Saúde: Qual é a proposta?...

O piadismo na internet sobre o câncer de Luiz Inácio Lula da Silva e o SUS teve pelo menos um efeito positivo.  Atraiu o olhar jornalístico para as estruturas da rede pública que atendem pacientes de câncer.

Repórteres foram a hospitais e puderam notar, e depois reportar: o atendimento é defensável e o povo não está desassistido.

Há problemas? É evidente. Poderia melhorar muito? É claro. Mas daí a dizer que o tratamento de câncer no SUS é uma droga vai uma diferença e tanto. 

E conforme a realidade se impõe o foco da crítica sofre um ajuste: o problema não seria a má qualidade do serviço, mas a oferta insuficiente e as filas de espera.

Sim, de fato é um problema, e os governos deveriam investir mais. E estão investindo. Em todos os níveis. Aliás estão de língua de fora, desesperados para encontrar novas fontes de financiamento.

O piadismo sobre o câncer de Lula e o SUS alimenta-se também de preconceito social. Digo e provo. Na longa luta contra a doença, José Alencar nunca foi alvo de nada parecido. Talvez por ser sabidamente rico, por ter dinheiro para pagar o dispendiosíssimo tratamento privado.

Não houve campanhas tipo #ZeAlencarnoSUS. Não houve tampouco qualquer episódio de jornalismo especulativo na linha "o que acontece se ele morrer".

Mas o nó górdio está em outro canto. Como naquelas peças engajadas na universidade nos anos 60 e 70, uma hora o teatro acaba, alguém levanta na plateia e lança a pergunta: "Legal, gostei, mas qual é a proposta?"

Ando mesmo meio saudosista, então vou explicar. À encenação da peça precisava seguir-se uma proposta de abordagem revolucionária da realidade injusta e opressiva. 

Uns diziam que só a luta armada resolveria, já outros preferiam apostar na organização das massas e na luta político-eleitoral.

Vou fazer como naqueles bons tempos. Depois que se cansarem do teatro, das piadas e da desopilação hepática, gastem um tempinho para raciocinar e esclareçam: qual é, afinal, a proposta?

Há três soluções possíveis. Uma saúde 100% estatal, uma 100% privada e uma mista.

Duvido que algum, unzinho só dos piadistas do câncer alheio defenda a primeira opção. Mas deveriam. Seria lógico, coerente. 

Pois não há como financiar pelo Estado um sistema que ofereça a cada brasileiro tratamento e serviço de hotelaria no nível, por exemplo, do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo.

Se a saúde brasileira fosse completamente estatal, talvez com sorte ela atingisse em toda a extensão o nível de excelência hoje observado nos equipamentos de ponta da área pública. Com muita sorte. 

E muito, mas muito dinheiro mesmo. Dinheiro que aparentemente a sociedade não está disposta a entregar ao governo.

Já uma saúde 100% privada seria impensável, social e politicamente inviável. De novo, apontem-me um, unzinho só dos críticos do SUS que proponha, em campanha eleitoral, acabar com o sistema. 

Simplesmente não há. É uma ideia mais apropriada ao mundo da lua.

Sobra então tentar aperfeiçoar o SUS. E para isso é preciso mais dinheiro. Trazendo recursos de outras áreas. 

Ou aumentando impostos. E fazendo os planos de saúde pagarem pelo atendimento que seus pacientes recebem na rede pública. Isso daria uma bela mão.

Não sei quem está pagando o tratamento de Lula. É assunto privado dele, dos médicos dele e do Hospital que o atende. Talvez o plano de saúde do ex-presidente cubra. 

E certamente não lhe faltarão recursos privados para tratar-se, se for necessário, se quiser fazer coisas que o plano não cobre.

Escrevi outro dia que Lula poderia ter optado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, o Icesp. Uma boa herança dos governos do PSDB. 

Mas se Lula tem plano de saúde e fontes de recursos para tratar-se no Sírio, fez bem em ir para lá.

Pois deixou de ocupar no Icesp uma vaga, que agora irá servir a alguém que não pode pagar o Sírio.
por  Alon Feurwerker

2 comentários:

  1. Marco Antônio Leite04 novembro, 2011

    NEM ISSO, NEM AQUILO
    NEM MARTELO, NEM PREGO;
    NEM CONDUTOR, NEM VEÍCULO;
    NEM DEUS, NEM DEMÔNIO;
    NEM CALÇA, NEM VESTIDO;
    NEM ADVOGADO DE DEFESA, NEM ADVOGADO DE ACUSAÕ;
    NEM DEPUTADO, NEM SENADORES – QUE NOJO;
    NEM PRESIDENTE NEM POLITICO – QUE NOJO;
    NEM COMEÇO, NEM FIM;
    NEM LEITE, NEM CAFÉ;
    NEM BANANA, NEM CASCA;
    SOMENTE CHE GUEVARA, SOMENTE FIDEM CASTRO;
    NEM CAPITALISTA, NEM ELITE;
    NEM SAPAT5O, NEM CHULÉ;
    SOMENTE SPCIALISMO, SOMENTE COMUNISMO;
    NEM HOMEM, NEM MULHER;
    NEM MENINO, NEM MENINA;
    SOMENTE CHE GUEVARA, SOMENTE FIDEL CASTRO;
    VIVA O SOCIALISMO!

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  2. a saude? se fosse eu ou alguem da minha camada social ja poderia faser um crediario para comprar um caixao. Quanto ao Fidel depois de tantos anos no poder cuba ta na merda ele e seus companheiros sao os unicos milionarios de Cuba.

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