Claro que não vi o filme "A Serbian Film - Terror sem limites", e certamente não vou ver. Mas, como acompanho o noticiário por dever de ofício e ainda tenho o bom hábito de ler jornais, não tenho a menor dúvida de que esta obra-prima não podia ser proibida pela Justiça.
Tudo tem que não ter limites e, por isto que eu defendo e dependo da liberdade de expressão para trabalhar, podemos tudo.
Só para vocês terem uma ideia do que se trata: o filme do diretor sérvio Srdjan Spasojoveic mostra cenas com sugestão de estupro de recém-nascido, incesto envolvendo criança e necrofilia.
É preciso dizer mais? Tem que ver o filme para concluir que é sensacional, espetacular. pura obra de arte? Com que direito a justiça toma providência em defesa da sociedade?
Nós nos habituamos a sempre elogiar Justiça e, principalmente nestes casos, defender a mais absoluta liberdade de expressão, como se a vida em sociedade não exigissse de cada um de nós um mínimo de respeito aos direitos e à liberdade do outro, principalmente de quem não tem como se defender.
Se trataria de censura a proibição da exibição do filme, é preciso deixar bem claro e parar com esta aberração.
Qualquer limite imposto a crimes cometidos pela imprensa ou por outros meios de comunicação humana, a exemplo deste filme, é um "atentado à liberdade de expressão".
Outros países mais desenvolvidos culturalmente do que o nosso não proibiram este filme, que seria exibido no último sábado num festival de cinema de terror no Rio de Janeiro.
Filme de terror é uma coisa, e estimular os sentimentos mais doentios do ser humano, num momento em que a pedofilia e a violência contra as crianças se dissemina pelo mundo, é outra coisa.
Só porque a ação contra a exibição de "A Serbian Film" foi movida pelo DEM, um partido que nas últimas eleições se aliou à mais preconceituosa e retrógada campanha política já vista no país, isso me obriga a sair por aí gritando que "a censura está de volta" e defender o absolutamente indefensável em nome do "politicamente correto".
Estaria erradíssima a juíza Katerine Jatahy Nygard, da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, do Rio de Janeiro, se proibisse a exibição e determinasse a apreensão da cópia do filme, assim como está cumprindo seu dever o Ministério da Justiça ao suspender o processo de classificação indicativa de "A Serbian Fim". Este filme, simplesmente, não tem classificação.
Escrevo isto porque sou moralista retrógrado um católico carola que vive rezando com o terço na mão e fazendo cara de santo. Apenas me sinto no direito de defender, em nome do que nos resta de dignidade humana, o bom senso e um mínimo de respeito no que se convencionou chamar de liberdade artística.
Sob o título "Justiça está certa, sim, ao proibir filme escabroso", o jornalista Ricardo Kotscho , é claro, escreveu exatamente o que eu penso.
Sem dúvida, a liberdade de expressão não pode se sobrepor aos direitos que qualquer sociedade civilizada tem de se defender das barbaridades cometidas por delinquentes amorais e celerados em gera.
Quer dizer, que os orgãos do Estado criados para isso, pode colocar limites aos que querem impor as suas taras ao conjunto dos cidadãos.
Peço aos leitores que mandem sua opinião.
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