por Zé Dirceu

Obama e o novo mundo
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Barack Obama
A julgar pelos pronunciamentos do presidente Barack Obama, e seu atual giro europeu, parece que os Estados Unidos estão dispostos a não abandonar o poder imperial que passaram a exercer após a queda do Muro de Berlim (9 de novembro de 1989) e a dissolução da União Soviética (concluída em 1991 por Mikhail Gorbatchev).

Não aceitam o mundo multipolar pós era George W.Bush, nem a ascensão dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e nem a nova realidade de um mundo em mudanças, como por exemplo na América do Sul e, agora, no Oriente Médio e no Magreb (países com populações rebeladas no Norte da África).

Em seu discurso desta 4ª feira no Westminster Hall, o mais tradicional salão do Parlamento britânico, ao dizer que os emergentes não põem em xeque a liderança anglo-americana, o presidente norte-americano deixou claro que os EUA não aceitam os novos papéis de países como a China, Índia, Brasil, potências emergentes (as duas primeiras, nucleares).

E a reforma da ONU e do sistema financeiro global?

De Obama e dos EUA, nada de reforma do Conselho de Segurança (permanente) da Organização das Nações Unidas (ONU), do sistema financeiro internacional, nada de devolver à ONU o seu papel nas decisões mundiais. Ao contrário. A ONU apenas tem relevância para aprovar suas decisões já tomadas e legitimar e legalizar suas guerras.

Nem mesmo a independência e o reconhecimento de um Estado Palestino os EUA aceitam. Querem que seja o Plano Obama e não que a Assembléia Geral das Nações Unidas, que reconheceu o Estado de Israel em 1948, reconheça agora o Estado Palestino.

No caso do Irã, o Brasil sentiu na pele essa regressão americana. Mesmo com o conhecimento e o consentimento prévio de Barack Obama, o plano do então presidente Lula, de um acordo entre o Irã e a Turquia para o enriquecimento do urânio iraniano, foi simplesmente descartado por Washington.

Comportamento de Obama encerra lições para o Brasil

Mais que isso, e pior: o plano foi desqualificado e o presidente Lula e a nossa diplomacia sofreram uma violenta campanha internacional, como se fossem cúmplices de um crime ou de um plano diabólico do Irã.

Aquela situação, a protagonizada agora por Obama e suas posições externadas esta semana na Europa, encerram várias lições para o Brasil aprender em relação à nossa política de defesa e de relações exteriores.

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