socioeconômica do País, aponta o Índice de Expectativa das Famílias (IEF), divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O indicador de otimismo caiu de 65,3 pontos em março para 63,8 pontos em abril. Segundo a entidade, a pesquisa inclui a percepção do brasileiro sobre a economia nacional, a condição financeira da própria família, desempenho no emprego, nível de endividamento e expectativa de compras.
BCE mantém taxa de juro na zona do euro em 1,25%
O Conselho Diretor do Banco Central Europeu (BCE) manteve a taxa básica de juros da zona do euro em 1,25%. Segundo analistas, a decisão do BCE foi tomada por conta dos resultados insatisfatórios de algumas economias da região, embora as pressões inflacionárias tenham aumentado. Em seguida, o banco central da Inglaterra anunciou que também vai manter o juro do país em 0,5%, mas não descarta o ajuste da taxa a partir da reunião de junho.
Pedidos de seguro-desemprego sobem nos EUA
O número de pedidos de auxílios-desemprego nos Estados Unidos atingiu 474 mil (com ajuste sazonal), um acréscimo de 43 mil solicitações ante a semana anterior, de acordo com dados do Departamento do Trabalho local. O resultado apurado é o maior já registrado desde meados de agosto, e ficou acima das expectativas dos analistas. Ao mesmo tempo em que os indicadores de desemprego aumentaram nos Estados Unidos, a produtividade no país desacelerou.
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