[...] 2012 promete
A expansão dos rendimentos reais dos trabalhadores deve ser mantida em 2012, segundo análise divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Esse fôlego permitirá manter o consumo doméstico como principal motor da economia. O setor de serviços promete puxar a alta da ocupação. “Podemos viver um ano bem melhor, do ponto de vista salarial, se a inflação cair e o poder de compra da população ficar mais forte”, analisa Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). “Mas se a taxa de crescimento diminuir, é possível haver menor oferta de postos de trabalho.”
Em 2011, as negociações salariais no primeiro semestre foram positivas segundo o Dieese. Dos 353 acordos fechados, 84% ofereceram ganhos salariais acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Esses acordos passaram também a ter maior duração, principalmente em áreas sociais, como a saúde do trabalhador”, diz Lúcio.
Segundo a CNI, a renda real do trabalhador metropolitano manteve uma curva de crescimento durante o ano que, junto ao aumento do emprego formal, fomentou o consumo. O emprego metropolitano cresceu 2,2% na média de janeiro a outubro de 2011, ante o mesmo período de 2010, mas a criação de postos de trabalho nas seis maiores regiões metropolitanas perdeu força ao longo do ano.
Em outubro, conforme a CNI, com base em dados do IBGE, o emprego cresceu apenas 1,5% quando comparado ao mesmo mês do ano anterior. Na indústria, a comparação da média dos dez primeiros meses de 2011 com igual período de 2010 registra expansão das ocupações na maioria dos segmentos. Nichos como veículos automotores; máquinas, aparelhos e materiais elétricos; além de equipamentos de transporte, se destacaram pelo forte aumento do emprego, com taxas de, respectivamente, 7,3%, 5,6% e 5,3%. O setor de madeira foi o patinho feio da temporada e amargou queda de 5,3%.
No setor bancário, de janeiro a setembro de 2011, foram gerados 18,1 mil novos postos de trabalho ou 1,01% do 1,8 milhão de vagas criadas em todos os setores da economia. “O piso salarial para bancários na função de caixa passou para R$ 1,9 mil, em jornadas de seis horas”, conta Magnus Apostólico, diretor de relações do trabalho da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Para os escriturários, o piso saiu de R$ 1.250 para R$ 1,4 mil.
Para o governo, uma das vitórias na área de emprego foi o aumento da formalidade nas grandes cidades, em todos os setores. Em outubro, esse indicador atingiu o maior patamar (61,2%), desde 2002. De acordo com a CNI, o emprego aumenta em velocidade maior do que a população economicamente ativa (PEA): essa cresceu 1,2% em outubro ante igual mês do ano anterior e a ocupação, 1,5%.
De acordo com a CNI, o rendimento médio real nas seis maiores regiões metropolitanas manteve-se em expansão nos dez primeiros meses de 2011: na média, o rendimento cresceu 2,9%, ante o mesmo período de 2010. “O rendimento real pode ser incrementado em função do aumento de 14,6% do salário mínimo, em janeiro”, lembra Lúcio. “Será um instrumento de poder vigoroso, principalmente para a base da pirâmide.”
por Jacílio Saraiva
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