Desafios do financiamento imobiliário

Nos próximos os principais serão dois:

  1. Como arranjar recursos 
  2. Como enfrentar a realidade próxima, de redução da rentabilidade da caderneta de poupança.
Criou-se consenso entre os especialistas que, mantidos os ritmos atuais de crescimento da poupança e dos financiamentos, os recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) dariam para mais dois anos.
Um outro problema será a próxima redução da rentabilidade da caderneta, assim que os juros da taxa Selic se aproximarem do piso.
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Para a faixa de 0 a 3 salários mínimos, não haverá problemas, segundo o presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Hereda. Há os recursos do FGTS e também as dotações do Tesouro para complementar a renda.
Os números da CEF dão ideia da explosão dos financiamentos: saiu de R$ 5 bilhões concedidos no período 2003/2004 para R$ 77 bilhões no ano passado. São mais de 4.100 contratos diários, no valor total de R$ 300 milhões por dia. Este ano é possível que se bata a meta de R$ 90 bilhões em financiamentos novos, com inadimplência inferior a 2%.
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Atualmente o crédito imobiliário responde por 4% do PIB. Há condições de chegar a 15% em poucos anos, mas dependendo das fontes de recurso.
Existem algumas soluções transitórias, dependendo da política monetária do Banco Central. Hoje em dia incide 20% de compulsório sobre a poupança, que poderia seria reduzido. Mesmo assim não esticaria em muito o prazo de esgotamento dos recursos, segundo o presidente do Banco Itaú-Unibanco Roberto Setubal.
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Outra saída seria a securitização dos contratos – ou seja, com base no recebimento futuro das prestações lançar fundos e captar mais recursos no mercado. Com as práticas bancárias brasileiras, diz Hereda, seria impossível repetir o desastre ocorrido nos Estados Unidos, onde o pecado maior estava na originação – isto é, na segurança de recebimento do primeiro contrato.
Atualmente existem cerca de R$ 4,2 bilhões em contratos securitizados. Há espaço para se chegar aos três dígitos, realimentando os recursos para financiamento habitacional. Essas companhias securitizadoras emitem CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) que já são adquiridos por investidores institucionais.
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Outro caminho perseguido é o dos chamados “covered bonds”. É um conjunto de títulos, tendo por base os financiamentos, mas que permanece na carteira dos bancos, que dá garantias adicionais aos tomadores. Com base nessa carteira são emitidas Cédulas Hipotecárias. Ao poupador poderia ser oferecido um mix entre caderneta de poupança e Cédula Hipotecária.
A questão central é que, enquanto a Selic estiver em patamares acima de 8% ao ano, inviabilizará qualquer crescimento do mercado de títulos privados.
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Esse é mais um dos pontos a confirmar o momento em que o Brasil se tornará uma China: quando a taxa de juros estiver em níveis internacionais e o câmbio competitivo. Aí uma montanha de recursos – hoje aplicada na rolagem da dívida pública – será realocada para investimentos privados e em infraestrutura.

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