Se Demóstenes Torres relatasse Demóstenes Cachoeira

por Carlos Chagas

Caso não sobrevenham retrocessos, instala-se hoje a Comissão de Ética do Senado, sob a presidência do senador Vital do Rego. Com um pouco de boa vontade, os senadores escolherão também o relator do processo aberto contra Demóstenes Torres. A impressão é de que tudo correrá bem depressa, para evitar o desgaste que seria o prolongamento do inquérito. Claro que o acusado terá amplo direito de defesa.
                                                     
Fosse qualquer outro o réu e dúvidas inexistiriam: Demóstenes Torres seria o relator, em função de sua postura sempre rígida na luta contra a corrupção e a ilegalidade. Seu passado responderia pela designação. Como a vida é sempre mais fascinante e mais complicada do que a ficção, eis que o senador por Goiás encontra-se do outro lado do muro.
                                                       
Fazer prognósticos sobre a decisão do Conselho de Ética será tão prematuro quanto perigoso. Mesmo assim, nos corredores do Senado sopra o vento da condenação, ou seja, da cassação do mandato de Demóstenes. Ninguém seria mais implacável no interrogatório dele mesmo e na coleta de argumentos para sua degola.
                                                      
O Conselho de Ética atua politicamente, acima e além das questões jurídicas. Importa  menos aos senadores saber se o ainda colega não poderia ter sido objetivo de investigações policiais sem licença do plenário. Mesmo com amargura, os 16 integrantes do colegiado decidirão tendo em vista os danos causados ao Senado pelo episódio envolvendo Demóstenes e o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Quanto mais rápido  solucionarem a crise, melhor para todos. 

Um comentário:

  1. O defensor de Cachoeira é o ex ministro petista Márcio Tomaz Bastos, o mesmo que defende os réus do mensalão. Não é muita coincidência? Ai tem....

    Caiu nas mãos da juíza Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça, o pedido de habeas corpus impetrado pelo criminalista Márcio Thomaz Bastos. Ex-ministro da Justiça do governo Lula, Bastos negociou por R$ 15 milhões a assessoria jurídica ao contraventor, que está detido num presído de segurança máxima em Mossoró (RN). O valor foi dividido em três parcelas iguais, das quais a primeira já foi paga.

    A curiosidade é que o pedido de habeas corpus caiu nas mãos da juíza Laurita Vaz, que, assim como Cachoeira, é goiana. Outra coincidência: ela nasceu na pequena Anicuns, a mesma cidade natal do senador Demóstenes Torres. Ambos se formaram na mesma universidade: a PUC de Goiás.

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