Faz algum tempo que a palavra crise não aparece no noticiário político, ao contrário do que aconteceu durante todo o primeiro ano de governo de Dilma Rousseff, na época da chamada "faxina", quando a presidente teve que demitir oito ministros acusados de irregularidades diversas.
Desta vez, a presidente Dilma Rousseff agiu de forma fulminante para espantar uma nova crise envolvendo denúncias sobre uma rede de corrupção no governo federal.
Supreendida pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, deflagrada na sexta-feira, Dilma não esperou o fim de semana passar.
Convocou ministros para uma reunião de emergência no sábado, no Palácio da Alvorada, e determinou a demissão ou afastamento imediato dos funcionários denunciados, entre eles a chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, e o advogado-geral-adjunto da União, José Weber Holanda Alves.
Demitir Rosemary, funcionária indicada no começo do primeiro governo do ex-presidente Lula e mantida no cargo por Dilma a pedido do ex-presidente, indiciada pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento com uma quadrilha que traficava pareceres técnicos de orgãos públicos, foi a decisão mais delicada tomada pela presidente até agora.
E foi mais um sinal de que ela continua implacável com os autores de "malfeitos", como costuma dizer, quaisquer que sejam os seus nomes e ligações políticas. "Se ela faz isso com uma indicada de Lula, imagina o que não fará com um dos nossos", comentou um preocupado ministro do PMDB, segundo a coluna Painel publicada na "Folha" desta segunda-feira.
Entre os 18 indiciados pela Polícia Federal, oito são servidores públicos e cinco estão presos. É mais uma demonstração de que as instituições estão funcionando plenamente no país, um dos motivos que podem explicar a alta popularidade do governo, apesar das dificuldades vividas pelo PT em consequência do julgamento do mensalão.
Prova disso é a pesquisa espontânea do Ibope sobre a sucessão presidencial, divulgada no último fim de semana, em que Dilma aparece com 26% das intenções de voto, pela primeira vez à frente do ex-presidente Lula (19%) e bem distante dos possíveis candidatos da oposição, José Serra (4%) e Aécio Neves (3%).
Dos 2002 eleitores ouvidos pelo Ibope entre 8 e 12 de novembro, 55% indicaram espontâneamente a sua preferência _ e 4 entre cada 5 eleitores citaram os nomes de Dilma ou Lula.
O saldo positivo do governo de Dilma saltou 19 pontos entre julho de 2011, no meio da "faxina", e setembro deste ano, com o índice de bom e ótimo passando de 48 para 62 pontos percentuais.
A 22 meses da sucessão, a presidente eleita com o apoio decisivo do ex-presidente Lula, que deixou o governo com mais de 80% de popularidade, ganha agora vôo próprio para enfrentar as turbulências que vêm pela frente no caminho da reeleição.
À oposição só resta repetir um velho ritual cada vez que aparecem denúncias envolvendo membros do governo: convocar ministros e pedir explicações. Só que Dilma chegou antes e antecipou as providências.
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