Ciro Gomes: Aécio cometeu um erro primário


Ciro Gomes (PSB) declara-se “decepcionado” com Aécio Neves (PSDB). Responsabiliza-o pelo desembarque do PT do prejeto reeleitoral de Márcio Lacerda (PSB), prefeito de Belo Horizonte.
Tido como aliado eventual de Aécio em 2014, Ciro declara-se desde logo um apoiador de Dilma Rousseff. Sem mencionar o nome de Eduardo Campos (PSB), refuge-lhe as pretensões presidenciais.
Para Ciro, o PSB teve sua chance de disputar o Planalto em 2010, quando ele frequentava o rol de candidatos com o segundo melhor desempenho nas pesquisas. Escanteado por Eduardo, presidente do PSB, Ciro como que dá o troco.
“Temos uma obrigação moral com a presidenta Dilma. Nossa vez de ter lançado candidato próprio era na vez passada”, disse Ciro, numa entrevista ao repórter Lauriberto Braga. Se quiser entrar no jogo agora, ele declarou, o PSB deve entregar imediatamente os cargos que ocupa no governo. Disponível aqui, a entrevista vai reproduzida abaixo:
 A Operação BH pode prejudicar a aliança do PSB com o PT em 2014? Nós compreendemos, guardando aí a história do Brasil, que eleição municipal é episódio que por regra se exaure por si mesmo. Claro que desgastes, mal-entendidos, tristezas e frustrações podem gerar consequências futuras. Mas, em Belo Horizonte, está acontecendo um caso muito específico que é consequência de um erro, na minha opinião primário, que o Aécio Neves cometeu.
 Que erro foi esse? Eu disse a ele, quando fomos conversar, que ele cometeu um erro primário. O Aécio resolveu sair de uma posição que o distinguia, que o elevava, que o punha em alto nível, sendo talvez a única exceção do Brasil a partir de Belo Horizonte, onde a conflagração estéril e miúda entre o PT e PSDB imposta por São Paulo ao Brasil mostrava que era possível fazer diferente. E isso produziu como consequência uma convergência com o PSB e uma administração de melhor avaliação do País. Portanto, não só a qualidade política distinguiu o Aécio nessa aliança, como a consequência desse gesto, vamos dizer generoso, político superior, de alto nível, produz a melhor administração em capitais do Brasil. Isso credenciava o Aécio a ser considerado de forma distinta pelo exemplo, menos pela retórica. E ele, inacreditavelmente, acho que por influência da alienação política que Brasília provoca nas pessoas, resolveu forçar a mão em cima do Marcio Lacerda para provocar o fim da aliança com o PT e precipitar em Belo Horizonte uma disputa completamente extemporânea, descabida, pela Presidência da República.
 A conversa que o senhor teve com Aécio Neves respinga em 2014? Minha afeição, meu apreço, meu respeito, meu carinho pelo Aécio não mudam. Mas eu preciso dizer em alto e bom som que fiquei muito decepcionado com este movimento dele.
 O senhor não apoiaria mais Aécio para presidente do Brasil em 2014? Nós nunca tivemos uma relação fora de Minas Gerais. Se o Aécio fosse candidato à Presidência da República numa certa circunstância, no passado, eu admitiria votar nele, porque acho que ele seria importante para o Brasil nessa circunstância de exemplo de político. Mas esta confrontação estéril, despolitizada, entre o PT e o PSDB de São Paulo tem provocado muita coisa ruim no Brasil. Quando Fernando Henrique Cardoso tomou posse, ele era claramente uma novidade importante para o país. O PT se recusa a apoiar o Fernando Henrique e ele se abraça com o PFL e o PMDB. Não propriamente com os partidos, mas com a escória desses partidos. Em seguida o Lula ganha a Presidência da República. O PSDB então, incrivelmente, se recusa a dialogar com Lula. E Lula se obriga a confraternizar, de novo, com a escória da política brasileira. De maneira que o que muda do PSDB para o PT é só a escória que não sai do poder no Brasil.
 Como será a disputa em 2014? Na minha opinião, nós temos uma obrigação moral com a presidenta Dilma. Nossa vez de ter lançado candidato próprio era na vez passada. Porque não havia uma candidatura natural. O Lula encerrava um ciclo. Eu tinha o segundo lugar nas pesquisas. Como percebemos o movimento contra a minha pessoa e fui da opinião de votar logo no primeiro turno na Dilma, agora participamos do governo da Dilma e eu cultivo a lealdade.
 Só 2018, então? É. Uma vocação natural do partido é disputar. E podemos até disputar em 2014, mas temos que sair publicamente agora do governo e dizer qual o projeto melhor que temos para oferecer ao povo brasileiro. Mas agora estamos apoiando é a Dilma.
 E a eleição em Fortaleza? Nós, liderados pelo governador Cid Gomes, nos esforçamos até a undécima hora para votar num candidato do PT, desde que tivesse autonomia em relação à atual administração e pudesse sinalizar respeitosamente para Fortaleza que o clamor por mudança seria atendido. Infelizmente não conseguimos, pois os companheiros do PT não convenceram a prefeita, que tem o controle da burocracia, e isso nos levou a romper com a obrigação de apoiar o candidato do PT.

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