Começa lentamente (ainda é pouco), mas não há como deixar de registrar, destacar e aplaudir o rompimento da autocensura imposta pela mídia às relações de parte dos veículos de comunicação - particularmente da revista Veja - com o crime organizado. Começou pela TV Record já há algum tempo, a revista Carta Capital desta semana, a Ombudsman na Folha de S.Paulo neste domingo...
Antes deles furarem este cerco, mesmo cobrindo os preparativos para instalação e o início do funcionamento da CPI do Cachoeira, os veículos de comunicação mantiveram o máximo silêncio sobre o jornalismo criminoso que vários deles - Veja à frente, insisto - praticaram.
Como constatou ontem a Ombudsman da Folha, Suzana Singer, no período que antecedeu a instalação e na cobertura da CPI em funcionamento "já se levantaram suspeitas sobre governadores, senadores, deputados, policiais, empresários, mas reina um silêncio reverente no que tange à própria mídia".
Em pelo menos dois casos, tudo ilegal no comportamento de Veja
A ombudsman, inclusive, registrou em sua análise de ontem o editorial publicado por Veja (só em seu online), no qual a revista se defende do jornalismo de esgoto que faz dizendo: "ter um corrupto como informante não nos corompe".
Suzana Singer assinala, ainda, que, "do que veio a público até o momento, não há nada de ilegal no relacionamento "Veja"-Cachoeira. O paralelo com o caso Murdoch, que a blogosfera de esquerda tenta emplacar, soa forçado, porque, no caso inglês, há provas de crimes, como escutas ilegais e a corrupção de policiais e autoridades".
Tem provas sim. É tudo ilegal no comportamento de Veja, pelo menos em dois casos: na tentativa de um repórter seu invadir o apartamento em que eu morava no Hotel Naoum, conforme consta do boletim de ocorrência que o próprio hotel fez em Brasília; e na "plantação" de nota na coluna Radar sobre o Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT), caso em que a revista se pôs a serviço de Carlos Cachoeira e da Delta.
É censura pura negar ao leitor o conhecimento dos fatos
De resto, quem deve analisar se há ou não crime nas relações da Veja com o empresário da contravenção Carlos Cachoeira e com o senador Demóstenes Torres (ex-líder do DEM, do qual se desfiliou há duas semanas) é o leitor e não o censor sentado na cadeira de editor ou de proprietário de veículo de comunicação.
Muito menos os jornalistas envolvidos com a dupla Cachoeira-Demóstenes Torres. É censura pura negar ao leitor o conhecimento dos fatos, como faz a maior parte da mídia desde o estouro do escândalo. Ou pior, uma ofensa ao leitor que é tratado como impossibilitado de distinguir o jornalismo investigativo da relação criminosa em busca da notícia com objetivo político e de poder.
Vejam a análise de Carta Capital desta semana A mídia, a direita e o jornalismo de esgoto , que publiquei no sábado; a mais recente reportagem em que a TV Record escancara a relação promíscua de parte da mídia com o crime organizado; a coluna de ontem da ombudsman da Folha de S.Paulo Tema proibido; e o post abaixo O maior perigo que corre a liberdade de imprensa no Brasil.Antes deles furarem este cerco, mesmo cobrindo os preparativos para instalação e o início do funcionamento da CPI do Cachoeira, os veículos de comunicação mantiveram o máximo silêncio sobre o jornalismo criminoso que vários deles - Veja à frente, insisto - praticaram.
Como constatou ontem a Ombudsman da Folha, Suzana Singer, no período que antecedeu a instalação e na cobertura da CPI em funcionamento "já se levantaram suspeitas sobre governadores, senadores, deputados, policiais, empresários, mas reina um silêncio reverente no que tange à própria mídia".
Em pelo menos dois casos, tudo ilegal no comportamento de Veja
A ombudsman, inclusive, registrou em sua análise de ontem o editorial publicado por Veja (só em seu online), no qual a revista se defende do jornalismo de esgoto que faz dizendo: "ter um corrupto como informante não nos corompe".
Suzana Singer assinala, ainda, que, "do que veio a público até o momento, não há nada de ilegal no relacionamento "Veja"-Cachoeira. O paralelo com o caso Murdoch, que a blogosfera de esquerda tenta emplacar, soa forçado, porque, no caso inglês, há provas de crimes, como escutas ilegais e a corrupção de policiais e autoridades".
Tem provas sim. É tudo ilegal no comportamento de Veja, pelo menos em dois casos: na tentativa de um repórter seu invadir o apartamento em que eu morava no Hotel Naoum, conforme consta do boletim de ocorrência que o próprio hotel fez em Brasília; e na "plantação" de nota na coluna Radar sobre o Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT), caso em que a revista se pôs a serviço de Carlos Cachoeira e da Delta.
É censura pura negar ao leitor o conhecimento dos fatos
De resto, quem deve analisar se há ou não crime nas relações da Veja com o empresário da contravenção Carlos Cachoeira e com o senador Demóstenes Torres (ex-líder do DEM, do qual se desfiliou há duas semanas) é o leitor e não o censor sentado na cadeira de editor ou de proprietário de veículo de comunicação.
Muito menos os jornalistas envolvidos com a dupla Cachoeira-Demóstenes Torres. É censura pura negar ao leitor o conhecimento dos fatos, como faz a maior parte da mídia desde o estouro do escândalo. Ou pior, uma ofensa ao leitor que é tratado como impossibilitado de distinguir o jornalismo investigativo da relação criminosa em busca da notícia com objetivo político e de poder.
Written simply and tastefully. It’s pleasant to read. Thank u.
ResponderExcluirGreat post, I enjoyed ready reading it, Keep posting good stuff like this.
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