por Paul Krugman


"LIÇÕES DA CRISE FINANCEIRA DE 2008 ESTÃO ESQUECIDAS"!
            
1. Com uma rapidez vertiginosa, as lições da crise financeira de 2008 foram esquecidas, e aquelas mesmas ideias que nos jogaram nesta crise – a regulamentação é ruim, aquilo que é bom para os banqueiros é bom para os Estados Unidos e as reduções de imposto são a cura universal para todos os problemas – recuperaram a sua influência.  A economia do trickle-down (doutrina econômica baseada no estímulo à prosperidade dos mais ricos, que “gotejaria” para os mais pobres) – e especificamente a ideia de que tudo o que fizer aumentar os lucros das corporações é bom para a economia – está retornando ao cenário econômico.
          
2. Esse fato parece ser bizarro. Nos últimos dois anos, os lucros das companhias dispararam, enquanto o desemprego continuou em níveis desastrosamente elevados. Por que alguém deveria acreditar que a entrega de mais dinheiro às corporações, de forma incondicional, provocaria a criação mais rápida de empregos?  O argumento básico é que tudo aquilo que deixar mais dinheiro nas mãos das corporações significará mais empregos. Ou seja, temos a teoria do trickle-down na sua forma pura.
          
3. As corporações dos Estados Unidos deveriam pagar impostos sobre os lucros das suas subsidiárias no exterior – mas somente se esses lucros forem transferidos para a sede da companhia. Agora há um movimento solicitando que seja oferecida uma anistia segundo a qual as companhias poderiam repatriar os seus lucros sem praticamente pagarem impostos. E até mesmo alguns democratas estão apoiando essa ideia, alegando que isso criaria empregos. Um presente fiscal similar foi oferecido em 2004. E o fracasso foi total. As companhias de fato tiraram proveito da anistia para transferir bastante dinheiro para os Estados Unidos. Mas elas usaram esse dinheiro para pagar dividendos, saldar dívidas, adquirir outras companhias, comprar de volta as suas próprias ações – ou seja, para tudo, menos aumentar os investimentos e criar empregos.
          
4. Todos sabem que as corporações já estão com reservas enormes de capital e que elas não estão investindo esse dinheiro nos seus próprios negócios. É pura besteira afirmar que um presente fiscal para as corporações criaria empregos ou que a suspensão dos cortes de impostos para jatos executivos destruiria empregos.  A nossa economia necessita é da criação direta de empregos pelo governo e de um alívio da dívida de hipotecas para os consumidores estressados. Mas ela não necessita de uma transferência de bilhões de dólares para corporações que não têm a menor intenção de contratar ninguém, a não ser mais lobistas.




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