A infame campanha pelo apagão de energia, por José Dirceu
Especialista em montar campanhas contra o governo, a grande imprensa se alvoroçou nas últimas semanas em uma cobertura pouco realista e nada objetiva acerca do cenário energético brasileiro.
Valendo-se de um discurso alarmista, recheado de imprecisões, os jornalões de sempre deixaram patente sua torcida pelo racionamento ou até mesmo pela interrupção do fornecimento de energia, enfim, por qualquer situação caótica que confirme suas teses descabidas. É a campanha pelo apagão.
Fazem propositadamente uma avaliação deturpada dos fatos, a fim de colocar em xeque a credibilidade das declarações feitas pelo governo de que não estamos sob risco de racionamento ou apagão.
Chegaram até mesmo a levantar a falsa ideia de que os tais “problemas decorrem da redução do valor da conta de luz” uma medida enfrentada de forma prioritária pelo governo, mas que nem se concretizou ainda.
Tudo isso para produzir uma situação de insegurança que acaba gerando consequências negativas.
Por exemplo, depois de noticiarem a realização de uma “reunião de emergência do setor elétrico”, ações de 35 empresas de energia sofreram quedas abruptas na Bovespa, perdendo bilhões em valor de mercado.
A tal reunião, como foram obrigados a esclarecer depois, não tinha nada de emergencial ou extraordinária e estava pré-agendada desde dezembro do ano passado; uma reunião de praxe, realizada todos os meses pelos órgãos competentes ligados ao setor de energia.
Como frisou o jornalista Luis Nassif recentemente em seu blog, informações incorretas como esta, além de provocar oscilações nas cotações de ações do setor no mercado, podem levar empresas a suspender investimentos e até mesmo adotar planos de contingência.
Como parte de sua estratégia falaciosa para persuadir o púbico da iminência de racionamento, jornais e noticiários de TV exibem imagens de reservatórios com volume aquém da capacidade, sem explicar, entretanto, que atualmente nosso sistema se constitui de fontes diversas de produção de energia.
Por isso, apesar da seca que castiga o Nordeste, reduzindo as reservas do sistema hidrelétrico da região para 31,6% de sua capacidade, e da região Norte para 41,2%, o deficit é suprido acionando-se o sistema térmico.
Como esclareceu o secretário executivo do ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, o sistema hidrotérmico brasileiro encontra-se equilibrado hoje.
Não temos problemas de geração e ou transmissão de energia, como ocorria em 2001.
O Brasil ainda pode contar no curto prazo, com mais mil megawatts de capacidade instalada em térmicas que podem ser acionadas emergencialmente.
Além disso, nunca se investiu tanto em geração de energia como atualmente. Temos três grandes hidrelétricas sendo construídas - Jirau, Santo Antonio e Belo Monte - e investimentos massivos em linhas de transmissão e geração de novas energias, como eólica, solar e biomassa.
Desta forma, apesar do problema real, que é o baixo índice pluviométrico em todo o país, não há por que se falar em apagão.
Além disso, com as fortes chuvas desta semana nas regiões Sul e Sudeste, a situação dos reservatórios já começa a melhorar, especialmente na área do Triângulo Mineiro.
Contudo, até que a situação se normalize, as termelétricas funcionam a plena carga, garantindo a energia necessária ao país.
Mas o movimento deliberado para criar uma crise de energia inexistente foi desmontado até mesmo pelo ministro de Minas e Energia de FHC em 2001, ano do apagão, Luiz Rodolpho Tourinho, que em artigo publicado há poucos dias desconsiderou a possibilidade de racionamento de energia, afirmando ser incomparável a situação atual ao cenário de 2001.
De acordo com o ex-ministro, o que vem sendo discutido equivocadamente são os níveis dos reservatórios, quando o importante é que se avalie a capacidade de geração térmica, que subiu muito nos últimos anos.
Tourinho lembra que em 2001 não se tinha capacidade de geração térmica, nem mesmo um programa emergencial como o atual, capaz de garantir o abastecimento quando os reservatórios estão em baixa.
Por todas essas razões, fica patente que a histeria da grande mídia e da oposição não tem base, assim como não se sustentam suas especulações irresponsáveis sobre a suposta crise energética no país.
Assim, a campanha pelo apagão é mais um exemplo acabado do desserviço que prestam ao país, omitindo a verdade e distorcendo fatos, em uma ação orquestrada para atacar o governo e as reformas tão importantes que estão em curso no Brasil.
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