Sobrou o quê, da Rio+20? Respondem os ranzinzas que não sobrou nada, já que o multilateralismo saiu pelo ralo, desprezado pelas nações mais ricas e até pela China, Rússia e Índia. O documento final e básico da conferência foi lamentável, destacando-se mais pelas omissões e pelo que não enfrentou.
Vale atentar para o reverso da medalha. Se ficou claro que os países mais desenvolvidos dão de ombros para as preocupações da maioria, negando-se até a examinar o financiamento de atividades ecologicamente corretas, também parece óbvio estarem isolados do resto do mundo. Não demora muito para que percam força nas próprias Nações Unidas, ou seja, implodirá o gargalo do Conselho de Segurança, tal como estabelecido desde 1945.
Numa palavra, virou o jogo. Quem estava na defensiva passa agora ao ataque. Os participantes do desenvolvimento sustentável poderão criar empecilhos cada vez maiores à dominação política dos poderosos, primeiro passo para quebrar a dominação econômica. Sonho de noite de verão? Pode ser que não.
Carlos Chagas
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